a partir de maio 2011

quarta-feira, 30 de maio de 2012

CONSIDERAÇÕES BREVES SOBRE ALGUMAS QUESTÕES RELACIONADAS À CONDUTA SEXUAL

Ademir Xavier


A questão do homossexualismo ou outras formas de expressão da sexualidade precisa receber atenção devida. Estamos longe das épocas de banimento, exclusão. O Espiritismo abomina toda e qualquer forma de desprezo, preconceito ou marginalização, tanto no que diz respeito à questão da opção sexual como o de qualquer outro (inclusive religiosa). No Espiritismo, não existem rituais como batizado, casamento, celibato. Essas são práticas humanas, importadas de diferentes religiões e culturas ao longo da história, que macularam o Cristianismo e que, hoje, se apresentam como necessidades atávicas das grandes coletividades humanas.
 
Assim, por lógica, é razoável esperar que a visão espírita seja primariamente de tolerância, visão que nasce da compreensão de que todos (sem exceção) somos criaturas que erraram no passado, continuam errando e acertando, e que aqui nos encontramos com o objetivo de aprimoramento e aprendizado. Não existe `castigo' nas leis divinas, que apenas codificam as consequências para cada um dos atos realizados. Embora saibamos que somos seres livres desde que nascemos (não existe `pecado original'), temos também a certeza de que a `semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória', como, aliás, já podemos ver todos os dias, através das consequências de curto prazo de nossos atos ao longo da vida. A lei, entretanto, não especifica um período de tempo máximo em que determinado reajuste deva ocorrer, e isso explica as grandes constrições de natureza expiatória que vemos na sociedade. Isso é fonte de grande alegria, pois começamos a compreender o real significado da vida.
 
Inexiste qualquer carga de natureza cármica, a meu ver, nessa ou naquela opção sexual, que cai, entretanto, sobre as consequências dessa opção, ou seja, nos atos que, podem ser motivo de `escândalo' ou não. Assim, o mal é sempre o mal seja devido a atos heterossexuais ou não e, por lógica, deverá gerar consequências proporcionais à intensidade de `escândalo' que causar.
 
Mas, devemos nos lembrar que não temos acesso ao que ocorre dentro de cada um. O fenômeno psicológico é fundamentalmente apreendido indiretamente, ou seja, através das consequências dos atos ou das posturas, e que podemos apenas `teorizar' sobre as causas internas que geram esse ou aquele comportamento. Tratam-se assim de ocorrências privadas a cada um. Por causa disso, não temos condições de julgar quem quer que seja. Temos a certeza, porém, que uma lei atua, embora inacessível publicamente.
 
Feita essa introdução, existem, a meu ver, várias razões profundas para a homofobia principalmente nos círculos religiosos, e principalmente, os mais fundamentalistas. Há a aparente reprovação bíblica dessa expressão sexual, que aparece sempre na superfície. Há o medo (talvez irracional) de que a propaganda do homossexualismo possa alastrá-lo, ou seja, que ele seja `contagioso'. Pode haver também, nas profundidades psicológicas de certos indivíduos - principalmente fundamentalistas extremados - um sentido homossexual reprimido que abomina veementemente a prática no nível consciente. Como dissemos, não temos acesso ao que ocorre dentro de cada um.
 
O fenômeno das variadas formas de expressão sexual deverão ser tratadas dentro dos padrões da lógica, do bom senso, da compreensão e da boa vontade, para que não venhamos a cometer injustiça e nos tornemos, nós próprios, árbitros indevidos de uma lei que já existe e que não temos condições de compreender. O que torna ridículos certos atos de religiosos fanáticos é se arvorarem a representantes da lei, o famoso `espírito farisaico', a hipocrisia disfarçada em santidade. Se existe um Deus, sendo ele todo Poderoso e Onisciente, ele certamente prescinde de nossa opinião e ponto de vista. Se existe um Deus, sendo ele o Criador de tudo que existe, certamente ele não necessita de nosso apoio na defesa de opiniões pretensamente corretas com aquilo que se acredita que `Ele disse'.  Sua lei, sendo justa, deve cobrir a todos, indistintamente, sem considerações por crenças ou opiniões.
 
Fazemos assim uma boa defesa da Religião verdadeira ao abraçarmos a lógica e compreendermos que nada podemos fazer, a não ser dar nossa contribuição para se reduza o sofrimento de tantas pessoas que estejam nessa ou naquela condição sexual.
 
Em relação ao período infanto-juvenil:
 
As crianças, com distúrbios sexuais transitórios perfeitamente superáveis, poderão ser privadas de poderosos estímulos, que lhes permitiriam acesso a outro estilo de vida, mais feliz, e com possibilidades reais de crescimento evolutivo?
 
Como não temos acesso ao psiquismo interno dos indivíduos, não vejo como acreditar que eles sejam `perfeitamente superáveis'. Pode ser que, pela análise de vários casos, cheguemos à conclusão que isso é possível, mas para um indivíduo em si, nada poderemos prever. É difícil, porém, teorizar sobre se isso seria uma `privação desses estímulos' realmente, ou sobre se `outros estilos de vida' mais `felizes' existiriam. A mim, a complexidades envolvidas na vida de cada um, as diferentes fontes de estímulo ou situações aparentemente ocasionais não permitem que cheguemos a conclusões como essa da questão exposta. Certamente, se isso for verdade para um grupo de indivíduo, bem poderá não ser para outro. De resto isso pode fazer parte do programa expiatório do indivíduo, por ele escolhido livremente antes de seu nascimento.
 
Questionamento com visão espírita (Lei de Causa e Efeito):
 
Se a situação for acidente de percurso e não houver esforço para retornar ao equilíbrio, haverá agravantes no futuro?
 
Haverá agravantes para o futuro, nas condições expostas pela pergunta, tanto quanto alguém pode se comprometer por não saber se conduzir diante de uma fatalidade que, sabemos, se apresenta como prova.  Importante dizer, que as conclusões dessa questão não dependem se o agravamento se deve a conduta sexual ou a qualquer tipo de má conduta (ética, física e, porque não dizer, ambiental...).
 
Se for reencarnação expiatória e não houver esforço de transformação - repetir-se-ão os mesmos erros, com agravantes?
 
Sim, tal como o suicida que, reencarnando mais de uma vez e sempre experimentando os mesmos estímulos que o levaram a cometer o seu ato, acaba se agravando cada vez mais. O importante aqui é saber separar entre o ato e o `escândalo' provocado pelo ato. Se a tentativa de suicídio não resultasse na consumação do ato (como muitas vezes acontece) não há consequência. De novo, o problema tem a ver com as consequências dos atos, mais do que com os atos em si, assim, não existe dependência com a via pela qual o ato é realizado (se é por sexo, conduta ética etc).  Não devemos pensar porém - como sempre ocorre nessas situações - que o Espírito seja `levado' pelos estímulos a cometer o ato pernicioso, ou seja, estamos aqui diante de uma situação que se assemelha ao fatalismo. O Espírito é sempre livre para escolher o que quer e, frequentemente, pode escolher também um programa de vida que o leve a enfrentar desafios maiores, daí porque ele deve enfrentar esses estímulos.
 Portal A ERA DO ESPÍRITO
 
 
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