a partir de maio 2011

sábado, 21 de março de 2015

Considerações sobre o casamento Parte 2 e final



GEBALDO JOSÉ DE SOUSA 
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)


A vida a dois exige, sempre, renúncia de
lado a lado; o casamento, afinal, é uma
conversa a longo prazo

 
Os filhos problemas são aqueles que prejudicamos, desfigurando-lhes o caráter, envenenando-lhes os sentimentos.
É o que nos ensina Emmanuel (Espírito), no cap. IV do livro Leis de Amor.
Ninguém foge à lei da reencarnação.
(...)
E, sejam quais sejam os teus obstáculos na família, é preciso reconhecer que toda construção moral do Reino de Deus, perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis da luta em casa.      “ 11
Antes do casamento, há integração sublime entre os noivos. Os diálogos assumem singular encanto, embalados na melodia do sonho.
Após o casamento, em muitos casos, (...) “Não há concessões recíprocas; não há tolerância e, por vezes, nem mesmo fraternidade. E apaga-se a beleza luminosa do amor, quando os cônjuges perdem a camaradagem e o gosto de conversar.”
“(...) raros conhecem que o lar é instituição essencialmente divina e que se deve viver, dentro de suas portas, com todo o coração e com toda a alma.” 12
Como interpretar essas modificações?
Atingida a convivência no lar, surgem as obrigações do passado.
Muitas dificuldades domésticas são trazidas de outras existências.
Na família reencontram-se afetos e desafetos para ajustes e reajustes.
O DIVÓRCIO
“(...) deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne (...) De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” Mt, 19: 5-6
Contudo, Jesus admitiu o divórcio em caso de adultério (Mt, 19:9).
“O divórcio é lei humana que tem por fim separar legalmente o que já está, de fato, separado. Não é contrário à Lei de Deus, pois apenas reforma o que os homens fizeram e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a Lei divina.”13
Ele é admitido em último caso, para se evitar males maiores.
Mas os Espíritos alertam-nos para as responsabilidades que assumimos no casamento – aliás, concordando com as orientações de Jesus a Joana de Cusa, acima indicadas, que recomendam a renúncia, para preservá-lo:
“Quanto ao divórcio (...) somos de parecer não deva ser facilitado ou estimulado entre os homens, porque não existem na Terra uniões conjugais, legalizadas ou não, sem vínculos graves no princípio da responsabilidade assumida em comum.”14
O CASAMENTO NA BÍBLIA
“O que acha uma esposa, acha o bem, e alcançou a benevolência do Senhor.” Pv, 18:22.
“Os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama a sua esposa, a si mesmo se ama.”  Paulo, Ef, 5:28.
CASAMENTO E AMOR
“Só o que vem de Deus é imutável. Tudo o que é obra dos homens está sujeito a mudanças.
(...) na união dos sexos, ao lado da Lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra Lei divina, imutável como todas as Leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se transmitisse aos filhos, e que fossem dois, e não somente um, a amá-los, a cuidá-los e a fazê-los progredir. Nas condições habituais do casamento, a lei de amor é levada em consideração? De modo nenhum. Não se leva em conta a afeição de dois seres que se atraem um para o outro por sentimentos recíprocos, visto que, na maioria das vezes, essa afeição é rompida. O que se busca não é a satisfação do coração, e sim a do orgulho, da vaidade, da cupidez; numa palavra: de todos os interesses materiais.
(...)
Quando Deus disse: ‘Não sereis senão uma só carne’, e quando Jesus falou: ‘Não separeis o que Deus uniu’, essas palavras devem ser entendidas com referência à união segundo a lei imutável de Deus, e não segundo a lei mutável dos homens.” 15
CONCLUSÃO
Casais que se amam desenvolvem linguagem própria: gestos, olhares, sorrisos e piscadelas valem por discursos. Traduzem pensamentos que palavras não exprimem. Conduta que lhes dá alegria e paz. Seus corações se acham próximos – o que lhes favorece o diálogo sereno e constante, expondo, com clareza, os próprios sentimentos.
Os que não se amam cultivam tensões, com agressões e gritos – o que revela que seus corações estão distantes um do outro, ainda que próximos fisicamente. Fatores que lhes povoam a vida de tristeza e infelicidade.
Os primeiros suavizam as dores do caminho e constroem a felicidade possível neste mundo. Os últimos agravam as dificuldades naturais da vida.
No lar, cabe ao casal doar aos filhos amor, educação, amparo e exemplos.
Devem dedicar-se ao estudo do Evangelho, para ensiná-los a orar e a amar a Deus.
Não compreendemos, ainda, na Terra, a importância da oração sincera, em quaisquer circunstâncias, mas que assume extraordinário valor entre as quatro paredes de um lar!
Os cônjuges crescem, quando há real compromisso de um para com o outro e com as tarefas sagradas que abraçaram no lar, se investem no relacionamento; se fazem concessões mútuas; se não guardam mágoas, nem cultivam sentimentos de vingança; se revelam fraternidade, companheirismo; se compartilham alegrias, dores, sonhos e realizações; se expressam admiração e apoio recíprocos; se se elogiam, a sós ou em público.
E a união conjugal cumpre sua finalidade – que é o do crescimento de ambos e o daqueles que os cercam – quando se sentam frente a frente e se olham nos olhos.
O casamento, afinal, é uma conversa a longo prazo.
A vida a dois exige, sempre, renúncia de lado a lado. Em eventuais discórdias, alguém deve dar o primeiro passo, quebrar o gelo.
Requer permanente exercício da compreensão; da doação; do respeito recíproco e às individualidades, às inclinações, e aos hábitos do outro; fidelidade, paciência, e, sobretudo, o cumprimento dos deveres, por menores que sejam.
O apoio ao outro, para que expanda suas potencialidades, seus talentos, desenvolvendo-lhe a autoestima, aproxima o casal.
No casamento o exercício diuturno do amor, do carinho, da ternura, torna a doação algo natural, prazerosa e desenvolve a comunhão espiritual.
O amor deve ser maior que as dificuldades.
Expressões mágicas a favor da harmonia: errei; você tem razão; peço-lhe perdão; fui indelicado; prometo-lhe que mudarei minha conduta.
Que tal começar hoje mesmo a usar estas expressões a favor da paz no lar?
São fatores que criam atmosfera acolhedora e transformam casas (paredes) em lares.

Referências:
1. DIAS DA SILVA, MA. Quem Ama Não Adoece. 5. ed. São Paulo: Editora Best Seller, 1994. p. 283.
2. XAVIER, F. Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos. 13 ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979.  Cap. 15, p. 99 a 104.
3. MCGAREY, Gladys y William. Revelaciones de Edgar Cayce sobre el amor y la familia. Madrid: EDITORIAL EDAF, S. A., 1989. Cap. 16, p. 245. Tradução livre, do Espanhol.
4. XAVIER, Francisco C. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB.1977. Q. 179.
5. XAVIER, Francisco C. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1982. Cap. 38, p. 212.
6. XAVIER, Francisco C. Vida e Sexo. Pelo Espírito Emmanuel. 6. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1982. P. 60.
7. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1ª edição Comemorativa do Centenário. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Q. 695; 701 e 939, respectivamente.
8. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2013. Cap. V, it. 4.
9. XAVIER, Francisco C. Os Mensageiros. Pelo Espírito André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. Cap. 30, p. 160.
10. VIEIRA, Waldo. Sol nas Almas. Pelo Espírito André Luiz. 3. ed. Uberaba: CEC, 1974. Cap. 37, p. 111.
11. XAVIER, F. Cândido. Luz no Lar. Pelo Espírito Emmanuel. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991. Cap. 49, p. 124.
12. XAVIER, Francisco C. Nosso Lar. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1982. Cap. 20, p. 112.
13. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2013. Cap. 22, it. 5.
14. XAVIER, Francisco C. Evolução em dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1979. 2ª Parte, Cap. 8, p. 186/7.

15. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2013. Cap. 22, it. 2 e 3

http://www.oconsolador.com.br/ano8/406/especial.html

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