a partir de maio 2011

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Esquecimento do passado:Rita Mercês Minguin


     Tendo vivido muitas experiências reencarnatórias, seria lícito lembrar  todos os acontecimentos passados ou pelo menos os fatos marcantes.
     Por que esquecemos o passado? Fazemos um adendo para citar o que diz o professor e fisiologista Arthur C. Guyton: ..."Se nossas mentes tentassem lembrar-se de todas essas informações, a capacidade de memória do cérebro seria excedida em minutos. Felizmente, porém, o cérebro tem a capacidade peculiar de aprender a ignorar informações que não sejam importantes.¹". Assim, entendemos que o homem 'não tem cabeça' para armazenar todas as informações. Em linguagem jocosa, diríamos que nossa memória RAM não suporta tal acúmulo de informações, e isso nos referindo apenas à vida presente.
     A esse respeito, encontramos n'O Livro dos Espíritos, questão 392, uma explicação bastante clara, capaz de elucidar o porquê de não termos memória para as vivências passadas e dos períodos em que estivemos na erraticidade. Os espíritos dizem que as lembranças do passado fragilizariam o homem, uma vez que este se deslumbraria com elas. O esquecimento do passado o faz sentir-se mais senhor de si. ...O Espírito reencarnado registra clara e conscientemente apenas o que passa pelos cinco sentidos – tato, paladar, olfato, audição e visão.² Comparando as respostas da ciência e da filosofia espírita, encontramos um ponto de convergência no tocante à importância dessas lembranças. Uma vez que a nossa reencarnação, na maioria das vezes, se dá com o objetivo de evoluirmos mediante as aquisições morais e intelectuais adquiridas, o que importa, de fato, são as experiências que ficam registradas em nós. Muito nos embaralhariam lembranças que nos fizessem sentir a diferença  entre o ontem e o hoje: no passado, um rei; no presente, um simples operário; no passado remoto, a prostituta; no presente a mulher que idealiza um lar seguro e digno. E como sabemos que nossa ascenção sempre se faz em sentido crescente, pouco teríamos a nos orgulhar de nosso passado. Muitas pessoas procuram, inadvertidamente, saber o que foram. Mas estamos preparados para saber? E o que faríamos com tais descobertas? Temos aprendido que para ter uma visão, sem pormenores, a respeito do nosso passado, bastar-nos-á estudar o que somos: nossos desejos, tendências, nossa forma de agir e reagir nas mais variadas ocasiões. Aí, sim, saberemos o que fomos, mas  principalmente, entenderemos o que devemos ser. 
     Outro ponto importante, digno de nota, é que os opositores da lei de reencarnação muito se riem, quando se referem aos que creem em vidas passadas ao afirmarem que estes só dizem que foram reis e rainhas, príncipes e princesas, enfim, ninguém quer ter sido um servidor humilde. É bem próprio de sua ignorância  pois  o conhecimento do passado ou de parte dele - que algumas vezes nos é permitido entrever - só nos deve agradar pelo que fomos e não pelo que tivemos. Reis, rainhas e afins, todos muito erraram, e o poder do qual estavam investidos na maioria das vezes foi instrumento de quedas espetaculares, portanto o que tivemos não é de forma alguma motivo de orgulho. Só o que fizemos em benefício real por nós próprios e pelas criaturas é o que nos dignifica.
     Aproveitemos as oportunidades do hoje, com os intrumentos que o Senhor nos oferece, sem a preocupação de resgatar o passado, mas com vistas às glórias do porvir. Construamos, hoje, um presente de muito trabalho e de renúncia, orvalhado de serena alegria para que a felicidade perene nos envolva a todos.
     Com os votos de muita paz da companheira de ideal cristão, presentemente vinculada às fileiras espiritistas, sempre com Jesus.
Rita Mercês Minguin
 PENÁPOLIS - SP
 1. GUYTON, Arthur C. Neurociência Básica: Anatomia e Fisiologia. 2ª ed. RJ:Editora Guanabara Koogan SA, 1993.
2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.

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