a partir de maio 2011

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O essencial...



CHRISTINA NUNES 
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)
Uma Era de Luz reclama luz íntima,
vidraças desembaçadas, autenticidade
de ser e de se querer
Não me lembro, a esta altura, da autoria do pensamento que li em algum lugar esta semana, mas o fato é que é recorrente ao longo dos tempos, fruto de exemplo e ensinamentos de muitos seres inspirados e iluminados que baixaram ao orbe como lanternas radiantes; como fontes de luz, eternas em si mesmas, para espalhar claridade curativa em meio ao tumulto ainda disseminado neste mundo! E este pensamento diz que não interessa, de fato, a religião em si, ou os nomes de cada uma das centenas existentes ao longo das eras, quando a melhor essência delas ainda não existe no lugar principal: no íntimo do indivíduo! 
Não interessa, pois, quem possa ser o autor do que li. Mais importa que se trate, muito provavelmente, da Verdade entre as verdades, e que a vivenciasse esta humanidade em plenitude, e o nosso planeta já se contaria entre os lugares de autêntico gozo espiritual entre as esferas evolutivas!  
Na hora do “vamos ver” a verdade se revela 
Fato – independente de crença ou descrença! Você pode alegar o que quiser – ser budista, muçulmano, espírita ou católico, ateu ou estudioso da cabala, afim às nobres hostes da Fraternidade Branca, não importa!
Se ainda torce seu nariz diante do próximo que não compartilha seu ângulo de percepção da vida; se evita esse contato, como se prevenindo de contágio com algo pestilento; se, nos ambientes mais comuns do serviço profissional, onde várias correntes de pensamento e de históricos de vida ombreiam com o seu perfil, você assume, mesmo que intimamente, ares de superioridade, de arrogância em face da postura que julga inferior; se não consegue discernir a essência para além das boas vestes, da oratória estudada, dos traquejos sociais em quaisquer lugares que sejam – inclusive em templos, centros ou igrejas! –  não adianta! Pode passar o restante de sua permanência temporária na materialidade repetindo como um disco quebrado para si que já se iluminou, ou então aceitando elogios perigosos que o induzem ao cultivo da vaidade, com um falso sorrisinho de modéstia! Na hora do "vamos ver", da tão propalada "seleção do joio e do trigo", da qual nenhum de nós escapa ao retornarmos às nossas respectivas dimensões originárias de direito, deparará, nada mais, nada menos, com o ambiente e companhias correspondentes exatos ao que fez jus ao longo do aprendizado por aqui, sem tirar nem pôr!  
religiosidade, eis o que é essencial 
De modo que... desista! Não haverá banda de música nem orquestra sinfônica executada em sua homenagem porque foi mais ou menos rico, ou morou num bairro privilegiado de qualquer quadrante do planeta, ou esteve em cargos importantes; ou porque simulou bondade com espalhafato ao projetar obras sociais de grande vulto, embora visando, nos bastidores, à exaltação do próprio ego! Porque, qualitativamente, mais terá feito, para exemplo, aquele mendigo da foto estampada semanas atrás no Facebook, abrigando com seu único cobertor seu cão vira-lata num inverno de rachar, encolhido numa calçada, e explicando – a alguém que lhe pergunta a razão de fazer aquilo – que o animal também sente frio, é seu amigo e que lhe cabe protegê-lo! 
essência da religião. A religiosidade, inerente a cada modo de ser, ver, pensar e se conduzir, por mais diminuto que seja, frente a tudo o que nos rodeia –  eis o divisor inexorável de águas, meus amigos! E não blá-blá!
Vivemos numa época em que tudo se vê sob a luz implacável de holofotes intensos, desvelando cada meandro da vida, fora e dentro de nós! Sobrecarga de informações em aparelhos cada vez mais pequenos, e avalanche de atitudes simultâneas de milhões de pessoas ao redor do globo desvelando, rigorosamente, cada essência! Época em que tudo se fala, tudo se debate; muito se dissimula, e quase tudo se desenrola ao sabor do livre-arbítrio individual, de modo que, sob o império contraditório das aparências, cabe a cada um fazer a sua escolha, vivenciar a sua sintonia! E os resultados aparecem, mais cedo ou mais tarde, com base nesta eleição espontânea, e forma grupos maiores ou menores que colhem experiências inevitáveis em repercussão justa às próprias diretrizes!  
Ninguém, salvo exceções, pode alegar que “não sabia” 
Sim – parece que a Lei de Causa e Efeito vem reduzindo seu intervalo de manifestação nos nossos repertórios de vida, ainda enquanto reencarnados! Ninguém mais pode alegar que "não sabia", salvo em raras situações. Ninguém deve contar que as repercussões de nossos atos só aparecerão lá na frente, nas reencarnações vindouras ou depois da desencarnação, porque tudo se acelerou demais nos nossos tempos e, estranhamente, acelerou-se mesmo o tempo! E, ao que se percebe, é chegada a hora de a essência prevalecer sobre as camadas superficiais do ser transitório, que na luta encarniçada dos egos ainda se esforça para manter este mundo sob o domínio de um império ilusório que já vai desmoronando por si e desaguando em todo o caos visível em cada recanto da Terra. 
Como sintoma iniludível, muitos de nós já andamos nos sentindo exaustos. Fartos dessa monumental, secular dissimulação! Muitas almas clamam por respirar em seu habitat próprio! Nossos espíritos suspiram por sintonia, rejeitam falsas aparências, nos empurram para vivências mais autênticas, mais afins ao patamar genuíno alcançado por nossos seres neste ponto da caminhada! 
Simples assim – quem se deleita na luz, nos espaços solares, busca o remanso dos cenários campesinos, das praias claras varridas por ondas tépidas. Quem vê encanto no lodaçal das paixões fugazes, inóspitas, corre, ainda, em pensamentos e atitudes, e seja lá em que ambiente for, em busca dos panoramas sombrios das gloríolas ilusórias deste mundo que, mais dia, menos dia, será deixado para a avaliação devida do aprendizado colhido no atual capítulo do drama terrestre, encenado por cada agrupamento comum!  
Luz íntima, vidraças desembaçadas, eis o que é preciso 
Basta, portanto, de hipocrisia! Uma Era de Luz reclama luz íntima, vidraças desembaçadas, autenticidade de ser e de se querer! Basta de falsas virtudes restritas ao verniz habilidoso do vocabulário e dos falsos gestos, cheios de pretensas verdades!
Como outrora nos ensinou São Francisco, um dia por vez, cada minuto vivido com autenticidade junto aos que neste trecho do caminho dividem conosco as horas cotidianas, são espelhos fiéis da nossa essência, mais ou menos empoeirada com os valores caducos necessitados de renovação urgente, mais ou menos luminosa por consequência de nossas conquistas espirituais reais –  não as alegadas, mas as silenciosas, de cuja veracidade sabem, acima de tudo e de todos, o Criador e o nosso Eu Superior! 
Paremos, assim, com a invigilância de enaltecer coisas e seres que se autodenominam ponteiros da Sabedoria Iluminada dos Mestres de quaisquer procedências, mas que denunciam em si mesmos, sob qualquer análise mais acurada, a ausência daquele fator principal: a simplicidade de viver de que aqueles Seres são dotados. Porque ainda sentenciam e selecionam, vaidosamente; acusam, menosprezam, apontam, distanciam; julgam, e se autoelegem para convívio exclusivo com um pretenso clube fechado de notáveis de espírito que, no entanto, proclamando-se os eleitos das doutrinas superiores, sequer ainda são capazes de compreender as necessidades de amor e de compaixão de um animal que, esquecido na aridez das ruas,  sofre e padece frio.  

http://www.oconsolador.com.br/ano8/374/especial.html


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