a partir de maio 2011

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Envelhecer e morrer- Parte 1



RICARDO BAESSO DE OLIVEIRA kargabrl@uol.com.br
Juiz de Fora, MG (Brasil)

Uma abordagem biológica e espiritual
 Parte 1
Uma das propriedades dos seres vivos multicelulares é sua inserção em um ciclo vital, caracterizado pelas seguintes fases: nascimento, crescimento, reprodução, envelhecimento e morte. Enfermar, envelhecer e morrer são determinismos biológicos, resultados da fragilidade da matéria orgânica e da finitude da vida biológica. Como isso se verifica tem sido objeto de discussões em diferentes áreas do conhecimento humano.
Jared Diamond, biólogo e pesquisador da Universidade da Califórnia, Estados Unidos, comenta:
“Algo na nossa fisiologia torna o envelhecimento inevitável. O envelhecimento pode ser encarado simplesmente como um dano não reparado ou uma deterioração. Uma teoria atribui o envelhecimento às progressivas dificuldades que nosso sistema imunológico supostamente encontra para distinguir entre as nossas próprias células e células estranhas.  Outras teorias relacionam o envelhecimento a mudanças hormonais e degeneração neuronal [...] do ponto de vista da biologia evolutiva, o envelhecimento é resultado da relação entre os custos da reparação e as vantagens reprodutivas de manter-se vivo. A evolução parece ter feito um arranjo para que todos os nossos sistemas se deteriorem, e só investimos em reparar até onde vale a pena”. (O terceiro chimpanzé.)
Acreditamos que as enfermidades, o envelhecimento e a morte são o resultado do somatório de três fatores: genéticos, reencarnatórios e comportamentais. 
Fatores genéticos 
Fatores genéticos possuem uma óbvia importância na longevidade e na expectativa de vida de um indivíduo. (Genética essencial.) Lembra Jared Diamond que, evidentemente, nossa capacidade de sobreviver até a idade madura dependeu em grande medida dos avanços culturais e tecnológicos. É mais fácil defender-se de um leão se você carregar um rifle poderoso do que uma lança ou uma pedra. Contudo, os avanços culturais e tecnológicos não teriam sido suficientes, a menos que o nosso corpo também tivesse sido redesenhado para viver mais tempo. Nenhum primata antropoide enjaulado num zoológico chega aos 80 anos, apesar dos benefícios da moderna tecnologia humana e da atenção veterinária. O camundongo terá sorte se chegar aos 2 anos, mesmo com comida abundante e atenção veterinária.(Terceiro chimpanzé.)
Provavelmente muitos genes e interações complexas de genes estão relacionados à longevidade. Tem-se relacionado o envelhecimento humano e algumas enfermidades ao encurtamento progressivo de uma região do cromossomo, denominado telômero. Os telômeros (do grego telos, final) representam as extremidades dos cromossomos, caracterizadas por uma grande concentração de DNA repetitivo e não codificante de proteínas.  
Por que são valiosas as células-tronco adultas 
Além de serem responsáveis por garantir a estabilidade das extremidades dos cromossomos durante o ciclo celular, minimizando a chance de rearranjos estruturais, os telômeros parecem estar associados à sinalização necessária para o pareamento correto dos cromossomos durante a divisão celular.
O tamanho dos telômeros é mantido por enzimas telomerases capazes de restaurar o número de repetições presentes nas extremidades cromossômicas. No entanto, a maioria das células humanas tem quantidade limitada de telomerase e, a cada vez que a célula se divide, ocorre um encurtamento natural das regiões teloméricas, até o ponto em que a célula perde a capacidade de divisão e caminha para a morte celular. Por esse motivo, o encurtamento dos telômeros tem relação direta com o envelhecimento e com vários tipos de câncer, já que favorece a ocorrência de rearranjos envolvendo as extremidades dos cromossomos. (Genética essencial.)
Segundo Henne Holstege, pesquisadora do Centro Médico da Universidade Vrije, em Amsterdã, que conduz estudos sobre a longevidade, continuamos vivos apenas pelo tempo em que nossas células-tronco são capazes de regenerar tecidos vitais. Morremos no momento em que elas se “cansam”. Células-tronco adultas estão presentes em todos os nossos órgãos. São valiosas pela capacidade única de se dividir.  
Função das células-tronco adultas 
Enquanto as células-tronco embrionárias são capazes de dar origem a qualquer célula do corpo, a função das células-tronco adultas é se dividir, por meio de um processo chamado mitose, de modo a criar novas células daqueles mesmos órgãos em que nasceram. Células-tronco sanguíneas, por exemplo, dão origem a novas células do sangue. Dessa maneira, elas são capazes de repor células mortas e regenerar tecidos danificados.
Em um dado momento, nossas células-tronco atingem um ponto de esgotamento. A partir daí, tornam-se cada vez menos produtivas até o ponto em que não são mais capazes de regenerar os tecidos vitais. 
Segundo Holstege, estima-se que as pessoas nasçam com algo em torno de 20 mil células-tronco sanguíneas. A cada nova divisão celular, o tamanho dos telômeros diminui, encolhendo até o ponto de exaustão, quando a célula morre. Um traço das células de pessoas longevas que tem surpreendido os pesquisadores é a ausência de mutações nocivas.
Ao longo da vida, erros ocasionados no processo de divisão celular podem ocasionar mutações nocivas para a saúde, levando ao desenvolvimento de tumores, por exemplo. Longevos estudados pelo grupo da professora Holstege pouco sofriam desse problema. As mutações encontradas em suas células são inofensivas, um sinal de que, provavelmente, o corpo deles possui um sistema imunológico eficiente, capaz de se livrar de células danificadas antes que elas causem algum mal. (Olhar direto, Ciência e saúde, 24/4/2014.) 
Fatores reencarnatórios 
A expectativa de vida física de um Espírito reencarnado depende de fatores relacionados ao seu passado reencarnatório. O Espírito, através de suas irradiações mentais, reflete sua identidade evolutiva, necessidades de desenvolvimento e problemas pessoais a serem resolvidos. Esses fatores estão relacionados à predisposição às enfermidades a que o Espírito, enquanto encarnado, poderá estar exposto e, obviamente, à expectativa de vida da atual experiência reencarnatória.
Situações especiais existem em que a desencarnação surpreende o indivíduo em condições absolutamente independentes de sua vontade e de seu comportamento, como, por exemplo, desencarnação na infância ou resultado de acidentes ou violência em que o envolvido nenhuma responsabilidade tenha no ocorrido. Nessas situações particulares, os fatores reencarnatórios são quase absolutos.
Em O Livro dos Espíritos lê-se:
Algumas pessoas só escapam de um perigo mortal para cair em outro. Parece que não podiam escapar da morte. Não há nisso fatalidade?
“Fatal, no verdadeiro sentido da palavra, só o instante da morte o é. Chegado esse momento, de uma forma ou doutra, a ele não podeis furtar-vos.” (O Livro dos Espíritos, item 853.)
- Assim, qualquer que seja o perigo que nos ameace, se a hora da morte ainda não chegou, não morreremos?
“Não; não perecerás e tens disso milhares de exemplos. Quando, porém, soe a hora da tua partida, nada poderá impedir que partas. Deus sabe de antemão de que gênero será a morte do homem e muitas vezes seu Espírito também o sabe, por lhe ter sido isso revelado, quando escolheu tal ou qual existência.”(LE, item 853-a.) 
Influência dos Espíritos na gênese das doenças 
Emmanuel, examinando o determinismo da morte, esclarece:
“Com exceção do suicídio, todos os casos de desencarnação são determinados previamente pelas forças espirituais que orientam a atividade do homem sobre a Terra.” (O Consolador, pergunta 146.)
Como o Espírito poderia interagir com a genética, definindo o tempo de sua permanência na dimensão física? Podemos aventar que o Espírito, carreando em seu psiquismo sua condição evolutiva e suas necessidades cármicas, exerceria poderosa influência sobre os genes responsáveis pela expressão das enzimas telomerases, responsabilizando-se diretamente pela síntese dessa enzima e consequentemente pela restauração dos telômeros. Poderia intervir, também, no número de células-tronco e na dinâmica das mutações. O processo de envelhecimento estaria então vinculado à personalidade reencarnada, através, obviamente, dos processos biológicos naturais, citados acima.
Não se pode desconsiderar, todavia, a influência de Espíritos desencarnados na manutenção da saúde e na gênese das doenças nas entidades domiciliadas na dimensão física. Espíritos perturbados e enfermos, em simbiose psíquica com os encarnados, podem carrear para eles vibrações espirituais de natureza enfermiça, concorrendo para o surgimento de uma série de doenças físicas ou mentais, que podem eventualmente levá-los à desencarnação.
Por outro lado, Espíritos superiores podem intervir de forma positiva, contribuindo para a saúde dos seus tutelados, bem como atuando direta ou indiretamente em suas organizações físicas, antecipando ou prolongando o momento da morte, em benefício deles mesmos, ou de pessoas vinculadas a eles. (Continua no próximo número.) 

http://www.oconsolador.com.br/ano8/377/especial.html

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