a partir de maio 2011

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

O Homem Entre Dois Deuses

Escreve: José Rodrigues
Em: Agosto de 2012




O fim da bipolaridade de sistemas econômicos, sinalizado historicamente pela queda do Muro de Berlim, em 1989, coincide com a aceleração do uso da informática no mundo e do avanço das corporações econômicas, em detrimento do estado. Globalizam-se as decisões, de tal forma que a competição, a valoração de produtos e serviços, da mão-de-obra, dão-se em termos de mercados cuja amplitude escapa à nossa apreciação.

Sim, há um novo momento na avaliação das relações internacionais, crítico, talvez, pelo aparente descontrole em que se dá, como se uma onda de força imbatível se abatesse sobre as nações. O capital gira freneticamente ao redor do mundo à procura de melhores resultados, desafia fronteiras e governos, desestabiliza economias internas, infunde medo nos investidores menores, sem que leve qualquer culpa. Na distribuição de dividendos, do outro lado, fará algumas pessoas felizes.

Há dois subprodutos evidentes nessa nova ordem. O primeiro é o da velocidade com que a produção física se inferioriza relativamente à de serviços. O produto mundial tem clara predominância destes, no presente. Com isso, as exigências de qualificação profissional crescem, valorizando a educação, em todos os níveis. O segundo, de forma individual ou associada, está na concentração da riqueza nos países chamados centrais, cujos investimentos em educação e tecnologia encontram-se em vantagem. A grande pergunta do momento é se a diferença entre ricos e pobres não está aumentando.

Se tal estiver acontecendo, defrontamo-nos com um paradoxo inadmissível, o de os tempos novos, sem conflitos de direita versus esquerda, com o estado acuado, mais liberdade individual e coletiva, produzirem efeitos perversos. No mínimo, essa polêmica chega ao debate das grandes organizações mundiais.

Nesse confronto entre o Deus-Estado e o Deus-Mercado, está o homem. Com este, uma visão da história, do mundo e da vida. O que afinal move as relações humanas? Eis a contribuição que o conhecimento espírita pode oferecer ao homem e à sociedade, posto em termos filosóficos e científicos, a partir do conceito de imortalidade comprovável. Uma contribuição que começa dentro de uma casa espírita digna desse nome.


Fonte: CEAK Vox - Boletim informativo do Centro Espírita Allan Kardec, de Santos-SP, outubro/novembro de 2000 - Ano I, nº 9.

José Rodrigues (1937-2010), economista e jornalista, um dos fundadores e editores do site Pense - Pensamento Social Espírita e fundador da ARS - Ação de Recuperação Social, de Santos-SP, foi redator do periódico Espiritismo e Unificação e membro do conselho de redação do Abertura - jornal de cultura espírita. É autor do livro “Vila Socó: Uma Tragédia Programada”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário