a partir de maio 2011

sexta-feira, 30 de março de 2012

Vícios: instrumentos das trevas

GEBALDO JOSÉ DE SOUSA
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)


Gebaldo José de Souza
    
Nunca te permitas a assimilação do vício, na suposição de que dele te libertarás quando queiras, pois que se os viciados pudessem querer não estariam sob essa violenta dominação.” 1

Vício: “s.m. deformidade, imperfeição, defeito físico ou moral.” (Caldas Aulete). Já o Aurélio, o define também como “(...) inclinação para o mal (Nesta acepção, opõe-se a virtude)”.
Os vícios podem ser físicos ou morais. Entre os primeiros estão: fumar, beber, usar drogas, a gula, o jogo, o sexo. Entre os segundos, egoísmo, orgulho, vaidade, inveja, ciúme, avareza, ódio, personalismo, maledicência, intolerância, impaciência, negligência, ociosidade.
Muitos, tidos por virtudes, são tolerados e estimulados pela sociedade, tal o atraso moral em que nos encontramos. No livroCartas e Crônicas” (capítulo 18), o Espírito Irmão X, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, fala-nos da bebida como VENENO LIVRE. A cobra é perseguida por todos os meios, mas o álcool...2
Aos domingos e feriados, ou em certas horas da noite, não conseguimos adquirir leite ou medicamentos, por não encontrarmos padarias e farmácias abertas, mas um bar... sempre o achamos rapidamente.
Estes fatos corriqueiros dizem da miséria moral de nossa sociedade dita “civilizada”.
Outro exemplo gritante: para o carnaval há recursos imensos (até governamentais, das três esferas), enquanto que para habitações, escolas e hospitais escasseiam as verbas...
Muitos passam fome, por não encontrarem quem lhes trabalho ou alimentos. Mas, para que outros tantos saciem suas paixões pelos vícios, há sempre quem lhes favoreça a aquisição da bebida, do fumo, do tóxico. Para o mal, há conivente condescendência. E quem não aceita o trago, o cigarro, é malvisto e ironizado, como se anormais fossem os abstêmios, os que cultivam hábitos saudáveis, numa incrível inversão de valores.
O papel do materialismo nos vícios
Daí a superlotação nas penitenciárias, nos sanatórios, nos hospitais... Além da agressão ao próprio corpo, ensejam os acidentes no trabalho, no trânsito; as enfermidades crônicas; os maus exemplos; as humilhações e sofrimentos atrozes; a desonra; o embrutecimento; as privações próprias e de familiares; a desestruturação dos lares; o abandono do lar, dos filhos; a perda do emprego, se empregado; a dificuldade em obter outro trabalho; as sequelas para os descendentes (sobretudo no caso das mães); o elevado custo para a sociedade; os roubos e os assassinatos...
É um rosário interminável de angústias. Sem falar no crime organizado, nas quadrilhas que se entredevoram e nos negócios escusos que movimentam bilhões pelo mundo afora, pois o mal é universal e o homem é o mesmo em toda a parte.
A dolorosa enumeração contém razões suficientes para que se eduque o homem, para libertá-lo de todos os vícios que o escravizam à dor, à penúria material e moral. E ninguém o fará por nós. É tarefa da sociedade como um todo. Mas aos pais e aos educadores cabe a parcela maior, pois a eles compete moldar-lhes o caráter.
O materialismo favorece a disseminação dos vícios, quer pela ignorância das responsabilidades pessoais e coletivas que geram, quer pelo atraso moral das criaturas. As consequências daí advindas recaem sobre a sociedade como um todo, por muitas gerações, cobrando elevados custos, sejam financeiros, sejam de dores morais inenarráveis, não para as vítimas, mas para familiares e amigos.
Muitos deles levam à prisão, à sarjeta, à morte prematura, à perda da dignidade, às tragédias. Mas todos, sem exceção, conduzem suas vítimas à infelicidade, à doença, ao sofrimento, à angústia, à amargura. E, quase sempre, aos familiares, eis que alguns seguem os maus exemplos observados. Há, no caso, um processo de deseducação, ainda que inconsciente. O egoísmo de quem busca saciar suas paixões não o deixa perceber os danos que causa aos circunstantes.
Quando o exemplo vem dos pais
pais que dão bebidas aos filhos, muitos deles alcoólatras em outras vidas e que retornaram ao campo físico em busca de regeneração... e são empurrados para a queda, ainda na infância, e, o que é mais grave, pelas mãos daqueles que se propuseram recebê-los no lar, para reeducá-los. E há pais que os põem a acender cigarros, viciando-os pouco a pouco. Além do mau exemplo, o incentivo ao erro.
Os obsessores, que os querem perder, para mantê-los sob o domínio do mal, contam, nesses casos, com a colaboração de pais ignorantes ou invigilantes.
Os pais, nesses casos, assumem responsabilidades gravíssimas e pagarão imensa cota de dores por essas falhas clamorosas. Para outros, a escravização ao vício supera o amor aos próprios filhos: sabemos de pais que os privam de alimentos, para comprar o cigarro ou a aguardente. E há outros que vendem os alimentos que lhes são doados por instituições beneficentes, para obterem o recurso que lhes satisfaçam os desejos malsãos.
Soubemos de um caso em que os rebentos dormiam no chão úmido, porque a cama fora alienada, para saciar a torpeza dos pais. Quantos móveis ganhassem, quantos vendiam, para o mesmo fim. E as crianças, no chão molhado, sujeitas às enfermidades e ao ataque de vermes e de outros insetos.
Os Espíritos nos advertem e orientam em muitas obras, nas quais se narra o trabalho de socorro que desenvolvem em favor dos sofredores. Algumas passagens:
HEREDITARIEDADE:
“O dipsômano não adquire o hábito desregrado dos pais, mas sim, quase sempre, ele mesmo se confiava ao vício do álcool, antes de renascer. E há beberrões desencarnados que se aderem àqueles que se fazem instrumentos deles próprios.” 3
RECUPERAÇÃO:
Na questão 909 de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec propõe aos Espíritos: “Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações? – Sim, e, frequentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah! quão poucos dentre vós fazem esforços! (Grifamos).
E na questão 913: “(...) Estudai todos os vícios e vereis que no fundo de todos existe egoísmo. Por mais que luteis contra eles, não chegareis a extirpá-los enquanto não os atacardes pela raiz, enquanto não lhes houverdes destruído a causa. Que todos os vossos esforços tendam para esse fim, porque nele se encontra a verdadeira chaga da sociedade.” 4
André Luiz informa-nos que “(...) o álcool (...) embriaga e aniquila os centros da vida física.5 E acrescenta que a Natureza esvaziará o cálice das ilusões das criaturas, poismil processos de reajuste para todos: a aflição, o desencanto, o cansaço, o tédio, o sofrimento, o cárcere e outros.
Quando não surtem efeitos, há “a prisão regeneradora”: “Há dolorosas reencarnações que significam tremenda luta expiatória para as almas necrosadas no vício. Temos, por exemplo, o mongolismo, a hidrocefalia, a paralisia, a cegueira, a epilepsia secundária, o idiotismo, o aleijão de nascença e muitos outros recursos, angustiosos embora, mas necessários, e que podem funcionar, em benefício da mente desequilibrada, desde o berço, em plena fase infantil. Na maioria das vezes, semelhantes processos de cura prodigalizam bons resultados pelas provações obrigatórias que oferecem (...)” 6
VÍCIOS E OBSESSÃO:
Desencarnados, escravos dos mais variados tóxicos, saciam seus desejos através dos encarnados, vampirizando-os, quando estes acham que estão a beber, a fumar, ou a usar drogas para si. Fazem-no para multidões invisíveis aos nossos olhos: “Junto de fumantes e bebedores inveterados, criaturas desencarnadas de triste feição se demoravam expectantes. Alguns sorviam as baforadas de fumo arremessadas ao ar (...) Outras aspiravam o hálito de alcoólatras impenitentes.” 6
FUGA:
Falando de Espíritos desencarnados perturbadores que vampirizam as criaturas invigilantes que se entregam às mais extravagantes paixões e viciações, André Luiz registra o que diz o mentor Calderaro: “Quanto a estes infortunados, que fazer senão recomendá-los ao Divino Poder? Tentam igualmente a fuga impossível de si mesmos. Alucinados, apenas adiam o terrível minuto de autorreconhecimento, que chega sempre, quando menos esperam, através dos mil processos da dor, esgotados os recursos do amor divino, que o Supremo Pai nos oferece a todos. A mente deles também está apegada aos instintos primitivos, e, frágeis e hesitantes, receiam a responsabilidade do trabalho da regeneração.” 7
“Diante dos próprios conflitos, não tente beber ou dopar-se, buscando fugir da própria mente, porque de toda ausência indébita você voltará aos estragos ou necessidades que haja criado no mundo íntimo, a fim de saná-los.” 8 (Destacamos.)
A oração e sua importância
O consumo de drogas assume proporções gigantescas, nos dias atuais. O vício grassa tanto em países ricos quanto nos pobres; no meio das mais diversas camadas sociais. Parece não haver fronteiras para o mal, que mobiliza recursos vultosos, em todo o mundo. A insensatez e a ousadia de traficantes não têm limites. Diariamente jornais e noticiários da televisão focalizam suas ações e as da polícia. E a essa tragédia humana, veio somar-se a Aids.
Só a conscientização, sobretudo dos jovens, pode libertá-los desse flagelo, mal aparentemente indomável.
A oração é outro meio eficaz, embora lento – na avaliação de nosso imediatismopara a cura de todos os vícios. Não beneficia as vítimas, como fortalece as famílias, seja concedendo-lhes paciência, seja inspirando-as nos caminhos a seguir, no dia-a-dia, para que se tornem arrimo dos caídos, a elas vinculados.
No livroVozes do Grande Além”, no capítulo intitulado Alcoólatra, um Espírito compara o alcoolismo a um incêndio devastador e dá seu depoimento das tragédias que vivenciou, dos sofrimentos que experimenta na própria recuperação, e fala das preces, recursos extraordinários que lhe permitiram despertar para a vida:
“(...) até que mãos fraternas me trouxeram à bênção da oração (...) (...) pelos talentos da prece, aplacaram-me a sede, ofertando-me água pura (...)”.
E diz ainda:
“(...) ofereço-vos o triste exemplo de meu caso particular para escarmento daqueles que começam de copinho a copinho, no aperitivo inocente, na hora de recreio ou na noite festiva, descendo desprevenidos para o desequilíbrio e para a morte (...)” 9
O Evangelho no Lar é outro recurso valioso
O estudo do Evangelho no Lar é recurso importante nessa campanha em favor da liberdade espiritual, pelos reconhecidos benefícios que dele resultam para Espíritos dos dois planos da vida. A ele se deve somar outras ações que objetivem recuperar os caídos.
A ação educativa e moralizadora que a Doutrina Espírita pode exercer sobre as famílias, máxime sobre a juventude, é instrumento libertador que está nas mãos do Movimento Espírita. E o Centro Espírita, como célula viva desse movimento, detém a parcela maior dessas responsabilidades. E a nós, que muito temos sido beneficiados por essa Doutrina de Amor, cabe-nos atitude vigilante de esclarecimento permanente à comunidade, sobretudo da mocidade, além de apoiar as famílias que sofram os efeitos maléficos de todas as drogas.
Essa tragédia que ora envolve parcela elevada dos Espíritos vinculados à Terra é fruto da poluição invisível aos olhos desatentos, provocada por mentes enfermas de encarnados e desencarnados, a prender em seus horríveis tentáculos criaturas invigilantes, inconscientes dos efeitos perversos de suas ações, sobretudo do elevado preço a pagar, no longo caminho da volta ao reequilíbrio, que um dia, cedo ou tarde, a custo de muitas lágrimas, terão todos que percorrer.
Referências bibliográficas:
1. Repositório de Sabedoria, do livro Após a Tempestade, Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco, 57, 1ª ed. Livraria Espírita Alvorada, Salvador, 1980.
2. Cartas e Crônicas, Irmão X/Francisco C. Xavier, 7ª ed. FEB, Rio, 1988.
3. Entre a Terra e o Céu, André Luiz/Francisco C. Xavier, pág. 78, 6ª ed. FEB, Rio, 1978.
4. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, 50ª ed. FEB, Rio, 1980;
5. Missionários da Luz, André Luiz/Francisco C. Xavier, pág. 102, 12 ed. FEB, Rio, 1979.
6. Nos Domínios da Mediunidade, André Luiz/Francisco C. Xavier, págs. 139/40 e 138, 9ª ed., FEB, Rio, 1979.
7. No Mundo Maior, André Luiz/Francisco C. Xavier, pág. 195, 8ª ed. FEB, Rio, 1979.
8. Coragem, André Luiz/Francisco C. Xavier, pág. 52, 19ª ed. CEC, Uberaba, 1990.
9. Vozes do Grande Além, Diversos Espíritos/Francisco C.Xavier, pág. 125, 2ª ed. FEB, Rio, 1974.

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