a partir de maio 2011

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

MATERIALISTA - SER OU NÃO SER?

Osvaldo LiraOsvaldo Lira



  O ser humano levado pela imaturidade que lhe faz companhia desde tempos imemoriais acostumou-se a tudo querer sob a ótica do imediatismo, ao sabor da sua vontade, sem paciência para esperar que as coisas aconteçam no momento adequado, sem observar que a natureza não dá saltos, e que tudo está preestabelecido pelas sábias Leis que regulam o universo.

  De certa forma essa atitude do homem, pode ser explicada não só pela sua imaturidade, como também pela ausência de amor em seu estado presente, o que não lhe faculta uma melhor visão da vida em seus múltiplos aspectos, pois é o amor que ilumina e harmoniza a criatura, é a alma da felicidade que preenche todos os vazios e aspirações do ser humano.

  Cito uma pequena historia de uma família como tantas que conhecemos; um casal com apenas um filho.

  O pai trabalhando para dar um padrão de vida como a sociedade exige (e como esta família pensa em ser o correto), a mãe também trabalhando, porém em meio expediente, dedicando o restante do dia a criação deste único filho.

  Com o passar dos anos, após, justamente no sétimo aniversario do filho, o pai que não tinha tempo para a família sente a necessidade de passar este dia com seu único filho, somente ele e o filho um dia inteiramente para os dois.

  Qual o local escolhido?

  Um Shopping Center o paraíso do consumo!

  Pai pergunta ao filho o que ele gostaria de ganhar naquele dia especial, e o filho pede então uma bicicleta de dez marchas, um tênis da Nike, e um relógio.

  O pai saca na frente do filho o cartão de credito e compra primeira a bicicleta, em seguida em outra loja adquiri o tênis de marca pagando novamente com o cartão de credito, e assim foi também com o relógio.

  Após as compras param na praça de alimentação o filho escolhe o melhor lanche da lanchonete e a refeição é paga da mesma forma com o cartão.

  Terminando o dia, depois de saírem do cinema, o filho pede mais um presente ao pai, ele havia esquecido se do vídeo game de ultima geração, o pai então saca do cartão e satisfaz o ultimo pedido do filho.

  Ao chegarem a casa, com todos aqueles presentes o filho vai para o quarto e se tranca a mãe e o pai não entendem o que se passa com filho, pois, tudo que ele havia desejado lhe fora dado, mesmo assim sua infelicidade era latente.

  A mãe então adentra no quarto e começa o seguinte dialogo com seu filho.

  _ Querido o que lhe aflige?
  _ Nada mamãe, eu não tenho nada.

  _ Mas como você não tem nada, hoje é seu aniversario seu pai esteve contigo o dia todo, seus pedidos foram atendidos, e mesmo assim você se tranca no quarto e fica abatido, diga a sua mãe o que tanto te aborrece?

  _ Esta bem mamãe, eu pedi o papai uma bicicleta e ele me deu, eu pedi um tênis um relógio um lanche o filme e por fim um vídeo game, mas depois que eu ganhei tudo eu não quero mais.

  _ Mas como assim, você não quer mais, o que então você quer?

  _ Há mamãe o que eu quero mesmo é o cartão que o papai tem, com ele eu posso ter tudo isso e muito mais, sem precisar pedir nada a ninguém.

  Façamos agora uma pequena reflexão:

  As pessoas carentes e perturbadas pela febre das posses externas acreditam que a felicidade reside na sucessão das glórias que o poder faculta e nos recursos que amealha. Ledo equívoco, por que o tormento da posse aflige e impulsiona a sua vida a metas cada vez mais desmedidas, tornando sua existência numa busca desenfreada para possuir cada vez mais, não refletindo que a felicidade independe do que se tem momentaneamente, mas sim daquilo que se é estruturalmente constituído pelo amor, sem necessidades de gestos grandiosos, manifestando-se nos pequeninos acontecimentos e situações que a vida nos outorga.

  Cabe ao ser inteligente descobrir na Terra a razão fundamental da própria existência, a fim de estabelecer os parâmetros propiciados da felicidade, de forma a desenvolver a capacidade de crescimento interior, razão primordial da sua auto realização. Enquanto não se resolva por detectar e aplicar os métodos mais compatíveis para o enriquecimento moral e espiritual, tudo se lhe apresentará sem sentido ou maior significado transformador, tornando-se o trânsito carnal um desafio recheado de desencanto e aflição.

  Lembremo-nos da felicidade de Francisco de Assis, conquistada na humildade, na pobreza e no serviço ao próximo. O santo da humildade era moço rico, mas vivia amargurado na riqueza que possuía. só encontrou a paz depois que se entregou à riqueza do espírito. Não nos esqueçamos de que Paulo de Tarso, que na condição do poderoso Saulo era infeliz, mas voltou a viver após o célebre encontro com Jesus na Estrada de Damasco. Paulo perdeu o poder temporal, mas encontrou a felicidade pessoal. Gandhi encontrou a sua felicidade na luta pela paz. Madre Tereza e Irmã Dulce, apesar dos inúmeros padecimentos que sofreram, conseguiram encontrar a felicidade na felicidade que podiam proporcionar aos desvalidos do caminho. Albert Schweitzer, médico, laureado com o Prêmio Nobel da Paz em 1952, encontrou a felicidade vivendo 52 anos de sua vida entre os povos primitivos da África.

  Como esquecer a permanente alegria de Chico Xavier? E olhem que problemas na vida não lhe faltaram. Várias vezes perguntaram-no se ele estaria disposto a passar por todas as provas que a vida lhe marcou. E a resposta, já conhecida de todos, é que faria tudo de novo e que pretende no mundo espiritual, continuar a sua tarefa de médium.

  Encaremos a vida com os olhos do bem, com a visão do amor e com o concreto desejo de olharmos à nossa volta e verificarmos que o Pai tudo nos legou para que a nossa felicidade se efetive já.

  Abençoemos o trabalho em que a vida nos situou; santifiquemos a família terrena do jeito que os familiares são; enfrentemos com dinamismo e alegria os obstáculos da vida e assim, amando e servindo, haveremos de encontrar a felicidade que há muito tempo espera por nós.

  E façamos um cartão de credito em bônus hora, aonde possamos aplicar nossas economias em ganhos para os necessitados de iluminação.




Muita paz.

Osvaldo Lira

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