a partir de maio 2011

domingo, 26 de novembro de 2023

Aliança entre Deus e a humanidade

 

.

A ALIANÇA ENTRE DEUS E A HUMANIDADE

O livro de Gênesis, em seu capítulo 9, certamente é um trecho muito especial das escrituras sagradas da tradição judaico-cristã. Esse é o tempo em que Deus firma a primeira e a mais importante aliança entre o divino e o humano. Vejamos o que diz o texto:

¹ E abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra.

² E o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, nas vossas mãos são entregues.

³ Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde.

 A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.

 Certamente requererei o vosso sangue, o sangue das vossas vidas; da mão de todo o animal o requererei; como também da mão do homem, e da mão do irmão de cada um requererei a vida do homem.

 Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem. (…)

Em primeiro lugar, a manifestação divina ordena que Noé e família cresçam e se multipliquem sobre a Terra. Diz que os animais e as ervas do campo servirão para ajudar na manutenção da vida dos seres humanos. No entanto, Deus adverte que não se deve ingerir a carne de animais junto com seu sangue… e, também, que não se deve derramar o sangue de outras pessoas. Diz Deus que: “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem”. Nesse trecho é possível identificar uma certa noção de causalidade, algo semelhante a lei do karma dos hindus e budistas.

Não se deve derramar o sangue do homem, porque este é a imagem e semelhança de Deus e, por isso, quem derramar sangue humano, também verá seu próprio sangue derramado por outro homem. Será uma sinalização de uma certa formulação sobre o karma das tradições orientais? Essa ideia encontra eco também nas palavras de Jesus quando diz que: “Quem vive pela espada, perece pela espada”.

No entanto, a parte mais importante de (Gênesis 9) é o momento em que Deus fala da aliança entre Deus e a humanidade:

E disse Deus: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre toda a alma vivente, que está convosco, por gerações eternas.

¹³ O meu arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a terra.

¹ E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens.

¹ Então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós, e entre toda a alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne.

¹ E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar da aliança eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que está sobre a terra.

O arco íris é um dos mais importantes símbolos da ligação entre o céu e a Terra, entre o humano e o divino. É frequentemente retratado como o caminho que deve ser percorrido entre o mundo humano e o mundo supra-humano. Nesse sentido, ele expressa perfeitamente a ideia de uma aliança, uma ponte, uma ligação, uma passagem intermundos ou entre a dimensão temporal e a eternidade. Seu significado confunde-se com o simbolismo da escada, cuja expressão também remete a ascensão e queda dos seres. Nesse sentido, o simbolismo da escada encontra eco também na tradição judaico-cristã, com a famosa “escada de Jacó”, onde os anjos subiam e desciam pela escada indo do céu a terra e da terra ao céu.

Nos contos populares, o arco íris possui um pote de ouro em seu fim. Aquele que conseguir percorrer sua extensão e atingir o ponto final, encontrará um tesouro oculto composto de ouro maciço. Mas esse tesouro não é físico, material. Não representa riquezas no mundo. O pote de ouro representa a realização espiritual que o adepto conquista após o percurso ao longo de sete níveis. Desde o vermelho ao lilás, o arco íris simboliza a existência de níveis que devem ser trilhados, um a um, que podem conduzir os seres ao infinito e a eternidade. A benção da realização espiritual é a recompensa desse percurso. Esses níveis representados pelas sete cores são os estados de consciência, os estados de ser que vão do inferior, dentro do nível humano ordinário, ao nível mais elevado e divino, onde a pessoa pode encontrar uma felicidade suprema na eternidade. Os adeptos das tradições meditativas e contemplativas da humanidade tentam descrever esses estados de ser que estão mais próximos ou mais distantes do objetivo eterno. Esse objetivo é o que a tradição cristã denomina de “vida eterna” ou “Reino de Deus”. No Budismo se chama de nirvana ou nibana. No Yoga se chama de nirvikalpa samadhi.

Por outro lado, o arco íris também reflete a ideia de uma calmaria após a tempestade. Isso indica que o estado humano no qual todos estamos inseridos é como uma forte tormenta, que nos agita de um lado para o outro em múltiplas tribulações. O arco íris surge no céu como fenômeno natural sempre quando há uma união entre a tempestade e o sol surgindo entre as densas nuvens de chuva. Essa é a expressão da síntese perfeita das contrariedades e turbulências do mundo em um encontro com o sol do espírito, que brilha no céu durante a tempestade. O sol do espírito vem brilhar entre a tempestade, e sinaliza com o arco íris o caminho que precisa ser trilhado para a união entre o céu e a terra dentro de cada um de nós.

(Hugo Lapa)

E-mail: portaldoespiritualismo@gmail.com

Esta mensagem pode ser postada e compartilhada livremente em sites, portais, redes sociais e outros meios impressos e eletrônicos. No entanto, a citação do nome do autor é obrigatória, sob pena de crime de violação dos direitos autorais. A divulgação deste conteúdo deve ser apenas gratuita, sendo rigorosamente proibida a venda de qualquer texto ou livro de Hugo Lapa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário