Jornal O CLARIM
Editorial
Os letárgicos e os catalépticos, em geral, veem e ouvem o que em derredor se diz e faz, sem que possam exprimir que estão vendo e ouvindo. É pelo Espírito que vêm essas percepções. O Espírito tem consciência de si, mas não pode comunicar-se porque a isso se opõe o estado do corpo. E esse estado especial dos órgãos prova que no homem há alguma coisa a mais do que o corpo, pois que, então, o corpo já não funciona e, no entanto, o Espírito se mostra ativo. (L. E. 422 e 422a)1
Na letargia, o corpo não está morto, porquanto há funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente, como na crisálida, porém não aniquilada. Enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha ligado. Em se rompendo, por efeito da morte real e pela desagregação dos órgãos, os laços que prendem um ao outro, integral se torna a separação e o Espírito não mais volta ao seu envoltório. Desde que um homem, aparentemente morto, volve à vida, é que não era completa a morte. (L. E. 423)1
A letargia e a catalepsia derivam do mesmo princípio que é a perda temporária da sensibilidade e do movimento, por uma causa fisiológica ainda inexplicada. Diferem uma da outra em que, na letargia, a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo todas as aparências da morte; na catalepsia, fica localizada, podendo atingir uma parte mais ou menos extensa do corpo, de sorte a permitir que a inteligência se manifeste livremente, o que a torna inconfundível com a morte. A letargia é sempre natural; a catalepsia é por vezes magnética. (L. E. 424 – nota de Kardec)1
A matéria inerte é insensível; o fluido perispirítico igualmente o é, mas transmite a sensação ao centro sensitivo, que é o Espírito. As lesões dolorosas do corpo repercutem, pois, no Espírito, qual choque elétrico, por intermédio do fluido perispiritual, que parece ter nos nervos os seus fios condutores. É o influxo nervoso dos fisiologistas que, desconhecendo as relações desse fluido com o princípio espiritual, ainda não puderam achar explicação para todos os efeitos. – A interrupção pode dar-se pela separação de um membro, ou pela secção de um nervo, mas, também, parcialmente ou de maneira geral e sem nenhuma lesão, nos momentos de emancipação, de grande sobreexcitação ou preocupação do Espírito. Nesse estado, o Espírito não pensa no corpo e, em sua febril atividade, atrai a si, por assim dizer, o fluido perispiritual que, retirando-se da superfície, produz aí uma insensibilidade momentânea. Poder-se-ia também admitir que em certas circunstâncias, no próprio fluido perispiritual uma modificação celular se opera, que lhe tira temporariamente a propriedade de transmissão. É por isso que, muitas vezes, no ardor do combate, um militar não percebe que está ferido e que uma pessoa, cuja atenção se acha concentrada num trabalho, não ouve o ruído que se lhe faz em torno. Efeito análogo, porém mais pronunciado, se verificou nalguns sonâmbulos, na letargia e na catalepsia. Do mesmo modo se pode explicar a insensibilidade dos convulsionários e de muitos mártires. (G. XIV 29)2
Contribuição do dicionário Aurélio: Letargia – 1. Estado patológico observado em diversas afecções do sistema nervoso central, como encefalites, tumores, etc., caracterizado por um sono profundo e duradouro do qual só com dificuldade, e temporariamente, pode o paciente despertar. Catalepsia – 1. Estado em que se observa uma rigidez cérea dos músculos, de modo que o paciente permanece na posição em que é colocado (observa-se a catalepsia principalmente em casos de demência precoce e de sono hipnótico).
Um caso relacionado com o tema e que levou Antonio B. a ser sepultado vivo, o leitor pode encontrar na segunda parte do livro O Céu e o Inferno, capítulo VIII, 1 a 9, seguindo-se instruções de Erasto, guia do médium (expiações terrestres).
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
2. idem. A Gênese.
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