a partir de maio 2011

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

CONHEÇA A BÍBLIA E SEJA FELIZ!

CONHEÇA A BÍBLIA E SEJA FELIZ!
  O que dizer da Bíblia, um livro que está traduzido em 2.167 idiomas e dialetos que, no último século teve edições totalizando mais de dois bilhões de exemplares, está ao alcance de 85% da humanidade e são lidos há cerca de três mil anos, merecendo o título de maior best-seller de todos os tempos. É provável que, antes de ser escrita, a Bíblia tenha sido narrada ao longo de muitas gerações, para só então se transcrita nos pergaminhos quando Alexandre, o Grande, conquistou o Oriente Médio, os judeus emigraram para vários lugares de seu império, notadamente a cidade de Alexandria, onde se falavam predominantemente o grego ou o “koiné”, linguagem popular helenística. Por volta do século III a.C. uma tradução da Bíblia para esse idioma foi providenciada.
  A lista dos diferentes livros que compõem essa tradução é mais longa que a dos livros da Bíblia hebraica, sendo adaptada pelos católicos, enquanto os protestantes se atêm à lista da Bíblia hebraica. O Novo testamento, menos extenso, foi redigido num espaço mais curto, menos de um século. O idioma mais provável foi o dialeto grego, que era comum nas províncias romanas do primeiro século d. C.
  Com a ascensão do cristianismo, novas traduções da Bíblia surgiram desta vez em latim, então a língua oficial da Igreja. A Vulgata, a mais conhecida delas, foi feita no quarto século por São Jerônimo. O nome vem da expressão “versio vulgata”, porque foi escrita na versão mais popular do latim. Já o protestantismo seguia as ideias de Lutero, segundo as quais a Bíblia era a única fonte da doutrina cristã, deveria estar ao alcance dos fieis e para isso teria que ser traduzida para os idiomas locais. Para isso ajudou muito a introdução por Gutenberg, de sua oficina gráfica em Mayence, onde saíram os 30 primeiros exemplares da Bíblia impressa, dos quais restam quatro intactos. Na Inglaterra surgiu a versão do Rei James, encomendada pelo monarca e publicada pela primeira vez em 1611.
  Informações interessantes sobre a Bíblia: A Bíblia nem sempre foi dividida em capítulos e versículos. Primitivamente não tinha nem pontuação, a divisão moderna do Antigo Testamento foi feita em 1228 pelo francês Estêvão Langton, arcebispo de Canterbury. A numeração em versículos foi criada por Sante Pagnini, no ano de 1528. A partir do Concílio de Toulouse na França (1229), o Papa Gregório IX passou a liderar a Inquisição, o tribunal do Santo Ofício. Entre as preocupações da Igreja estava a leitura da Bíblia por leigos. Ela não queria perder a hegemonia de seus sacerdotes, como intermediários de Deus, se o conteúdo da Bíblia fosse popularizado. Por isso não aceitava a tradução da bíblia em outras línguas.
  Um católico podia ser considerado herege, excomungado e condenado à fogueira por ler as escrituras. Em 1229, o concílio determinou: “Proibimos os leigos de possuírem o Velho e o Novo Testamento (...). Proibimos ainda mais severamente que estes livros sejam possuídos no vernáculo popular. As casas de homens condenados por possuírem as Escrituras devem ser inteiramente destruídas. Tais homens devem ser perseguidos e caçados, e qualquer um que os abrigar será severamente punido”. (registro oficial do concílio, cânone 14:2).
  Não existem documentos originais, nem do Velho Testamento e nem do Novo Testamento, todos os escritos são cópias, das cópias, das cópias... Quem criou a frase “A bíblia é a palavra de Deus” foram os rabinos. Em algumas épocas, houve um grande fanatismo dentro da Igreja, com relação a essa frase. Hoje são os evangélicos cristãos que ainda a defendem com fanatismo, denominando-a de “inerrância”, ou seja, o princípio dogmático de que tudo quanto nela contém, foi escrito sob a direta inspiração do próprio Deus, e, portanto, tem que estar tudo certo, não podendo haver nada errado. Como a informação do escritor Rubens Alves no livro Protestantismo e Repressão. “Parte-se de um “a priori” dogmático: A Bíblia foi escrita por inspiração de Deus”. Mas, mais do que isso. Não basta dizer “foi”, porque então entraríamos no campo das meditações históricas. Como garantir que o texto não foi corrompido? E com isso a autoridade se dissolve pela dúvida. O texto foi preservado puro em todos os séculos, de sorte que o texto que temos hoje diante de nós contém, na sua totalidade, as próprias palavras de Deus. “A Bíblia é, assim, a voz de Deus”.
  Ou de Wesley (Metodista) que estava convencido da “inerrância” da Sagrada Escritura: “Se houvesse um erro na Bíblia, também poderiam ser mil. Se somente uma coisa fosse falsa neste livro, este não viria do Deus da verdade”. “A escritura do Antigo e do Novo Testamento, portanto, é um sistema da verdade de Deus, extremamente precioso e seguro. Cada parte do mesmo é na medida de Deus, e todos em conjunto formam um todo completo em que nada falta e nada é supérfluo”.
  O exame do Velho Testamento nos leva a duas alternativas: Ou era o próprio Deus, com o propósito de infundir respeito com todos aqueles rompantes de ferocidade de que o Antigo Testamento está repleto, ou Deus se fazia representar ao povo por uma deidade tribal, talvez até mais de uma, como se infere de Gên. 3:22: “Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal”, sendo um Espírito um tanto materializado, que habitava no tabernáculo (2 Sam. 7:6), ou “de tenda em tenda” (1 Crôn. 17:5) e “se comprazia com o cheiro dos animais imolados em holocausto”(Núm. 29:36). Para o teólogo Walter no livro “História da Igreja Cristã” “O Deus do Antigo Testamento, criador do mundo visível, não pode ser o Deus Supremo revelado por Cristo, mas sim um demiurgo inferior”.
  Não resta duvida que o Deus do Antigo Testamento, foi tramado pelos homens à imagem e semelhança destes, com todos os seus defeitos. Senão vejamos:
  Concluída a criação, foi examinar se estava tudo perfeito (Gên. 1:31), como se o Supremo Criador pudesse fazer alguma coisa imperfeita. No entanto logo se arrependeu, quando viu que a maldade se multiplicava na terra (Gên. 6:6) , como se a presciência e a onisciência não fossem qualidades inerentes a Deus. Em matéria de arrependimento ele não ficava atrás de nenhum ser humano. Arrependeu-se da criação (Gên. 6:6), bem como do mal que prometera fazer ao povo (Êxodo 32:14), arrependeu-se de ter feito rei a Saul (1 Sam. 15:11 e 35), arrependeu-se por haver dizimado com peste 70 mil do seu povo (2 Sam. 24:16). Jeová se arrependeu tantas vezes que chegou a se declarar “cansado de se arrepender” (Jer. 15:6). Sendo Deus a infinita perfeição, não poderia jamais se arrepender de nada que houvesse feito.
  Então como é que querem que tudo quanto se encontra na Bíblia tenha sido escrito diretamente por Deus? O Deus que amamos e adoramos não pode estar sujeito às paixões humanas. Não se concebe um Deus de infinita perfeição tomado de rancor, pronto a descarregar sobre suas criaturas a sua tremenda ira. Entre os livros Êxodo e Segundo Reis, contam-se mais de sessenta acessos de cólera de Deus. O Jeová do Velho Testamento, que deu ao seu povo eleito o mandamento “Não Matarás”, mandava exterminar os inimigos e até os amigos, com incrível ferocidade. “Quando chegares a uma cidade a combatê-la, apregoar-lhe-ás a paz; se não fizer paz, a todo varão que nela houver passarás ao fio da espada, salvo as mulheres e crianças e os animais” (Deut. 20:10, 13 e 14), mas isso valia para as cidades distantes, para as próximas, “nenhuma coisa que têm fôlego deixarás com vida” (Deut. 20:16). Com relação ao seu próprio povo: “Cada um tome a sua espada e mate cada um a seu irmão, cada um a seu amigo, cada um a seu vizinho” (Êx. 32:27) “E mataram uns três mil dos israelitas que haviam adorado o bezerro de ouro”. Mas Moisés não matou o seu irmão Arão, que fora o fabricante do ídolo, (Ex. 32:28 e 35). “se teu irmão, teu filho, tua mulher ou teu amigo te convidar para servir outros deuses, certamente o matarás.” (Deut. 13:6/9).
  Como entender quem fossem eleitos e protegidos por Deus assassinos como Eude, que apunhalou a traição o Rei Eglom (juízes 3:21), Davi, que fez morrer Urias para tomar-lhe a sua esposa (2 Sam. 11:15) e Salomão, que tendo 700 mulheres e 300 concubinas (1 Reis 11:3), mandou matar seu irmão Adonias só por que este lhe pedira uma? (1 Reis 2:21 e 25). Como admitir que o Deus que afirmou: “Os pais não morrerão pelos filhos e nem os filhos pelos pais, mas cada qual morrerá pelo seu pecado” (Deut. 24:16), se tenha enfurecido tanto com o ex-rei Saul, ao ponto se assolar o povo com uma fome de três anos. (2 Sam. 21:1), só se aplacando quando Davi mandou matar sete netos daquele seu antecessor? (2 Sam. 21:8/9). Deus manda destruir os medianitas (Num. 31:2) e os israelitas matam todos os homens, porém levam cativas as mulheres, as crianças e todos os animais (Num. 31:9), depois de queimarem todas as cidades e acampamentos (Num. 31:10). Mas Moisés, que “era o mais manso dos homens existente na terra” (Num. 12:3) e também “o maior dos profetas de Israel” (Deut. 34:10) se enfureceu com os oficiais do exército e ordenou que matassem “todos os varões entre os meninos” e todas as mulheres de qualquer idade, poupando somente as virgens” para a diversão da soldadesca (Num. 31:17e18). E só com este ato de misericórdia foram salvos 32 mil (Num. 31:35).
  Vejamos ainda mais algumas incongruências e incorreções naquela que é considerada a “Palavra de Deus”. João afirmou: “Deus nunca foi visto por ninguém” (João 1:18) e “ninguém jamais viu a Deus” (1 João 4:12), o que foi confirmado por Paulo: “aquele a que nenhum homem viu e nem pode ver” (1 Timóteo 6:16) e pelo próprio Jesus: “não que algum homem tenha visto o Pai” (João 6:46). Mas lemos no Antigo Testamento que Deus disse: “Eu apareci a Abraão, Isaac e Jacó” (Êxod. 6:3) e que Moisés, Arão, Nadib e Abiú e mais de 70 anciãos viram Deus (Êxod. 24:9 e 11). “Falava Deus a Moisés face a face, como qualquer homem fala ao seu amigo” (Êxod. 31:11) e, contudo advertiu: “Não poderás ver a minha face, porque homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êxod. 33:20). E, no entanto o próprio Deus afirmou: “Eu falo com Moisés boca a boca e ele vê a forma do Senhor” (Num. 12:8) e “Deus por duas vezes apareceu a Salomão” (1 Reis 11:9). Finalizando a argumentação sobre a insustentável tese da “inerrância” da Bíblia, vejamos algumas informações de alguns teólogos e escritores.
  “Segundo A. Sabatier, decano da Faculdade de Teologia Protestante de Paris, os manuscritos originais dos Evangelhos desapareceram sem deixar nenhum vestígio certo na História. Foram, provavelmente, destruídos por ocasião da proscrição geral dos livros cristãos ordenada pelo Imperador Deocleciano (edito imperial de 303). Os escritos sagrados que escaparam à destruição não são, por conseguinte, senão cópias” (F. Lichtenbrgen, em Enciclopédia das Ciências Religiosas).
  “Apesar de todos os esforços, o que a crítica pôde cientificamente estabelecer de mais antigo foram os textos dos séculos IV e V. Não se pôde remontar mais longe senão por conjecturas, sempre sujeitas à discussão (...) “Orígenes já se queixava amargamente do estado dos manuscritos do seu tempo”. Irineu refere que populações inteiras acreditavam em Jesus sem a intervenção do papel e da tinta. Não se escreveu imediatamente porque era esperada a volta do Cristo.” (...)
  “Celso, desde o século II, no “Discurso Verdadeiro”, lançava aos cristãos a acusação de retocarem constantemente os Evangelhos e eliminarem no dia seguinte o que haviam escrito na véspera.” “A fim de pôr termo às divergências existentes entre os vários manuscritos que circulavam por cópias nas primitivas comunidades cristãs, resolveu o papa Dâmaso, em 384, incumbir Jerônimo de redigir uma tradução latina do Novo Testamento. O tradutor teve que enfrentar consideráveis dificuldades, pois, como declara no prefácio dirigido ao papa, “existiam tantos exemplares dos Evangelhos quantas eram as cópias”... ” Depois de haver comparado certo número de exemplares gregos, mas do antigo, que se não afastam muito da versão itálica, de tal modo os combinamos que, corrigindo somente o que parecia alterar o sentido, conservamos o resto como estava.” “Depois da proclamação da divindade do Cristo, no século IV, e depois da introdução, no sistema eclesiástico, do dogma da Trindade, no século VI, muitas passagens do Novo Testamento foram modificadas, a fim de que exprimissem as novas doutrinas”. Em sua obra “As Bíblias e os Iniciadores Religiosos”, diz Leblois, pastor em Strasburgo: “Vimos na Biblioteca Nacional, na de Santa Genoveva, na do Mosteiro de Saint Gall, manuscritos em que o dogma da Trindade está apenas acrescentado à margem, mais tarde foi intercalado no texto, onde ainda se encontra.” (Léon Denis em “Cristianismo e Espiritismo”).
  “Numerosos Concílios têm discutido a Bíblia, modificando os textos, proclamando novos dogmas, afastando-se cada vez mais dos preceitos do Cristo (...) Léon Denis afirma que “a tradução de Jerônimo foi considerada boa de 386 a 1586, tendo mesmo sido aprovada pelo Concílio de Trento em 1546”. Em 1590 Sixto V achando-a insuficiente e errônea, ordenou uma nova revisão. A edição daí resultante, e que trazia seu nome, foi a seu turno modificada por Clemente VIII, sendo afinal a edição que serviu de base às traduções existentes em diferentes línguas.” (Paulo Finotti em Ressurreição).
  Afirmamos que os preciosos ensinamentos morais contidos na bíblia como um todo brilharam e continuarão a brilhar por muitos séculos concorrendo para dissipar as trevas da ignorância dos homens sempre que eles estiverem à altura de assimilá-los. O que temos que contestar é a tese da “inerrância”, a ideia de que ela encerra toda a verdade e de que tudo que contém a Bíblia é a palavra saída dos lábios do próprio Deus. Afirmamos também, a Bíblia foi escrita por homens e por isso mesmo está repleta de falhas resultantes da imperfeição humana. Pretender que ali esteja à verdade como um bloco monolítico, é semear confusão na mente de homens que já aprenderam, ou pelo menos deveriam ter aprendido, a raciocinar.
  As incoerências e contradições da Bíblia são responsáveis pelo atual cepticismo, imediatismo e indiferentismo moral, depois que o homem perdeu a fé em Deus e nos textos bíblicos, falsamente atribuídos a Deus, os alicerces morais do indivíduo, da família e da sociedade estão abalados e corrompidos. As religiões convencionais já não nos convencem nem de sua "origem divina" e sua "infalibilidade", e nos momentos de transição evolutiva, faltou ao homem uma crença racional e lógica, capaz de sustentar sua fé em Deus e manter a sua Moralidade.
  A Trindade, as Penas Eternas e a Salvação, são dogmas criados pela Igreja Católica, sendo acompanhada por quase todas as denominações protestantes ou evangélicas. Infelizmente esses dogmas estão por demais arraigados no inconsciente da humanidade, que de reencarnação em reencarnação, nestes dois mil anos, se instalou de forma imperiosa no nosso dia a dia, apesar de hoje temos condições de analisar racionalmente esses absurdos teológicos, inconscientemente ainda temos o medo de que esses dogmas sejam verdades e quando morremos estaremos a mercê deles. Foram mil anos de autoritarismo eclesiástico, que se denominou de séculos das trevas, o de não haver qualquer possibilidade de exercer outro pensamento que não fosse o controlado pela igreja e seus sacerdotes, que impunham a todos, o medo e o terror do inferno eterno e as artimanhas em burlar os desígnios de Deus, em detrimentos dos interesses mundanos de seus chefes.
  Isso sem mencionar a inquisição que é outra página negra da igreja secular, que na ânsia de permanecer no controle de tudo e de todos, cometeu os mais absurdos desatinos possíveis e imaginados. Não há razões para perdemos tempo com estes assuntos, vamos nos ater apenas nos citados, começado pela Trindade. Mostrando que na própria Bíblia não há evidências que demonstrem que Jesus era Deus.
  Jesus nunca afirmou que era Deus. Ninguém encontrará no Evangelho uma só palavra sua em tal sentido. O título que ele habitualmente se atribuía o era de “Filho do Homem”, que figura 80 vezes nos Evangelhos (30 no de Mateus, 14 no de Marcos, 26 no de Lucas e 10 no de João). Poucas vezes, e em geral de forma indireta, ele se autodenominou “Filho de Deus”. Os teólogos costumam apresentar como prova da sua divindade a frase “Eu e o Pai somos um” (João 10:30), sem atentar para o fato de que logo em seguida ele incluiu na mesma categoria os apóstolos, quando afirmou; “Pai santo, guarda em teu nome aqueles que me deste, para que sejam um, assim como nós” (João 17:11) e “para que também eles sejam um de nós” (João 17:21). Em vários outros trechos ele se proclamou um “enviado de Deus” (João 4:34, 5:24, 6:29, 6:44, 7:29, 8:26, 12:45, 17:3) e chegou a afirmar: “Porque eu desci do Céu, não para fazer a minha vontade, mas a daquele que me enviou” (João 6:38). É claro que um enviado é sempre inferior àquele que o envia. Ele foi um instrumento, um meio, um caminho para se chegar a Deus, foi verdadeiramente o “pão da vida” que a humanidade esperava para saciar sua fome espiritual.
  Outro trecho que se supõe confirmar a doutrina da trindade é o de 1 João 5:7/8, mas aí a interpolação é tão evidente que a própria “Bíblia de Jerusalém” (editada com aprovação eclesiástica) o resume com estas palavras: “porque três são os que testemunham: O Espírito, a água e o sangue”, aduzindo em nota de rodapé que as frases restantes “não constam dos antigos manuscritos, nem das antigas versões e nem dos melhores manuscritos da Vulgata, parecendo ser uma anotação marginal introduzida posteriormente”.
  A figura de Jesus como um ser humano comum, que por se haver elevado ao ápice do aprimoramento espiritual, pode apresentar-se aos nossos olhos como um modelo de perfeição que todos nós aspiramos e que um dia alcançaremos. Se isso não fosse possível, porque ele afirmou: “Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais” (João 13:15). Sendo Jesus um Espírito gerado em eras inimagináveis, e que por isso mesmo já desfrutava da comunhão com Deus “Antes que houvesse o mundo” (João 17:15) tendo sido ele o planejador, fundador do nosso planeta, sendo o seu Governador Espiritual. “O primogênito de todas as criaturas” (Col. 1:15), logo  “criatura” e não “criador”, pode apresentar-se como o nosso modelo e nosso exemplo pelo fato de haver atingido a suma perfeição, e não porque seja “ingerado, consubstancial com Deus de toda eternidade” como decretou o Concílio de Nicéia no ano 325 da nossa era, predominando a vontade do Imperador Constantino, que egresso do paganismo, estava bem longe de ser considerado um cristão, tanto que continuou como pontífice da antiga religião e só veio receber o batismo quando se achava à morte, no ano de 337.
  Em todos os tempos muitos cristãos se insurgiram contra a ideia da divindade que, como vimos, não encontra apoio nem na Bíblia, nem na razão. Mas o “sistema” ortodoxo que detinha o poder sempre tratou de sufocar todas as tentativas de contestação. “Com as tendências racionalizadoras do século XVIII, as ideias antitrinitárias, que viam na moralidade a essência da religião, foram grandemente fortalecidas. Tais ideias eram representadas no continente europeu por anabatistas e socinianos. Em 1575 foram queimados “batistas arianos” nos países baixos e em 1612 foram queimados os últimos ingleses por motivo de fé”. (Teólogo Walker “História da Igreja Cristã”). Em 1977 sete teólogos ingleses (seis anglicanos e um da Igreja Reformada Unida) publicaram um livro ( O Mito do Deus Encarnado) em que consideram a crença na divindade “ um meio poético ou mitológico de expressar a significação de Cristo para nós, não a verdade literal.” (“TIME” de 15.08.77). O livro tem despertado fortes polêmicas, e é bom que assim seja, a fim de que as consciências acomodadas despertem do seu entorpecimento.
  As penas eternas: “Deus quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.” (Tim. 2:3/4). A vontade de Deus é causa geradora, porquanto ele é infinito em todos os seus atributos, do contrário não seria perfeito. É inadmissível a mais leve restrição à sua soberana vontade e tudo o que ele quer necessariamente acontece. Crer em Jesus é acolher os seus ensinamentos e passar a viver de acordo com os seus preceitos, ou seja, amar nossos inimigos, perdoar e esquecer as ofensas, erradicar o egoísmo e o orgulho, fazer aos outros, o que queremos que eles nos façam. Sempre retribuir o mal com o bem, socorrer os irmãos em suas necessidades sem visar recompensa, enfim, compreender, servir e perdoar indefinidamente. A doutrina das penas eternas não harmonizar-se com a ideia que fazemos de Deus, aliás, expressamente ensinada por Jesus: a de um Pai de amor e de misericórdia. Embora muitos se apegam à letra da Bíblia e gostam de repetir ao extremo, expressões como “fogo eterno”, “geena de fogo” etc., como a prova da eternidade das penas, verificamos que a palavra “eterna” comporta várias acepções, além de “aquilo que não tem fim”, como também “algo de duração imprecisa” ou “aquilo que não se conhece o termo”. Alguns exegetas chegam a distinguir “eternidade” de “eviternidade”, conceito este particular à contingência humana, designativo de “um tempo indefinido” ou “um tempo cujo limite se desconhece”.
  Assim foi, por exemplo, a “aliança eterna” estabelecida por Deus para a casa de David (2 Sam. 23:5) ou com os Levitas escolhidos “para servirem perpetuamente” ao Senhor (1 Crôn. 15:2). É certo que Jesus disse: ”Ide, malditos, para o fogo eterno”, mas não disse: “Ide e queimai eternamente”, porque ainda que o fogo queimasse pela eternidade, isso não implicaria que o condenado ali devesse permanecer para todo o sempre. O fato de que sempre haverá prisão não quer dizer que um prisioneiro deva ficar na prisão por toda eternidade. Vários dos chamados “Pais da Igreja” não admitiam a ideia das penas eternas. “Parecia-lhes”, afirma Voltaire, “absurdo queimar durante a eternidade um pobre homem por haver furtado uma cabra.” São Jerônimo, tradutor da Vulgata Latina: ”muitos sustentam que os tormentos terão um fim, mas no momento isso não deve ser dito àqueles para os quais o temor é útil, a fim de que, pelo terror dos suplícios, cessem de pecar”.
  Clemente de Alexandria: “O Cristo Salvador opera finalmente a salvação de todos, e não apenas a de alguns privilegiados. O soberano Mestre tudo dispôs, quer em seu conjunto, quer em seus detalhes, para que fosse atingido esse fim definitivo.” São Gregório de Nicéia: “Quando Deus faz sofrer o pecador não é por espirito de ódio e vingança; quer conduzir a alma a Ele, que é a fonte de toda felicidade. O fogo da purificação não dura mais que um tempo conveniente e o único fim de Deus é fazer definitivamente participarem todos os homens dos bens que constituem a sua essência”.
  Demonstramos que a doutrina das penas eterna é incompatível com os atributos de um Deus infinitamente bom, infinitamente justo e infinitamente misericordioso. Porque um Deus que ensina seus filhos a amar os inimigos e perdoar indefinidamente as ofensas, enquanto ele próprio condena os pecadores a sofrimento eterno, não admitindo possam arrepender-se após a morte, não é um Deus bom. Um Deus que condena a penas irremissíveis por faltas resultantes da própria imperfeição das almas que ele próprio criou, não é um Deus justo. E um Deus que contempla por toda a eternidade o clamor dos condenados no inferno, sem se comover com o sofrimento desses desgraçados, não pode ser um Deus misericordioso.
  Martim Lutero (1483-1546): Teólogo alemão e líder da Reforma, movimento religioso que levou ao nascimento do protestantismo. Sua influência ultrapassou as fronteiras protestantes e mesmo do cristianismo como um todo, pois trouxe uma série de consequências políticas, econômicas e sociais para o mundo ocidental. Em 1501, Lutero decide tornar-se advogado a pedido de seu pai e entra para a Universidade de Erfurt, onde estuda Arte, Lógica, Retórica, Física e Direito. Torna-se mestre em Filosofia e em 1505 entra para a Ordem dos Agostinianos, depois de uma intensa experiência que viveu durante uma tempestade. Ordena-se padre em 1507 e em 1512 doutora-se em Teologia, sendo designado como professor de teologia em Winttenberg, cargo que manteve por toda a vida. Em seus estudos das Sagradas Escritura, descobriu o verdadeiro sentido da doutrina de Jesus Cristo e sua grande ausência na crença que professava. Influenciado pelos ensinamentos de João Huss, padre excomungado e condenado à fogueira pela Igreja Católica, Lutero começou a desenhar sua doutrina reformista entre seus alunos. A questão fundamental inicial foi à venda de indulgências, prática comum naquela época, utilizada pela Igreja para angariar fundos e manter a vida de prazeres mundanos em que tinha mergulhado o papado. A prática, considerada imoral por Lutero e outros que o precederam nessa luta, foi duramente combatida por ele.
  Em 1517 se fez ouvir sua voz contra os hábitos mundanos e abusivos que a Igreja vinha cometendo, vendendo a salvação em troca de moedas de ouro: afixou suas famosas "95 teses" na porta da igreja do castelo de Wittenberg. As teses, além de combater a venda de indulgências, abordavam outros pontos igualmente importantes de sua doutrina como negação do culto aos santos e autoridade papal, abole a confissão obrigatória e o celibato clerical e só aceita os sacramentos do batismo e da eucaristia. Iniciaram-se as perseguições e calúnias de seus inimigos católicos, com as quais conviveu até a morte. Em 1519 manteve um famoso debate em Leipzig com um teólogo católico, Johann Eck. Ele fez Lutero admitir que tivesse algumas das opiniões de João Huss, considerado herege pela Igreja. Durante o debate Lutero atacou o Concílio de Constança pela condenação de Huss. Eck provocou a excomunhão do monge em 1520 e combateu o protestantismo pelo resto da vida. Em 1521, Lutero já excomungado pelo papa Leão X, é convocado pelo imperador do Sacro Império Romano, Carlos V, a retratar-se em Worms, Alemanha, em um conselho de príncipes, nobres e religiosos.
  O reformador compareceu e reafirmou suas convicções. Declarou: "A menos que eu seja convencido pelo testemunho das Escrituras ou pela razão pura (pois não confio apenas no papa ou nos concílios, uma vez que é público o fato deles terem, com frequência, incorridos em erro ou entrados em contradição), estou preso pelas Escrituras que citei e minha consciência é cativa da palavra de Deus. Eu não posso e não irei renegar nada, já que não é seguro, nem correto, ir contra a consciência. Não posso agir de outro modo".
  Excomungado, Lutero publica os documentos Manifesto à Nobreza Alemã, Do Cativeiro Babilônico da Igreja e Da Liberdade do Cristão, os grandes escritos reformistas. Em 1521 é banido pelo imperador Carlos V da Alemanha. Apoiado por setores da nobreza traduz a Bíblia para o alemão vulgar, obra prima-literária, que se constituiu em enorme contribuição para a criação da língua alemã moderna. Abandona a ordem agostiniana em 1524 e, no ano seguinte, casa-se com uma ex-freira. Em 1530, o imperador Carlos V convoca uma dieta (encontro) dos grupos antagonistas, em Augsburgo, cidade da Alemanha, para acabar com as disputas religiosas em seu império, que havia atingido grandes proporções e consequências assustadoras. Johann Eck faz circular rapidamente panfletos denunciando Lutero e seus seguidores. Para responder ao ataque, é feito um documento com o resumo dos ensinamentos de Lutero, que ficou famoso com o nome de Confissão de Augsburgo. Escrito e defendido por Phillip Melanchthon, principal colaborador e amigo do reformador, os escritos tentavam um equilíbrio em relação a certos pontos controvertidos e mostravam que os luteranos apoiavam a tradição histórica da igreja cristã.
  A Confissão foi rejeitada por Carlos V, mas converteu-se na declaração básica de fé da Igreja Luterana. Na época de sua morte, em Eisleben, em 18 de fevereiro de 1546, aos 63 anos, Lutero já era reconhecido como uma figura importante na história do cristianismo e do mundo. Foi considerado o alemão mais influente de todos os tempos, pois o movimento desencadeado por ele afetou o desenvolvimento político e cultural de cada nação na Europa e na América.
  João Calvino (1509 - 1564): Um dos principais teóricos da Reforma, Calvino nasceu na França, e sua família, pertencente à burguesia, educou-o para a carreira jurídica. Com a divulgação da revolta de Lutero pelo continente europeu, suas ideias foram reformuladas por alguns de seus seguidores, particularmente João Calvino, que dinamizou o movimento reformista através de novos princípios, ampliando a doutrina luterana. Homem dotado de grande inteligência, além de ter sido excelente orador e autor de muitos livros, tinha também excepcional capacidade de organização e administração. Exerceu influência especialmente na Suíça, Inglaterra e Escócia. Influenciado pelo Humanismo e pelas teses luteranas converteu-se em ardente defensor das novas ideias.
  Perseguido na França, Calvino refugiou-se na Suíça, onde a Reforma já havia se estabelecido em algumas regiões, por conta da ação de Ulrich Zwinglio (1484-1531). Escreveu a "Instituição da Religião Cristã" (1536), que se tornou o catecismo dos calvinistas. Em Genebra, transformada na "Roma do Protestantismo", Calvino ganhou notoriedade e poder, conseguindo impor sua doutrina, interferir nos costumes, nas crenças e na própria organização político-administrativa da cidade. Extremamente mais radical que Lutero, João Calvino divergia da escola luterana em alguns pontos importantes: enquanto o primeiro subordinava a Igreja ao Estado, Calvino defendeu a separação entre as duas instituições (em Genebra, a Igreja era o próprio Estado); justificou atividades econômicas até então condenadas pela Igreja, dando impulso considerável ao capitalismo nascente; rejeitou a missa, sacramentos e tudo o que não estivesse rigorosamente de acordo com as Escrituras; destruiu completamente o livre-arbítrio, pois pregava a predestinação absoluta dos eleitos e dos condenados. João Calvino desenvolveu a Igreja que atualmente é chamada de presbiteriana.
  Dois grandes homens que a humanidade deve gratidão, por trazer a cisão necessária ao poderio da Igreja católica, porém, mantiveram alguns dogmas que trouxeram prejuízos aos pensamentos cristãos, embasados nos equívocos interpretativos da Bíblia. Lutero proclamava a divindade de Jesus, o seu miraculoso nascimento e a sua ressurreição; Calvino impõe os dogmas da trindade e da predestinação. Os artigos da "Confissão de Augsburgo" e da "Declaração de Ia Rochelle" afirmam o pecado original, o resgate pelo sangue do Cristo, as penas eternas, a condenação das crianças mortas sem batismo. Destes, o da predestinação é o mais horrendo e pernicioso, além de atentar à nossa capacidade de pensar. A base para esta esdrúxula doutrina da predestinação nasceu através do apostolo Paulo em (Rom. 8:30 e Ef. 1:11), segundo a qual Deus teria escolhido deste a eternidade aqueles que deverão ser salvos.
  Ora, cada ser humano acolhe dentro de si um sentimento inato de justiça, e basta usar um pouco a inteligência para rejeitar quaisquer conceitos que contrariem esse sentimento. É talvez por isso que muitos protestantes esclarecidos, mesmo os filiados a denominações Calvinistas, se sentem inibidos de polemizar sobre a controvertida doutrina da predestinação. Mas os partidários da “inerrância” da Bíblia não podem esquivar-se do dilema, é “ensino de Paulo, portanto “artigo de fé”. Em alguns documentos básicos das Igrejas isso é claro. Vejamos: “Pelo decreto de Deus para manifestação de sua glória, alguns homens e anjos são predestinados para a vida eterna e outros preordenados para a morte eterna”... Ninguém é redimido por Cristo senão somente os eleitos. O resto da humanidade aprouve a Deus deixa-la de lado para desonra e para a ira.” (confissão de fé de Westminter 1643).
  “Deus antes da constituição do mundo preordenou alguns homens para a vida eterna através de Jesus cristo, para louvor e glória da sua graça, deixando os restantes em seus pecados, para seu justo julgamento, para louvor de sua justiça.” (confissão Batista de Fé 1646). Os Jesuítas católicos ao menos foram mais capciosos em driblar os absurdos da doutrina, pois lemos nos “Exercícios Espirituais” de Inácio de Loiola: “É preciso também ter em mente que, embora seja verdade que ninguém é salvo a não ser aquele que é predestinado, devemos falar circunspectamente deste assunto, pois ao contrário, se acentuarmos por demais a graça da predestinação, poderia parecer que fechamos a porta à vontade livre e os méritos das boas obras; de outro lado, atribuindo a esta mais do que lhes pertence, derrogamos o poder da graça”.
  Basta um raciocínio: Se Deus escolhe de antemão aqueles que serão salvos, é claro que, por exclusão, escolhe também os que serão condenados. E isso sem outro objetivo que o de entrega-los graciosamente a Satã, descrito na Bíblia como “um leão que ruge, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5:8), nem precisa rugir ou tragar ninguém, basta que fique em seu canto contabilizando as almas que lhe são consignadas a cada instante pela generosidade celeste. Por que persiste Deus em criar incessantemente tantos milhões de almas, se a maioria delas tem por destino a perdição eterna?
  É ele o mesmo Deus que “não faz acepção de pessoas?” (Atos 10:34 e Rom. 2:11) e que foi apresentado por Jesus como o paradigma da perfeição? (Mat. 5:48) o próprio Paulo afirmou “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”(Rom 10:13) e Tiago ensinou: “aquele que converter do erro um pecador salvará da morte uma alma e cobrirá uma multidão de pecados”(Tiago 5:20). Tudo isso não configura a antítese da doutrina da predestinação? Alguém pode perguntar, porque Paulo introduziu no Cristianismo a doutrina da Predestinação? A ideia da predestinação em princípio resultou das condições da sua própria conversão. Fariseu entre os Fariseus (atos 23:6) perseguidor feroz dos cristãos em sua mocidade, era rigoroso e inflexível nas suas convicções, e por isso mesmo foi escolhido por Jesus para ser o divulgador do Evangelho entre os gentios.
  Dadas às circunstâncias em que ocorreu a sua conversão, nada mais natural que se sentisse um “tocado pela graça”, ou um “predestinado” (Gal. 1:15), como, de resto, indiscutivelmente foi. O certo é que a doutrina da predestinação dividiu a Cristandade em duas alas aparentemente inconciliáveis: a dos deterministas e a dos partidários do “livre-arbítrio” dentro das igrejas reformadas, essa questão vem sendo mantida em aberto desde a célebre polêmica entre Lutero, determinista intransigente e Erasmo defensor da livre opção. Se de um lado o “determinismo” tira do homem a faculdade de escolher livremente o seu caminho, o outro, o “livre-arbítrio” vai de encontro ao ensino do apóstolo, que considera o destino dos homens preordenado por Deus. Quando a consciência cristã se libertar do dogma das penas eternas e compreender que o homem tem por destino a felicidade suprema, quando atingir o ápice da perfeição, reconhecerá que a predestinação significa a reintegração de todo gênero humano no seio do Criador. Todos os homens são criaturas de Deus, consequentemente seus filhos, e ele não seria justo se preordenasse qualquer deles à condenação eterna, portanto sendo presciente, bastaria não cria-los.
  Deus representa o Amor em sua expressão mais sublime, portanto é lógico que ele cria as almas para o fim de alcançarem a felicidade eterna, na plenitude dos tempos. Esta é a essência dos ensinamentos de Paulo, e se a cristandade continua a se debater no dilema “determinismo ou livre-arbítrio”, é que ainda não tomou conhecimento da solução trazida pelo Espiritismo, revivendo a milenar doutrina, agora cientificamente provada, da sucessão de vidas passadas no plano físico, de que o Espírito necessita para atingir a perfeição. Fica claro que o que Deus predestinou foi a reunião de todos os seres e coisas com Cristo, na plenitude dos tempos (Ef. 1:10/11). Mas esse determinismo é o da meta final e coexiste com o “livre-arbítrio” que cada Espírito tem de escolher o caminho que melhor lhe convier para atingir seu destino. Os que seguem o caminho da retidão progridem rapidamente; os que por vontade própria, se perdem nos vícios e nas paixões, retardam a sua caminhada e sofrerão as consequências, até que um dia o sofrimento os reconduza ao bom caminho. A compreensão de que coexistem “determinismo” (no objetivo final) e “livre-arbítrio” (nos meios empregados para alcançar o objetivo), só se tornou possível com a aceitação, hoje generalizada, da ideia das vidas sucessivas.
  “A doutrina multimilenária da reencarnação, que os Espíritos introduziram no corpo da filosofia espírita, trouxe os elementos que faltavam para entender a aparente e contradição das duas ideias e reconciliá-las numa síntese racional que não se choca com a noção que temos dos atributos de Deus. Não há, pois, condenação eterna após a morte física, nem salvação gratuita ao cabo de uma única existência em que mal é possível estimar, com certa propriedade, os nossos próprios valores íntimos. Deus seria imenso e incompreensivelmente injusto se decidisse, por puro arbítrio, premiar alguns com a salvação e condenar tantos outros ao sofrimento eterno. Sendo a expressão máxima do Amor, para quais todos nós caminhamos, como poderia punir inapelavelmente o Espírito antes de este ter qualquer oportunidade de demonstrar suas boas ou más inclinações? Dir-se-ia que Deus sabe de antemão que aquele Espírito não vai dar boa conta de si. Então, como se justifica a sua criação? A noção de Deus que cria para a dor ou para o crime é totalmente incompatível com os seus atributos de perfeição e amor”. (Hermínio C. Miranda – “As Marcas do Cristo”)
EVIDÊNCIAS DA REENCARNAÇÃO NA BÍBLIA.
  A lei da reencarnação acha-se indicada em muitas passagens do Evangelho e deve ser considerada sob dois aspectos diferentes: à volta à carne, para os Espíritos em via de aperfeiçoamento e a reencarnação dos Espíritos enviados em missão a Terra.
Em sua conversação com Nicodemos, Jesus assim se exprime: "Em verdade te digo que, se alguém não renascer de novo, não poderá ver o reino de Deus." Contestou Nicodemos: "Como pode um homem nascer, sendo já velho?" Jesus responde: Em verdade te digo que, se um homem não renasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é Espírito. Não te maravilhes de te dizer: importa-vos nascer outra vez. O vento sopra onde quer e tu ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. “Assim é todo aquele que é nascido do Espírito." (João 3:3/8). Jesus acrescenta estas palavras significativas: "Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?". O que demonstra que não se tratava do batismo, que era conhecido pelos judeus e por Nicodemos, mas precisamente da reencarnação já ensinada no "Zohar", livro sagrado dos hebreus.
  Esse vento, ou esse Espírito que sopra onde lhe apraz, é a alma que escolhe novo corpo, nova morada, sem que os homens saibam de onde vem, nem para onde vai. Na Cabala hebraica, a água era a matéria primordial. Quanto à expressão Espírito Santo, que se acha no texto e que o torna incompreensível, é preciso notar que a palavra, santo, não se encontra em sua origem e que foi aí introduzido muito tempo depois, como se deu em vários outros casos. É preciso, ler: renascer da matéria e do Espírito.
  Noutra ocasião, a propósito de um cego de nascença, encontrado de passagem, os discípulos perguntam a Jesus: "Mestre, quem foi que pecou? Foi este homem, ou seu pai, ou sua mãe, para que ele tenha nascido cego?" (João 9:1/2). A pergunta indica, antes de tudo, que os discípulos atribuíam a enfermidade do cego a um pecado. Em seu pensamento, a falta precedera a punição; tinha sido a sua causa primordial.
  É a lei da consequência dos atos, fixando as condições do destino. Trata-se aí de um cego de nascença; a falta não se pode explicar senão por uma existência anterior. Daí essa ideia da penitência, que reaparece a cada momento nas Escrituras: Fazei penitência, dizem elas constantemente, isto é, praticai a reparação, que é o fim da vossa nova existência; retificai vosso passado, espiritualizai-vos, porque não saireis do domínio terrestre, do círculo das provações, senão depois de” haverdes pagado até o último centavo. ”(Mateus 5:26)”. Em vão têm procurado os teólogos explicar de outro modo, que não pela reencarnação, essa passagem do Evangelho. Chegaram a raciocínios, pelo menos, estranhos. Assim foi que o sínodo de Amsterdã não pôde sair-se da dificuldade senão com esta declaração: "o cego de nascença havia pecado no seio de sua mãe”. Era também opinião corrente, nessa época, que Espíritos eminentes vinham, em novas encarnações, continuar, concluir missões interrompidas pela morte. Elias, por exemplo, voltara a Terra na pessoa de João Batista. Jesus o afirma nestes termos, dirigindo-se à multidão: "Que saíste a ver? Um profeta? E vos afirmo que sim, e mais que um profeta. E, se o quiserdes dar crédito, ele é o próprio Elias que devia vir. Quem tem ouvidos, ouça. (Mateus, 11:9/14/ 15). Mais tarde, depois da decapitação de João Batista, ele o repete aos discípulos: “E seus discípulos o interrogam, dizendo: Porque, pois, dizem os escribas que importa vir primeiramente Elias? Ele, respondendo, lhes disse”: "Elias, certamente, devia vir e restabelecer todas as coisas. Mas eu vos digo: Elias já veio e eles não o conheceram antes lhe fizeram quanto quiseram. Então, conheceram seus discípulos que de João Batista é que ele lhes falara." (Mateus 17:10/11/12/15). Assim, para Jesus, como para os discípulos, Elias e João Batista eram a mesma e única individualidade.
  Ora, tendo essa individualidade revestido sucessivamente dois corpos, semelhante fato não se pode explicar senão pela lei da reencarnação. Numa circunstância memorável, Jesus pergunta a seus discípulos: Que dizem do filho do homem?. E eles lhe respondem: "Uns dizem: É João Batista, outros Elias, outros- Jeremias ou um dos profetas." (Mateus 16:13/14; Marcos 8:28). Jesus não protesta contra essa opinião como doutrina, do mesmo modo que não protestara no caso do cego de nascença. Ao demais, a ideia da pluralidade das vidas, dos sucessivos graus a percorrer para se elevar à perfeição, não se acha implicitamente contida nestas palavras memoráveis: "Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito"? Como poderia a alma humana alcançar esse estado de perfeição em uma única existência? Vejamos outros casos:
  Se Deus amava Jacó e detestava Esaú, antes que houvesse nascido, é claro que só podia ser pelo que tivessem feito em vida precedente, de outra forma Deus não seria justo (Rom. 9:11/13). (... Visito a iniquidade dos pais nos filhos na terceira e quarta geração...(Êxodo 20:5) deixando claro que o pecador voltará como seu próprio neto ou bisneto e sofrer as consequências dos seus erros do passado. E para finalizar:
  O que há de errado com a ideia da reencarnação? O Evangelista não identificou Jesus como um Espírito que se fez carne e habitou entre nós? Os judeus não supunham que ele era a reencarnação de Elias, ou de outros profetas? E o próprio Jesus não assegurou que João Batista era a reencarnação de Elias? Alguns refutam esta passagem alegando que o Batista negou tivesse sido Elias, claro que só podia negar, pois enquanto na carne o Espírito não se recorda de existências anteriores. Mas notem que no mesmo versículo ele também negou ser profeta e, no entanto Jesus afirmou que “entre os nascidos de mulher não houve um profeta maior do que João Batista” (Lucas 7:28).
  “Deus é a inteligência suprema e soberana; ele é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não pode ser diverso disso. Tal o critério infalível de todas as doutrinas filosóficas e religiosas... Toda teoria, todo princípio, todo dogma, toda crença, toda prática que estiver em contradição com um só que seja desses atributos que tente não tanto anulá-los, mas simplesmente diminuí-los não pode estar com a Verdade. Em Filosofia, em Psicologia, em Moral, em Religião, só há de verdadeiro o que não se afasta, nem um til, das qualidades essenciais da Divindade. A Religião perfeita será aquela cujos dogmas todos suportem a prova dessa verificação, sem nada sofrer” “Porque fé inabalável só é aquela que pode encarar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade” (Allan Kardec).
APOCALIPSE
  Das reações modernas ao livro de Apocalipse, duas vêm rapidamente à mente. “Obsessão” é a palavra apropriada para descrever alguns dos milhões de devotos em profecia nos dias de hoje, que estudam com afinco as profecias no estilo de Nostradamus, correlacionando eventos atuais fora de época com suas antigas advertências secretas. Esses intérpretes comparam a China vermelha com os “reis do leste” (Ap. 16:12-16), o Mercado Comum Europeu com os “dez chifres da besta” (Ap. 13:1-10), a marca da besta (666) em Apocalipse 13 com tudo o que for possível, de cartões de crédito à internet e o anticristo com o desfile de pessoas proeminentes, incluindo Adolf Hitler, Benito Mussolini, Henry Kissinger, Mikhail Gorbatchov, etc. Essa intensa fascinação com o Apocalipse por que prevê a destruição de modo pessimista não mostrou sinal algum com o passar dos tempos. A leitura do último livro da Bíblia como se fosse uma visão em uma bola de cristal, causou inegavelmente mais dano que proveito, e hermeneutas responsáveis a evitam.
  Uma segunda réplica moderna sobre o Apocalipse pode ser expressa pela palavra “irrelevante”. Como indica o termo, muitos consideram que o Apocalipse é uma coletânea antiquada de imagens bizarras, designadas para moralizar as pessoas por meio de táticas de medos divinos. A obsessão gerou a irrelevância.
  Os Estados Unidos congrega o maior número de Protestantes e teólogos com formação acadêmica no mundo. Tradicionalmente há quatro interpretações principais na tentativa de desvendar os mistérios do Apocalipse: preterista, historicista, futurista, e idealista. Os nomes resumem a essência das aproximações respectivas.
  A interpretação preterista (passado) entende que os acontecimentos do Apocalipse em grande parte foram cumpridos nos primeiros séculos da era cristã, quer na queda de Jerusalém no século I, quanto na queda de Roma no século V, de fato o livro foi escrito para confortar cristãos que sofreram perseguições tanto do culto imperial quanto do judaísmo.
  A interpretação historicista encara os eventos do Apocalipse como um desdobramento no curso da história. Essa perspectiva era especialmente compatível com o pensamento dos reformadores protestantes que comparavam o sistema papal de sua época com o anticristo.
  A interpretação futurista discute que os eventos do Apocalipse, em grande parte, não foram cumpridos, assegurando que os capítulos 4 – 22 esperam o fim dos tempos para a sua realização. Se a interpretação preterista dominou entre os estudiosos bíblicos, pode-se dizer que a interpretação futurista é a mais privilegiada entre as massas.
  O ponto de vista da interpretação idealista, por meios de contraste em relação às três construções teológicas anteriores, é renitente em identificar historicamente o simbolismo do Apocalipse. Para essa escola de pensamento, o Apocalipse relata verdades infinitas relativas à batalha entre o bem e o mal que continuam ao longo da igreja. Muitos cristãos nos dias de hoje se acham em algum lugar entre dois extremos, abordando o Apocalipse com preocupação “obediente, mas hesitante” ou eles referenciam o livro como inspirado por Deus e, portanto, como algo pertinente às suas vidas, eles, no entanto, acham seu significado confuso e até potencialmente discordante.
  O Apocalipse de João foi escrito em um grego pobre, em contraste com o estilo do bom grego dos escritos joanino autênticos evangelhos e cartas. Desta forma fica impossibilitado à autoria do mesmo. Allan Kardec utilizou algumas previsões atribuídas a Jesus e com o auxílio dos Espíritos, desenvolveu um trabalho neste sentido, com raciocínio lógico de toda uma obra que nos mostra que qualquer pensamento no sentido de destruição material do planeta Terra seria um absurdo dos absurdos. Colocamos parte do texto sobre previsão, contido no livro “A Gênese” de Allan Kardec - tradução de Albertina Escudeiro Seco.  (continua...)
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TEXTO RETIRADO DO LIVRO “A Atual Reencarnação da Rainha Maria de Padilha – Livro II”
Capítulo VIII “CONHEÇA A BÍBLIA E SEJA FELIZ!”
“Referencias bibliográfica está no livro”
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LIVRO 01
LIVRO 02
Grato
Edson Pereira da Rocha

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