a partir de maio 2011

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Passe em reuniões públicas – é ele obrigatório?

GEBALDO JOSÉ DE SOUSA 
gebaldojose@uol.com.br
Goiânia, Goiás (Brasil)


“Esclarecer os companheiros quanto à inconveniência da petição de passes todos os dias, sem necessidade real, para que esse gênero de auxílio não se transforme em mania. É falta de caridade abusar da bondade alheia.” 1

Não! Para os Espíritos ele não é obrigatório, como se vê no texto acima citado e em muitos outros. Mas, em muitas Casas Espíritas, é utilizado como se o fosse.
Os que se habituam ao passe nas reuniões públicas buscam apenas a cura do corpo, por estarem condicionados às soluções exteriores.
E por outras duas razões. A primeira delas em consequência de chegarem às Casas Espíritas, em geral, enfermos.
Ali, recebem, no tratamento espiritual, o passe, a água fluidificada e a desobsessão. É essa a correta terapia espiritual. A cura ou o alívio de seus males pode induzi-los ao hábito do passe.
A segunda razão – de nossa inteira responsabilidade! – é a de que, concluído o tratamento, nem sempre se orienta os pacientes sobre futuras e eventuais utilizações do passe magnético.
Não se lhes diz que lhes é imprescindível, a partir daí:
a) – Continuar assistindo às "Reuniões Públicas";
b) – Estudar a Doutrina Espírita, inscrevendo-se em cursos; e
c) – Inscrever-se nas atividades de assistência social.
Estas duas últimas opções (estudo e trabalho) levam-nos à reforma interior, que nos conduz à cura efetiva, pois, como afirma o Divino Mestre, a Verdade liberta. Tanto isso é real que não se vê contumazes recebedores de passes entre aqueles que fizeram o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita; ou outros cursos; ou, ainda, que são estudiosos; ou que aprendem a servir ao próximo nas diversas atividades que a Doutrina Espírita nos oferece.
Há quem estimule os presentes a receberem passes indefinidamente. Em alguns Centros Espíritas até fecham a porta de saída, forçando a passagem pela sala de passes... Assim agindo, deixam a impressão de que há obrigatoriedade na recepção de passes. O que, repetimos, não é verdade.
Já escrevemos sobre este tema o seguinte:
“Observamos que na maioria das Casas Espíritas não há orientação adequada quanto à utilização do passe. Ele é ministrado a todos os frequentadores, indistintamente; de forma que, sobretudo os novatos, entendem que, ao ouvirem uma exposição espírita, devem após, sempre, receber o benefício do passe. Habituam-se, anos a fio, a recebê-lo uma ou mais vezes por semana.
Os que se tornam trabalhadores do Centro ficam com o hábito não só de tomar os seus passes diários – chegando a (...) recebê-los após aplicá-los –, mas     como o de induzir todos a recebê-los. Há os que ainda requisitam “passe especial”... Como se houvesse uma escala de valores para os passes, uns          diferentes dos outros: o ‘comum' e o ‘especial’. (...)
É claro que não se vai impedir alguém de receber o passe, mas todos devem ser orientados adequadamente.
Nas reuniões públicas, antes do início da transmissão dos passes, a orientação deve ser repetida, pois que há sempre frequentadores novos, a cada reunião".
Jesus nos afirma que "(...) Os sãos não precisam de médico, e, sim, os doentes". (Lc, 5:31.) Por que receber o passe, se estamos física e mentalmente bem?
No Editorial do Informativo O Trabalhador Espírita, de maio/2000, o então Presidente da Federação Espírita do Estado de Goiás, Umberto Ferreira, alerta:
“O livro Orientação ao Centro Espírita 2 – escrito após amplas discussões nos Estados, em reuniões regionais e, finalmente, em reunião do Conselho Federativo Nacional, juntamente com a FEB – proporciona aos centros espíritas orientações adequadas sobre como conduzir as suas diversas atividades.
Com relação às reuniões públicas em que se realiza a aplicação de passes, recomenda o livro que se encerre primeiro a reunião pública e deixe um pequeno intervalo para que as pessoas que vieram somente para ouvir a palestra possam retirar-se.
Em seguida, o passe é aplicado nas pessoas interessadas ou necessitadas. Essa orientação é sábia porque separa a função de educandário – que instrui, esclarece, educa – da de hospital, que alivia ou cura.
Muitos centros, no entanto, preferem desenvolver as duas atividades numa única reunião. Portanto, só fazem a prece de encerramento após o término dos passes ou trabalhos de cura.
Uma das consequências desse tipo de reunião é a de estimular todos os presentes a tomarem passes todos os dias em que comparecem às reuniões públicas, já que têm que aguardar a prece final. (Grifamos).
É importante enfatizar que este modelo de reunião que inclui o passe na reunião de estudo (ainda que sob a forma de palestras evangélicas) não está previsto nas obras básicas”.
Portanto, o ideal é que se adote o modelo sugerido pelo opúsculo Orientação ao Centro Espírita, elaborado com a participação das Federações Espíritas Estaduais – via Conselho Federativo Nacional –, sob a coordenação da FEB.
Nele, ela é indicada, dentre as que são públicas, com o nome de "Reunião de Assistência Espiritual". E, talvez por isso, não a identifiquem como a vulgarmente conhecida "Reunião Pública".
Mas esse opúsculo, pouco conhecido e estudado, é, menos ainda, aplicado, sobretudo por dirigentes de Casas Espíritas.
O que é uma pena, porque conhecê-lo e aplicá-lo é um dos meios de favorecer a Unificação do Movimento Espírita Brasileiro!
Um dos objetivos da Doutrina Espírita é o de despertar as criaturas para a função dinâmica, transformadora do Evangelho, que é a de curar o Espírito.
Consentir que as pessoas prossigam cultivando religião por hábito, sem mudanças interiores, permanecendo com os braços cruzados e as mentes atrofiadas, é sacrilégio inominável. É omissão pela qual responderemos.
É contribuir para que permaneçam à margem do manancial imenso de verdades eternas contidas na Doutrina Espírita, e prossigam sedentas de luz, limitando-se a buscar curas para o corpo.
Cabe-nos, pois, fugir à acomodação, estudar e trabalhar, para sermos fiéis ao Divino Mestre, despertando-nos para a Verdade que a todos nos libertará. 

(1)
 Conduta Espírita, André Luiz/Waldo Vieira, Cap. 28, 18ª ed., FEB, Rio, 1995.

(2)Orientação ao Centro Espírita 1980. Conselho Federativo Nacional, 3.ed., Rio: FEB, 1988

http://www.oconsolador.com.br/ano8/367/gebaldo_sousa.html

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