a partir de maio 2011

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Pessoas fantoches



Você sabe o que é uma pessoa fantoche?
Se você disser que não sabe eu vou provar que você sabe, com certeza.
Conforme sabemos, o fantoche é aquele boneco que não raciocina, não pensa e não toma decisão nenhuma; é um objeto de depende da mão, da boca e da cabeça de alguém para se manifestar.
Você, quando criança, assim como eu, certamente deve ter assistido algum teatrinho de fantoches. Eu assisti muito e cheguei até a produzir, para agradar as crianças em Vitória da Conquista, com bonequinhos que eu mesmo fabricava.
Existem pessoas que vivem como verdadeiros fantoches, sem raciocinar e sem pensar. Só que os fantoches, coitados, têm uma justificativa porque não têm cérebros e nem são espíritos pensantes que movem os seus corpos, ao contrário das pessoas que possuem, mas vivem como se fossem acéfalas.
Você talvez possa questionar: A que tipo de gente o Alamar está se referindo?
No decorrer deste texto você vai saber e, com certeza, vai identificar um monte de gente, provavelmente algumas bem pertinho de você.
Vamos aos casos.
Você já deve ter ido, várias vezes, numa daquelas churrascarias onde a gente paga um preço fixo e come, à vontade, sem limitação.
Existem pessoas que, quando vão a essas churrascarias, acham que tem que comer três quilos de carne, só porque o preço é o mesmo e não tem limites. Quando servem a sobremesa, que está incluída no preço, elas enchem um prato de doces, porque não tem limites.
É gente que não tem o hábito de botar a sua cabeça para funcionar, pra discernir que o excesso de comida pode fazer mal. Por isto não tem controle em cima daquilo que lhe aparece como ilimitado.
Hoje vivemos um modismo no campo da telefonia: A operadora X propõe ao seu usuário ligar sem limites para pessoas que têm a mesma operadora ou para números fixos. São os chamados planos ilimitados.
Por causa disto, algumas pessoas, como aquelas que querem comer três quilos na churrascaria ilimitada, criam o vício de viverem grudadas ao celular, ligando para pessoas sem a menor necessidade, para falar sobre assuntos sem relevância, conversando durante horas, todos os dias, até que esgote a bateria do aparelho.
Se você faz alguma observação ou comentário sobre aqueles excessos, sempre vem aquela reação do tipo “sou eu quem pago a minha conta”“não venha interferir no meu direito de falar com quem eu quiser”, etc... Elas sempre procuram alguma argumentação para justificar o que é um vício.
Hoje temos a internet e pagamos uma mensalidade fixa por um engodo que nos oferecem, chamado “banda larga”. Isto nos dá “direito” a ficar grudado no computador, 24 horas por dia, 7 dias por semana, se quisermos, navegando por sites, vendo filmes no Youtube, no MSN, SKYPE, Facebook, Twitter e todas as chamadas redes sociais. Podemos também mandar e-mails a vontade para as pessoas, mesmo que não tenhamos assunto nenhum a falar com elas e nem nada de útil as lhes transmitir ou retransmitir.
Por conta disto, a mesma cultura do comer os três quilos de carne na churrascaria ilimitada, faz com que muitas pessoas não façam outra coisa a não ser retransmitir e-mails para os outros, na maioria das vezes sem a menor utilidade ou relevância, só porque a sua internet é ilimitada e de graça.
No tempo em que se fazia necessário enfrentar fila do correio para enviar uma carta, cujo preço dependia do número de páginas escritas, ou um telegrama, cujo valor dependia também do número de palavras, esses abusos não aconteciam.
Neste modelo muitos abusam do desperdício de água no apartamento, acreditando que o preço do condomínio é o mesmo, gastando ou economizando.
A pessoa fantoche é aquela que tem todas as propensões a sofrer do mal de Alzheimer no futuro, posto que raciocinar não é bem o seu forte, exercício do cérebro é algo que não lhe diz nada.
Você já deve ter percebido, com certeza, o modismo dos fones de ouvidos. É um dos mais ridículos que existe, mas as pessoas fazem porque estão vendo todo mundo fazer. O adolescente não tem idéia ou, irresponsavelmente, não pára pra pensar como estará a sua audição no futuro. Se bem que esse negócio de pensar não e bem com ele. É muito comum encontrarmos, também, muitos idosos com fones nos ouvidos, pela rua, para dar uma de moderninho.
Já que estamos falando em pessoas que não pensam, pois que fantoches não pensam, vejamos quantas coisas absurdas no comportamento da sociedade atual.
Durante muito tempo as residências tinham um compartimento chamado sala, onde as poltronas e cadeiras eram dispostas umas de frente para as outras, porque havia o saudável e agradável costume das pessoas conversarem dentro de casa, umas olhando para as outras.
Você viveu esse tempo? Você ainda sabe o que é sala?
Depois mudaram a disposição das poltronas, que deixaram de ficar umas de frente para as outras pra ficarem todas de frente para a televisão. As pessoas do lar deixaram de ser o foco principal do encontro da família, substituídas pela televisão que era ligada a tarde e ficava até dar sono no último que ainda ficasse disposto a assisti-la.
Nesse tempo ainda existia um pouco de diálogo, durante os intervalos comerciais e até mesmo durante a programação, mas para comentar alguma coisa da televisão. Mas as pessoas ainda se falavam.
Aí surge o computador e a internet compartilhada. Todo mundo passa a ter condição de ter mais de um computador em casa.
Você se lembra de um cômodo chamado quarto?
Vou explicar o que era.
Era um espaço usado para as pessoas dormirem à noite, descansarem um pouco à tarde e trocarem de roupas.
Hoje é o lugar onde mais as pessoas vivem, dentro de casa, exceto a dona de casa que passa mais tempo na cozinha ou na área de serviço. Agora, com a internet, todo mundo resolveu instalar um computador em seu quarto, com webcam para ter a sua “privacidade” “respeitada”, geralmente de portas fechadas, pois no quarto elas conversam muito... com outras pessoas, menos com a família... e ali sorriem, dão gargalhadas, choram, se emocionam, namoram, e comem, porque sempre levam para lá a bandeja com o prato do almoço, do jantar, do lanche...
No país em que a política criou a frase “minha casa, minha vida”, a sociedade criou o “meu quarto, minha vida”.
É impressionante, mas as pessoas estão se comunicando com os próprios entes de dentro de casa, pelo MSN, com fones nos ouvidos, porque não têm tempo de se deslocarem umas para próximo das outras, a fim de conversaram olho no olho.
O diálogo entre pessoas hoje é uma coisa chata, é um “saco”.  
Ninguém consegue perceber mais quando um ente da família cortou o cabelo, quando comprou uma roupa nova e, pasmem, nem quando está doente, pois ninguém está nem aí pra ninguém.
Não percebe mais nem quando a mãe faz aniversário e, quando alguém lembra... o que faz?
Posta uma mensagem para a “velha“, pelo Facebook, sem levar em conta que a mamãe não sofre do mesmo vício do computador.
Poxa, minha filha, ontem foi o meu aniversário e você não me disse nada, nem um abraço me deu.
Quem disse que eu não lembrei? Eu mandei uma mensagem bonitinha para o seu facebook, mãe.
E eu lá sei o que é feicebuque, minha filha?
Ah, mãe, também a senhora tá muito ultrapassada. Dá um tempo que eu tô com uma amiga no MSN.
A melhor coisa que a mãe deve fazer numa hora desta é calar a boca, para evitar problemas.
Hoje ninguém se aperfeiçoa mais em nada, ninguém se preocupa mais em ficar bom em nada porque está fantoche da chamada coisa pronta.
É muito comum encontrarmos mulheres saindo da adolescência para o casamento e alguém lhe pergunta:
Você sabe cozinhar?
Eu sei fazer miôjo.
Miôjo é uma coisa que qualquer acéfalo pode comprar em qualquer supermercado, colocar numa vasilha qualquer com água, levar ao fogo durante três minutos, e pronto, é só comer.
Detalhe: Não precisa temperar, não precisa botar sal, não precisa mexer ou bater, não precisa de receita, não precisa de nada... enfim, ninguém precisa pensar, para fazer miôjo.
Vivemos uma sociedade miôjo, onde ninguém precisa mais ter o trabalho de pensar para fazer nada.
Em nome da “liberdade” da mulher, muitas estão se casando sem habilidade nenhuma: Não sabem pregar um botão numa camisa, não sabem colocar uma roupa na máquina para lavar, não sabem fazer um arroz e mal sabem fritar um ovo, raramente não derramando clara e gema com casca e tudo para fritar.
O pior é que muitas não têm qualificativo nenhum, muito menos profissional. Se fosse uma moça formada, médica, advogada, engenheira ou uma profissional qualquer que poderia garantir a sua sobrevivência sem a dependência financeira de marido, até que seria aceitável, visto que toda mulher deve mesmo lutar pela sua independência para jamais ser submissa a macho, mas ridiculamente essas incompetências enfrentam o casamento na cara de pau, apostando somente na sua bunda, no corpinho bonitinho que engana muitos trouxas que relevam tudo. Quando são abandonadas, alguns anos depois, posto que o único patrimônio que tinham, o corpo, se transformou em três jacas dentro de um saco, só vêem uma alternativa de sobrevivência que é recorrer à “justiça” para ficar com cinqüenta por cento do patrimônio construído por ele.
O adolescente miôjo de hoje briga com todos, inclusive pais e mães, por causa do “seu espaço”, da “sua privacidade”, do seu “direito de tomar suas decisões”, sempre achando que pode fazer o que quer e é aí que resolve recorrer aos vícios do álcool e do fumo, conscientemente, evoluindo para a maconha, a cocaína, o crack, deixando-se dominar pelo vício, para depois aparecer um monte de demagogos e hipócritas para dizer que a culpa desta onda crescente de vícios é apenas dos traficantes, colocando os viciados como vítimas, quando todos deveriam ser responsabilizados.
Aí fica essa sociedade ridícula morrendo de pena dos viciados no crack, tratando-os como coitadinhos, que merecem total acolhimento de todos.
Em um concurso recente, mais de oitenta por cento dos médicos foram reprovados por total falta de condições de identificar sintomas básicos dos seus pacientes quando chegam ao pronto atendimento. São os médicos miôjos, formados pelas nossas faculdades.
O mesmo ocorreu com os recentes concursos da OAB, onde também mais de oitenta por cento dos tais bacharéis em direito, que se acham advogados, foram reprovados por incompetência absoluta. São os “adevogados” miôjos.
Não é necessário o elemento ser um bom médico, para assumir a direção de um hospital, não precisa entender de saúde para assumir o Ministério da Saúde, não precisa ser um bom professor para a direção de um colégio... enfim, vivemos a época da mediocridade total e absoluta.
E ainda dizem que o Brasil melhorou!
As pessoas hoje se deixam contaminar por tanta mediocridade, que todos os seus valores são descartáveis.
No campo da música, por exemplo, é uma tristeza. Todo mundo deve se lembrar de uma porcaria que foi feita por um rapaz brasileiro, chamada “ai se eu te pego”, que foi um sucesso enorme não apenas no Brasil como no exterior, há menos de um ano.
Pergunta-se: Você tem escutado tocar aquela porcaria nas rádios hoje?
Houve uma lembrança dela no programa anual do Roberto Carlos em dezembro, na Globo, que me deu até pena do Roberto, que sempre me traz tantas boas recordações e terminou por trazer também um lixo deste.
Por acaso, você consegue escutar alguma rádio tocar hoje as porcarias do “reboleichon”, “eguinha pocotó”, “boquinha da garrafa” e tantas outras mediocridades que contaminaram as rádios e as televisões por algum tempo e fez com que muitas gente insensível fosse na onda?
Que saudade de ver o Flávio Cavalcante quebrando discos, ao vivo, na televisão, protestando contra as mediocridades fonográficas. E no tempo dele não era tão ruim como hoje.
Procure saber dos seus, dentro de casa, quem é que já ouviu falar em Noel Rosa, Ataulpho Alves, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Chiquinha Gonzaga, Cartola, Dolores Duran, Herivelto Martins e tantos outros que fizeram músicas que são eternas, porque não são músicas miôjo.
O mais lamentável é que a sociedade não aceita os que botam o dedo nessas feridas, que protestam contra o modelo ridículo de se viver dos dias de hoje, resumindo tudo em qualificá-los como polêmicos, aqueles que levantam esses véus, posto que os seus cérebros são construídos também por substâncias tipo miôjo, não tendo portanto nível de inteligência e capacidade para debater profundamente o assunto.
Não podemos ser contra o avanço tecnológico, porque fazemos parte deste mundo. Eu, por exemplo, gosto de tecnologia e até escrevi um livro sobre tecnologia que tem agradado a todo mundo que o tem lido, visto como uma grande utilidade em suas vidas.
Só que a tecnologia existe para AUXILIAR e não para dominar as nossas vidas.
Um telefone celular, um tablet, um computador, um forno micro-ondas... devem ser vistos apenas com instrumentos auxiliares e não como verdadeiras cocaínas que nos viciam e nos dominam.
Através do meu computador eu sei fazer programas capazes de realizar qualquer cálculo, os mais complicados possíveis, em frações de segundos, todavia jamais abrirei mão de fazer meus cálculos com a caneta no papel, multiplicando, dividindo, fazendo raízes quadradas e equações e não é porque seja apologista da antiguidade não, é que tenho algum respeito pelo meu cérebro.
Chega de pessoas fantoches, no mundo, levantemos este questionamento dentro dos nossos lares e alertemos para todos o quanto a sociedade está se conduzindo ao ridículo que a levará a sérias consequências.   
Para encerrar, cito uma frase do célebre pensador francês, François Rabelais, muito citada pelo também notável mestre Mário Sérgio Cortella:
“Conheço muitos que não puderam, quando deviam, porque não quiseram quando podiam”.
            Reflitamos, portanto.
  
Abração.

        Alamar Régis Carvalho
Analista de sistemas, escritor e ANTARES Dinastia
              alamarregis@redevisao.net
               www.alamarregis.com

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