Autor do livro "A Bíblia à Moda da Casa" - Fev. 2004
A maior ignorância é a que não sabe e crê saber, pois dá origem a todos os erros que cometemos com nossa inteligência. (SÓCRATES).
Tão surpreendente quanto a naturalidade das pessoas em emitirem juízo sobre algo que pouco sabem, é seu desinteresse em melhor informarem-se. (LOEFFLER).
Basta um único corvo branco para provar que nem todos são negros. (LOEFLLER).
Introdução
Nessa era
da informática em que atualmente
vivemos, com os computadores se
proliferando por todos os lados unindo
as pessoas, trouxe, via de conseqüência,
entre os internautas inúmeros debates
sob os mais variados assuntos. Assim,
podemos constatar uma enorme quantidade
de sites onde existem os Fóruns, local
desses debates. Embora louvável a idéia,
estranhamos ver que alguns desses Fóruns
estão na verdade servindo para que
determinadas pessoas tenham a
oportunidade de ficarem atirando pedra
em telhado de vizinho.
Muitos
participantes estão mais preocupados em
fazer os outros verem as coisas sob sua
ótica que realmente fazer um debate
sério, onde deveria, primordialmente,
prevalecer a cortesia e o respeito ao
pensamento alheio. Têm aparecido muitos
donos da verdade, que querem que os
outros pensem exatamente como eles,
ficam até irritados quando não conseguem
isso, descambam para as agressões,
ocorrência comum aos que não possuem
argumentos convincentes. É um paradoxo,
não oferecem base lógica e racional em
apoio a seu ponto de vista, mas mesmo
assim acham que os outros devem aceitar.
Por outro
lado, nesses Fóruns, indivíduos têm se
apresentado sem o mínimo conhecimento
daquilo que se propõem a debater,
demonstrando categoricamente não terem
as imprescindíveis condições para o
debate, já que não conhecem o mínimo do
assunto em foco.
Estão
eles, nos casos de assuntos religiosos,
se tornando porta aberta aos fanáticos,
estes cegos que não suportam que as
pessoas pensem diferente deles, daí
ficam a vociferar contra a opção
religiosa das outras pessoas, o que a
nosso ver, é um desrespeito ao direito
sagrado de cada indivíduo em seguir o
que achar melhor para si. Direito esse
tão importante que está consagrado na
Constituição Brasileira. "Tudo o que
vocês desejam que os outros façam a
vocês, façam vocês também a eles”
(Mt 7, 12) disse-nos Jesus, numa clara
alusão a que o direito de cada um vai
até onde começa o do outro.
Vejamos, então, o que foi
colocado num desses Fóruns, na Internet.
A questão proposta
A questão proposta
Postaram o seguinte:
Autor: Thiago em 01/08/2003, 14:29:25 (e-mail não disponível)
Autor: Thiago em 01/08/2003, 14:29:25 (e-mail não disponível)
Se os
espíritos de luz podem psicografar
livros, como Allan Kardec psicografou um
monte, pq os Espíritos de luz como a
Virgem Maria, os Apóstolos, o próprio
Jesus nunca psicografou um livro por
que? Onde está na Bíblia algo sobre
livros psicografados?
Primeiramente identificamos nessa fala
que o autor realmente nada conhece de
Espiritismo, pois se conhecesse saberia
que Kardec não psicografou sequer um só
livro. Os livros que publicou além de
respostas dadas pelos Espíritos por meio
de vários médiuns, provenientes de
vários lugares, contêm também sua
opinião pessoal, fruto da observação e
da experimentação. Kardec sempre separou
o que provinha dele próprio daquilo que
veio por via mediúnica através dos
médiuns que utilizou para obter as
respostas aos seus questionamentos. Como
pedagogo, discípulo de Pestalozzi,
imprimiu nessa obra seu caráter de
professor e homem de ciência que era.
A
pergunta “pq os Espíritos de luz como a
Virgem Maria, os Apóstolos, o próprio
Jesus nunca psicografou um livro por
que?”, devemos esclarecer, se entendemos
bem o questionamento, que, em verdade,
os Espíritos não psicografam, eles
transmitem seu pensamento ao médium,
esse sim é quem psicografa. Mas é bom
que se diga, que a mediunidade não se
restringe apenas ao fenômeno da
psicografia, assim, podemos afirmar, com
base na Bíblia, que os fenômenos
mediúnicos estão lá para quem tiver
olhos de ver. O que não acontece com os
fanáticos, é claro.
Se entre
os que se encontram vivos existe a
telepatia, por que não poderia haver
entre os espíritos e nós? Ou será que
após a nossa morte deixamos de pensar?
Mas não foi Jesus quem afirmou ser o Pai
“Deus de vivos” (Mt 22,32). Se assim
for, teremos que conservar a nossa
individualidade como ser pensante após
passarmos para o outro lado.
Aos
estudiosos da Bíblia é fácil citar o
episódio em que o rei Saul vai a Endor e
pede a uma pitonisa para evocar o
Espírito Samuel, que aparece e lhe diz
de sua eminente derrota frente aos
filisteus, inclusive que nessa batalha o
rei e seus filhos pereceriam, o que de
fato ocorreu (1 Sm 28). E aos que possam
argumentar que foi o demônio que se
manifestou, pedimos que nos provem isso.
Entretanto, na própria Bíblia
encontramos a confirmação do fato, é só
ler em Eclesiástico a afirmativa que
Samuel mesmo depois de morto profetizou
(46, 20), abstraindo-se de que na
narrativa anterior isso já está
confirmado.
E talvez
a passagem mais importante, normalmente
nunca mencionada pelos fanáticos, é
aquela sobre a transfiguração de Jesus
no monte Tabor, onde na companhia de
Pedro, Tiago e João, conversa com os
Espíritos Moisés e Elias (Mt 17, 1-9). E
como em certa oportunidade Jesus disse
que poderíamos fazer o que ele fez e até
mais, então de que lado reside a
incoerência?
Poderemos
também, para confirmar a comunicação com
os espíritos, afirmar o fato que sempre
alegam de que Deus proibiu a evocação
dos mortos, daí podemos concluir que
existe a possibilidade, caso contrário,
estaremos afirmando que Deus está
proibindo algo que não pode acontecer,
um absurdo não é mesmo?
Agora se
a Virgem Maria, os Apóstolos e Jesus não
querem utilizar um médium para se
comunicarem conosco através da
psicografia, com certeza devem ter lá os
seus motivos. O primeiro deles
acreditamos seria que não lhes dariam
créditos. Uns falariam que os mortos não
se comunicam, outros que só pode ser
obra de satanás, enfim, fora os
espíritas, quase ninguém mais
acreditaria. Mas se não houvesse
preconceito e nem fanatismo, os que têm
olhos de ver veriam que isso já ocorreu,
é só estudar os livros da codificação
Espírita, que se encontrarão mensagens
assinadas por algum deles.
A
pergunta seguinte: “Onde está na
Bíblia algo sobre livros psicografados?”
é típica de fanático religioso que pensa
que o que não está na Bíblia não existe.
Se seguirmos essa mesma linha de
raciocínio, podemos dizer que a clonagem
não existe, que uma sonda espacial não
pousou em Marte, que a Internet é ilusão
demoníaca, que só doido acredita que uma
pessoa possa falar com outra a milhares
de quilômetros de distância, etc e
muitos etc mais.
Apesar
disso, podemos dizer que existe sim. Na
Bíblia podemos citar livro psicografado,
entretanto só o perceberá quem tiver
conhecimento suficiente dos fenômenos
mediúnicos para poder identificá-lo.
Como nem todos podem fazer isso,
permitimo-nos apresentá-lo. Trata-se do
livro Apocalipse, escrito por João.
Reportemos a LOEFFLER: “Basta um único
corvo branco para provar que nem todos
são negros”. Leiamos:
“Eu, João, irmão e
companheiro de vocês neste tempo de
tribulação, na realeza e na perseverança
em Jesus, eu estava exilado na ilha de
Patmos, por causa da Palavra de Deus e
do testemunho de Jesus. No dia do
Senhor, o Espírito tomou conta de mim. E
atrás de mim ouvi uma voz forte como
trombeta, que dizia: ‘Escreva num livro
tudo o que você está vendo. Depois mande
para as sete igrejas: Éfeso, Esmirna,
Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e
Laodicéia’”
(Ap 1, 9-11).
Mais à
frente, vamos encontrar João afirmando:
“Depois de escrever as cartas às
igrejas, eu, João, tive uma visão. ...”
(Ap 4.1).
Perguntamos como uma pessoa
“simples e sem instrução”, como
está dito de João (At 4,13), pode
escrever alguma coisa? Obra do Espírito
Santo? Ótimo: incontestavelmente um
fenômeno mediúnico, seja lá ele quem
for. Mas a narrativa bíblica nos fala
que foi o próprio Jesus, obviamente em
espírito, quem estava fazendo as
revelações a João.
“O Espírito tomou conta
de mim”, em
outras palavras o Espírito sintonizou
ou, como se diz popularmente, incorporou
em mim.
“Escreva num livro”, quer dizer
psicografa um livro.
Entretanto, alguém poderá
dizer: mas na minha Bíblia não está
dessa maneira. É um fato. Só que achamos
muito curioso que
“a palavra” de Deus tenha versões
diferentes, já que as Bíblias apresentam
narrativas divergentes para o versículo
10. S. Jerônimo, o autor da Vulgata
declarou:
“A verdade não pode existir em coisas
que divergem”, deixando-nos numa
situação difícil para sabermos onde está
de fato a narrativa verdadeira. Assim, é
que poderemos encontrar
“fui arrebatado em espírito”,
“fui arrebatado em êxtase”,
“fui levado em espírito” e
“fui movido pelo Espírito”. Essa
última levando ao leitor acreditar que
talvez esse Espírito seja o Espírito
Santo, em que acreditam. As outras
narrativas diz-nos da realidade do
afastamento do espírito de João, com a
conseqüente posse de seu corpo pelo
Espírito revelador, Jesus. Daí ser fácil
entender porque João mesmo sendo
iletrado escreveu, já que essa
ocorrência mediúnica se caracteriza como
uma mediunidade mecânica, onde o
espírito do médium é afastado do corpo,
para que o espírito comunicante o
utilize para dar a sua mensagem. Nesse
tipo de mediunidade o médium produz até
mesmo coisas além de seu conhecimento
atual, entretanto não guarda lembrança
dos fatos ocorridos nesse período, pois
não ficam gravados em sua memória
física.
Chico Xavier psicografou?
Chico Xavier psicografou?
Aos que
não sabem o mineiro do século, Chico
Xavier, cursou apenas até o antigo
quarto ano primário, e numa análise do
conteúdo do que produziu, por sua
mediunidade, podemos encontrar
conhecimento muito além de sua cultura
escolar. Conseguiu, em sua primeira obra
mediúnica, Parnaso do Além Túmulo,
psicografar 256 poesias de 56 autores.
Poesias essas perfeitamente
identificáveis com o estilo que
conhecemos dos poetas autores da
mensagem. Talvez quem sabe um gênio
conseguiria fazer isso, o que não era o
caso de Chico.
Um perito
em grafoscopia, Carlos Augusto
Perandréa, após analisar uma mensagem
recebida em italiano, língua que Chico
não conhecia, em comparação com escritos
dessa pessoa quando viva, atesta:
“A mensagem psicografada por Francisco
Cândido Xavier, em 22 de julho de 1978,
atribuída a Ilda Mascaro Saullo, contém,
conforme demonstração fotográfica (figs.
13 a 18), em ‘numero’ e em ‘qualidade’,
consideráveis e irrefutáveis
características de gênese gráfica
suficientes para a revelação e
identificação de Ilda Mascaro Saullo
como autora da mensagem questionada”
(pág. 56).
É bom que
se diga que após
“700 laudos técnicos, sem uma única
contestação em 25 anos de atuação,
proporcionam ao professor Perandréa,
conhecimento, capacidade e alta
credibilidade para estudar
imparcialmente e cientificamente a
psicografia” (Appoloni, C. R).
Um trecho
interessante narrado no livro Nosso
Amigo Chico Xavier:
“O outro
caso de xenoglossia ocorreu após
visitar, em companhia do Dr. Rômulo
Dantas, a fazenda de propriedade do Dr.
Louis Ensch, engenheiro luxemburguês,
fundador da Usina de Monlevade da
Companhia Belgo-Mineira, em Monlevade
(MG). Após o regresso, numa das suas
preces, recebe uma mensagem em
luxemburguês, endereçada ao engenheiro,
que ao lê-la foi tomado de grande
surpresa e admiração: estava escrita em
sua língua nacional, com tamanha
perfeição, que somente os intelectuais
de sua pátria estariam aptos a
compreendê-la.”
“Se faz
necessário notar que pouquíssimas
pessoas em nosso país falam o
luxemburguês. Seria necessário catá-las
a dedo, pois esta língua é falada em um
país europeu que possui uma população
total de 340.000 habitantes, o
equivalente à de nossa cidade litorânea,
Santos”.
Nesse
mesmo livro é citado um caso em que
Chico psicografou em inglês ao inverso,
fato pouco comum e inusitado para quem
não fala esse idioma.
São os fatos que apontam
para a veracidade da psicografia de
Chico Xavier, cuja obra perfazem para
mais de 400 livros, inclusive alguns
foram publicados em vários idiomas. Se
não são obras dos Espíritos deveríamos
então ter colocado o Chico para ocupar
um lugar na Academia Brasileira de
Letras.
Conclusão
Conclusão
O que
percebemos claramente é que por detrás
de tudo isso o que está se questionando
realmente é a possibilidade da
comunicação entre vivos e mortos.
Conforme já o dissemos
“Deus é Deus dos vivos”, assim
por que não poderia haver a comunicação
entre os dois planos da vida? Só porque
alguns teólogos acham que não? Mas e as
pesquisas sobre o assunto não valem
nada?
Poderíamos citar as pesquisas de Sr.
Willian Crookes e inúmeros outros
sábios, entretanto poderão apresentar
objeções relativamente à época de quando
foram feitas e outras mais. Mas não
iremos tão longe. Buscaremos, para
acrescentar ao que já dissemos, o
testemunho de um padre católico.
Exatamente, por ser um padre é que sua
opinião é importante, pois sabemos que
embora possa não ser a posição oficial
da Igreja Católica, quase todos os
padres dizem que a comunicação com os
“mortos” não é possível. O que achamos
muito estranho, pois não conhecemos
nenhum santo vivo, mas apesar disso os
católicos ficam a evocá-los, pedindo-os
para resolver seus problemas do
dia-a-dia. Apelam aos santos para
intercederem por eles junto a Deus, como
nós muitas vezes buscamos a ajuda de uma
pessoa para obter favor de uma outra
mais influente.
Diz-nos o
Pe. François Brune, pesquisador católico
da Transcomunicação Instrumental -
comunicação com os espíritos por meio
eletrônico:
“Interrogar sobre as origens, no
pensamento ocidental, desta recente
ideologia do nada, não é o meu
propósito. O mais escandaloso é o
silêncio, o desdém, até mesmo a censura
exercida pela Ciência e pela Igreja, a
respeito da descoberta inconteste mais
extraordinária de nosso tempo: o após
vida existe e nós podemos nos comunicar
com aqueles que chamamos de mortos”.
“Escrevi
este livro para tentar derrubar esse
espesso muro de silêncio, de
incompreensão, de ostracismo, erigido
pela maior parte dos meios intelectuais
do ocidente. Para eles, dissertar sobre
a eternidade é tolerável; dizer que se
pode vivê-la torna-se mais discutível;
afirmar que se pode entrar em
comunicação com ela é considerado
insuportável”.
“O padre
e teólogo que sou quis, como se diz,
certificar-se completamente da verdade.
Por que todos esses testemunhos deveriam
ser, a priori, considerados suspeitos?
Quando o conteúdo das mensagens e das
comunicações gravadas reúne, como eu
demonstro, os maiores textos místicos de
diversas tradições, existe nisso mais
que uma simples coincidência. Eu
acompanhei, pois, e estudei
apaixonadamente os resultados das
pesquisas mais recentes nesse campo. As
conclusões deste trabalho ultrapassaram
minhas previsões: não somente a
credibilidade científica das
experiências de comunicação com os
mortos encontra-se confirmada e não pode
mais ser posta em dúvida, mas a
prodigiosa riqueza dessa literatura do
além reanimou em mim o que séculos de
intelectualismo teológico haviam
extinguido”.
“Vox ‘patris’ Vox Dei”.
E ponto final.
http://www.aeradoespirito.netReferências bibliográficas:
Bíblia de Jerusalém, São Paulo, Paulus, 2002.
Bíblia Sagrada – Edição Pastoral, São Paulo, Paulus, 1990.
BRUNE, Pe. F. Os Mortos nos Falam, Sobradinho-DF, Edicel, 1991.
CHAVES, J.R. A Face Oculta das Religiões, São Paulo, Martin Claret, 2001.
COSTA E SILVA, L. Nosso Amigo Chico Xavier, São Paulo, Editora ALF, 1995.
LOEFFLER, C. F. Fundamentação da Ciência Espírita, Niterói, Lachâtre, 2003.
PERANDRÉA, C. A. A Psicografia à Luz da Grafoscopia, São Paulo, Editora Fé, 1991
Paulo da Silva
Neto Sobrinho, natural de Guanhães, MG, onde reside
atualmente, aposentou-se como fiscal de tributos pela Secretária
de Estado da Fazenda de Minas Gerais. Bacharelou-se em Ciências
Contábeis e Administração de Empresas pela PUC-MG (Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais), é palestrante e
articulista da Mídia Escrita Espírita e não Espírita, com vários
artigos publicados em um grande número de jornais e revistas,
entre eles o Jornal Espírita e o Semeador, ambos
pertencentes a Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP),
muitos dos quais poderão ser encontrados na Internet e
principalmente nesta HP - A ERA DO ESPÍRITO.
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