FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, UM GRANDE MÉDIUM DO SÉC. XX
Em entrevista que concedeu à imprensa , depois que o repórter havia dito que escrevera 412 livros, tendo vendido 25 milhões de exemplares, Chico Xavier corrigiu, dizendo: “ – Os livros não me pertencem. Eu não escrevi livro nenhum. ‘Eles’ (os Espíritos) é que escreveram”.
Isto serve de prova bastante para se reconhecer que Chico Xavier foi um grande instrumento a serviço da espiritualidade.
E seus dons mediúnicos, bem acentuados, se manifestaram desde quando era pequeno, em casa, na rua e na escola. O pai, João Cândido, o considerava um louco; a madrinha, Rita de Cássia, o tinha como um alucinado, e, para curá-lo, lhe dava surras com vara de marmelo, achando que assim, iria tirar o diabo do seu corpo. Por isso mesmo, o garoto era constantemente levado à igreja para ser benzido. Como todo mineiro, sua família era muito católica. Mas nem na Santa Madre Igreja, o menino encontrava a cura de que precisava...
Desde pequeno, Chico demonstrou ser uma pessoa muito tímida, muito submissa aos caprichos dos mais velhos. Como prova disso, citamos o fato de ter sido obrigado a lamber a ferida que tinha surgido na perna esquerda de um primo seu, conforme receita aviada por uma curandeira. Um menino de personalidade forte jamais faria isto.
Chico desde criança, e também como adolescente, era muito religioso: ia sempre à missa, comungava, confessava, acompanhava procissões, rezava a Ave Maria e fazia o sinal da cruz, como qualquer bom católico, consciente de que “fora da Igreja não há salvação”.
Sua conversão ao Espiritismo se deu em 1927, quando uma de suas irmãs, gravemente enferma, foi desenganada pelos médicos. Desesperado, seu pai, João Cândido, nem recorreu ao padre, foi direto procurar um casal de amigos espíritas, que trouxe para ver a filha. José Hermínio Perácio e a esposa Carmem, verificaram logo que se tratava de um caso agudo de obsessão. Então, durante alguns dias, atacaram a doente com rezas e passes, conseguindo assim expelir o Espírito obsessor.
Chico acompanhou de perto todo aquele ritual. Era a sua primeira experiência no Espiritismo. E, graças a José Hermínio e Carmem, veio a tomar conhecimento dos livros de Allan Kardec. Foi assim que veio a saber que era médium e precisava desenvolver sua mediunidade.
Que fez então? Voltou à Igreja local, que costumava freqüentar; dirigiu-se ao confessionário com seu orientador espiritual; contou ao padre Scarzello tudo que tinha acontecido com a irmã e lhe declarou que a partir de então iria se dedicar à mediunidade segundo os métodos da Doutrina Espírita de Allan Kardec. Ajoelhou-se diante do seu confessor, beijou-lhe a mão direita e pediu sua bênção, no que foi atendido pelo sacerdote que disse: “Seja feliz, meu filho. Rogarei à Mãe Santíssima para que te abençoe e proteja”. Isto aconteceu no dia 21 de junho de l927 e Chico voltou a ajudar o irmão na fundação do Centro Espírita Luiz Gonzaga onde começou a trabalhar como médium psicógrafo, recebendo mensagens em prosa e verso, de vários Espíritos. Esta era sua missão: produzir centenas de livros, cumprindo-se assim a visão que dona Carmem Perácio tinha tido numa sessão de estudos do Evangelho em janeiro de 1929: uma chuva de livros caindo sobre a cabeça do médium.
Mas Chico tinha plena consciência de que não era ele o autor daquelas inúmeras obras que surgiam graças ao que escrevia como médium. Tanto assim que respondeu a um crítico literário: “- Recebi de Va. Sa. elogios por um trabalho que não me pertencia”.
Como se vê, Chico era apenas um instrumento a serviço da espiritualidade. Nem podia passar disso, porque não era dado a estudos . Seus conhecimentos intelectuais se limitaram ao que aprendeu com as professoras de uma escola primária do interior, Nunca freqüentou um ginásio, um instituto de educação, um colégio de jesuítas. E depois não trazia consigo dons de cientista, de pedagogo, de filósofo. Sua capacidade intelectual era bem medíocre e sua produção literária vinha do Alto, em forma de romances e mensagens.
Seu Guia Espiritual deveria ter sido o Espírito de Verdade, por que não?! Mas, na verdade, não foi. Foi, sim, um ex-jesuíta, o Padre Manoel da Nóbrega, que preferiu se identificar não como aquele Provincial da Companhia de Jesus do séc. XVI, mas, sim, como Emmanuel, que quer dizer “Deus conosco”, de acordo com o Evangelho de Mateus. Assim era mais fácil se impor perante a comunidade espírita da Pátria do Cruzeiro. E foi, mostrando uma cruz luminosa e vestindo uma túnica típica de sacerdotes católicos que o Espírito Guia se apresentou ao Chico, quando este rezava a Ave Maria, junto a um açude, em Pedro Leopoldo/MG.
Tendo recebido poesias de vários Espíritos que tinham sido em vida consagrados poetas nacionais e estrangeiros, Chico reuniu-os em forma de livro a que deu o nome de “Parnaso de Além Túmulo” e foi levá-lo à apreciação do Presidente da Federação Espírita Brasileira, que ele talvez não soubesse, mas devia saber que era roustainguista fanático. Como devia saber também que J.B.Roustaing era responsável pelo aparecimento da obra – “Os Quatro Evangelhos” – na qual havia muitos pontos duvidosos, motivo porque Allan Kardec não a considerava complementar às suas.
(Revista Espirita de junho de 1866).
Os dirigentes da FEB aceitaram publicar o Parnaso de Além Túmulo, e em troca, como prova de reconhecimento por este favor, Chico reverteu à FEB todos os direitos autorais, tornando-a rica e poderosa.
Conta-nos um dos seus biógrafos, que todas as noites de segunda e sexta-feira, Chico ia ao C.E. Luiz Gonzaga, levando embaixo do braço o “Evangelho segundo o Espiritismo” de Allan Kardec. Seguia assim à risca uma instrução de Emmanuel que disse certa vez: “ – Chico, se alguma vez eu lhe der algum conselho que não esteja de acordo com Kardec, fique do lado dele, Kardec, e me esqueça”. Isto, porém, não foi seguido por Chico, no que diz respeito à evocação dos Espíritos, que Kardec sempre considerou um instrumento necessário de pesquisa da Ciência Espirita, tanto assim, que deu o exemplo, praticando constantemente esse método de trabalho. Chegou mesmo a dizer que estavam errados aqueles que achavam que não devíamos evocar os Espíritos e sim deixar que se manifestem espontaneamente (Livro dos Médiuns, cap. XXV, nº 269) No entanto, Emmanuel, em “O Consolador”, disse que não aconselhava a evocação dos Espíritos em hipótese nenhuma, e o Chico, ao invés de esquecer o que dissera seu Guia Espiritual, como este mandara, fez, justamente, o contrário, ao afirmar, textualmente que “O telefone só toca de lá para cá”. Allan Kardec reencarnado nunca diria isto, tenho certeza absoluta.
Chico Xavier, que mal tinha o curso primário, não conhecia nada de Filosofia, de História, de Psicologia, de Ciências físicas, humanas e sociais. E nunca se sentiu atraído para esses estudos; nunca foi um autodidata. A bem dizer, nem precisava disso, porque sua missão era ficar numa atitude passiva, transcrevendo no papal, sem análise crítica, as mensagens em prosa e em verso que vinham dos Espíritos.
UMA GRANDE MENTIRA
Em 1938, a FEB lançou o “BRASIL CORAÇÃO DO MUNDO PÁTRIA DO EVANGELHO”, ditado pelo Espírito de Humberto de Campos pela psicografia do Chico e com prefácio de Emmanuel. Houve então uma grande polêmica, porque ali está que Roustaing foi auxiliar de Kardec. Grande mentira! Chico, tímido que era, não quis discussão nenhuma e se colocou ao lado dos roustainguistas da FEB.
O FAMOSO “PACTO ÁUREO
Em 1949 um grupo de “kardecistas” (seriam mesmo discípulos de Kardec ?!) procurou o então Presidente da FEB e desse encontro surgiu o “Pacto Áureo”, pelo qual ficou criado o Conselho Federativo Nacional como um Departamento da FEB; foi adotado o mito da “unificação” e o livro de Humberto de Campos (Espírito) foi adotado como uma espécie de “carta magna” dos espíritas brasileiros. Surgia assim no Brasil um novo Vaticano à moda Tupiniquim.
UM ERRO, FRUTO DO FANATISMO
Em 1973, Ismael Gomes Braga lançou pela FEB seu livro “ELOS DOUTRINÁRIOS”, no qual afirma que “o roustainguismo é um curso superior de espiritismo”, colocando, portanto, Roustaing acima de Kardec.
Júlio Abreu Filho protestou, e, em seu livro “ERROS DOUTRINÁRIOS”, provou que essa afirmação era um verdadeiro absurdo.
E o Chico, protestou também?! Não, manteve-se caladinho da silva.
CHICO XAVIER É PREMIADO
Em 1981, ao receber o prêmio Roquete Pinto, concedido pela TV Record, Chico Xavier foi entrevistado pelo repórter Mário B. Tammasia. E, a propósito da visita do Santo Padre, o Papa João Paulo II, ao Brasil, ele disse, textualmente: “Muitas vezes, principalmente, diante do altar daquela que veneramos como nossa Mãe Santíssima, vimos irradiações de luz que alcançavam toda a Assembléia. E, do altar consagrado à Santa Terezinha de Lisieux, muitas vezes vi rosas trazidas por desencarnados, sem que eu pudesse explicar o fenômeno. Portanto, todas as manifestações de bondade divina, através da Igreja Católica, que consideramos como a mãe da nossa civilização, são legítimas credoras da nossa veneração. Nós não estamos separados, os evangélicos reformistas e os espiritas cristãos, por diferenças fundamentais. Os Espíritos nos ensinam que estamos, sim, em faixas diferentes de interpretação, mas somos uma família só diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, a quem reverenciamos em Sua Santidade o Papa João Paulo II, em nossos eminentes cardeais do Brasil, protetores da nossa fé” (Extraído da Revista “PLANETA” – abril de 1983, pág. 19)
UMA REUNIÃO PÚBLICA EM UBERABA/MG
Informou-nos um amigo, residente em Uberaba, que momentos antes do início de uma reunião do Grupo Espírita da Prece, aberta ao público, no dia 15 de agosto de 1998, consagrado a Nossa Senhora da Abadia, padroeira da Região, Chico Xavier viu no recinto a figura excelsa de Jesus de Nazaré, pedindo-lhe que prestasse uma homenagem à sua MÃE , MÃE DE TODOS NÓS, NOSSA MÃE SANTÍSSIMA.
Chico então, ajoelhou-se, benzeu-se, fez o sinal da cruz e pronunciou estas palavras: “ – Amigos, peço a vossa permissão para fazer uma saudação a uma personalidade ilustre e a mais Eminente do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que, aqui, em nossa querida cidade de Uberaba, é conhecida como Nossa Senhora da Abadia”.
E, com as mãos unidas diante do peito, como um bom católico, disse estas palavras:“Ave Maria, Mãe de Jesus, Nossa Senhora, Bendita sois Vós entre as mulheres; Bendito seja o Fruto Divino que, possivelmente nos trouxe Jesus. Santa Maria, Mãe de Jesus, Filho do Espírito Santo, Rogai a Deus por nós, os pecadores, agora e na hora de nossa morte. Assim seja!...”
Logo após, muito emocionado e com os olhos cheios de lágrimas, dirigiu-se aos presentes, dizendo: “ – Aqui fica a nossa Saudação pelo dia de hoje em Uberaba. Convido a todos os irmãos, espíritas cristãos, a lembrarmos Nossa Senhora da Abadia, NOSSA MÃE SANTÍSSIMA, trazendo-nos NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, filho de Deus pela graça do Espírito Santo”.
Todos então, ajoelhados e fazendo o sinal da cruz, disseram: “ – Graças a Deus; o Senhor seja bendito. Amem!”
Foi assim que, com a presença de Chico Xavier, teve início aquela reunião pública, onde foi estudado o cap. XV do Evangelho segundo o Espiritismo, onde Allan Kardec diz, claramente: “ Com o dogma – Fora da Igreja não há Salvação – todos os homens lançam anátemas uns contra os outros, perseguem-se mutuamente e vivem como inimigos...” (nº 186 do original e nº 8 da tradução de Guillon Ribeiro da FEB)
O MAUSOLÉU DE CHICO
Aos 92 anos de idade, desencarnou, em Uberaba/MG, no dia 30 de junho de 2002, o médium espírita Francisco Cândido Xavier, após 75 anos de intensa atividade mediúnica com 412 obras psicografadas.
Hoje seus restos mortais repousam num túmulo do Cemitério de S. João Batista de Uberaba, onde, por obra de amigos dedicados e devotos sinceros, se ergueu um imponente mausoléu, no centro do qual foi construída uma estátua de bronze, em que ele aparece com o cotovelo sobre a mesa de escrever e a mão esquerda sobre a testa e a mão direita sobre um papel, em que ele escrevia as mensagens que ia recebendo dos Espíritos.
Um pouco atrás, no canto direito do mausoléu, aparece a imagem imponente de Nossa Senhora da Abadia, a Santa da devoção do Chico.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
Em seu livro “Kardec prossegue”, Adelino da Silveira disse que o Chico era Kardec reencarnado. Chico leu e gostou, tanto assim que presenciou sua amiga “Sylvia, de Araxá/MG com um exemplar autografado por ele.
Anos atrás (1998) a Dra. Marlene Nobre havia declarado pela Folha Espírita, de S. Paulo, que o Chico era a reencarnação de Allan Kardec. Em abril deste ano o Dr. Carlos Baccelli acaba de lançar, em Uberaba, seu último livro “Chico Xavier a Reencarnação de Allan Kardec”, com o que eu NÃO CONCORDO e me pergunto: “Kardec, no séc. XX, ao completar sua missão, não seria mais o “bom senso encarnado”?!
FONTE O FRANCO PALADINO Nr. 32 - Fevereiro de 2006
http://ensinoespirita.blogspot.com
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