a partir de maio 2011

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Fenômenos psicofísicos de natureza espiritual-Parte 1



NUBOR ORLANDO FACURE                                              
lfacure@uol.com.br                                            
Campinas, SP ( Brasil)


A doutrina espírita contém em seus fundamentos uma série de informações que nos permitem identificar uma “classe especial de fenômenos” que sugerimos tratar-se de fenômenos “psicofísicos de natureza espiritual”. Correspondem ao processo de atuação da Alma no corpo físico.
É muito fácil reconhecermos os fenômenos da realidade física e da esfera psicológica que fazem parte de toda nossa vida. Queremos, no entanto, pôr em destaque uma outra classe de fenômenos que só a atuação do Espírito é capaz de explicar.
No mundo físico conhecemos a natureza da matéria e os processos que regem seu movimento e suas combinações. No mundo psicológico identificamos os mecanismos inconscientes que impõem nossos comportamentos e aprisionam nossos desejos.
No domínio espiritual a literatura, especialmente de Kardec, André Luiz e Emmanuel, já nos indicou mecanismos interessantes que atuam na interface corpo/alma.
O paradigma atual da Medicina, embora tenha esclarecido grande parte da anatomia e da fisiologia do organismo humano, não tem abrangência suficiente para perceber ou interpretar o complexo mecanismo de atuação do Espírito sobre o corpo. Essa será, possivelmente, a maior descoberta da Ciência.
Um modelo interessante para exemplificar a extensão dessa dificuldade é visto na glândula pineal. Conhecemos sua anatomia minúscula, sua relação com os ritmos biológicos, sua sensibilidade à luz, sua precária ligação com o cérebro, sua produção química modesta e sua expressão clínica pouco significativa. É por isso que causaram surpresa os relatos que nos chegaram da espiritualidade, apontando expressivas atividades da glândula pineal, que ultrapassam o que até hoje fomos capazes de constatar com nossos estudos macro ou microscópicos.
Precisamos deixar claro que o que enxergamos “do lado de cá” é apenas a expressão anátomo-funcional da glândula. Por não termos os instrumentos de acesso ao mundo espiritual, não sabemos como é que se processa sua atividade na interação cérebro/mente.
Podemos identificar as células da pineal e sua microestrutura, registrar suas trocas metabólicas, identificar as secreções dos humores e a transmissão dos influxos nervosos. Entretanto, no domínio da atividade espiritual, os possíveis componentes, e como atuam, são ainda indetectáveis pelos nossos instrumentos. Extrapolar nosso conhecimento “daqui para lá” ainda permanece no campo da metafísica.
Não seria prudente imaginarmos que “por aqui” poderemos um dia conhecer toda a extensão desse fenômeno que chamamos de “psicofísico de natureza espiritual”, pressupondo, de antemão, que “do lado de lá” a dinâmica espiritual do fenômeno é muito mais ampla e significativa do que a nossa anatomia pode registrar.
Aprendemos com a Doutrina Espírita que existem três elementos fundamentais que direcionam a fisiologia dos processos orgânicos que condicionam a vida: o Espírito, o Perispírito e os Fluidos que intermedeiam a intercessão corpo/alma.
Parece-nos ser desnecessário anotar os detalhes já bem conhecidos dos três. Os livros básicos da Doutrina são suficientes. Nosso propósito será o de apontar alguns fenômenos que nos parecem ilustrativos para a apresentação da fisiologia metafísica que estamos interessados em estudar:    
  • A fixação do pensamento
  • A coesão da população celular
  • Os centros de força
  • A corrente sanguínea e a energia vital
  • A glândula pineal e sua fisiologia espiritual
  • A ectoplasmia
  • A respiração restauradora.
Nossa sugestão é que fenômenos desse tipo sejam rotulados de “fenômenos Espírito-somáticos”. Seu estudo abrange uma grade de fenômenos que pode nos levar a conhecer Leis gerais da fisiologia que integra o corpo à Alma. Essa sugestão motiva-se pelo fato de que, aparentemente, há muitos outros fenômenos do mesmo tipo; não é conveniente dar a impressão de que sua lista é completa. 
A fixação do pensamento – A neurofisiologia sugere que o pensamento é um processo contínuo que se expressa na atividade dos neurônios do cérebro. Nossas ideias nascem a partir de estímulos externos que atingem os órgãos dos sentidos ou por mecanismos internos de percepção e memórias acumuladas no decorrer da vida. 
O neurônio foi identificado como célula fundamental a partir do momento que técnicas de coloração permitiram o reconhecimento da sua estrutura. Quando Camillo Golgi em 1873 usou uma tintura de prata para corar o cérebro, foi possível perceber que alguns neurônios se impregnavam com essa coloração revelando o corpo celular e seus prolongamentos, inaugurando, a partir daí, uma revolução extraordinária no conhecimento do cérebro.
Nessa mesma época (final do século XIX), Franz Nissl conseguiu corar os neurônios com violeta de cresil, descobrindo no citoplasma o amontoado de uma substância de aparência “tigroide” que ficou conhecida como “corpúsculos de Nissl”. Os estudos atuais revelaram que esses corpúsculos correspondem a uma estrutura membranosa denominada Retículo Endoplasmático Rugoso que tem a função de construir proteínas dentro dos neurônios. Algumas dessas proteínas farão parte das membranas celulares e outras participarão de enzimas que atuam na produção de neurotransmissores.
A membrana que reveste os neurônios é formada por duas camadas de uma substância gordurosa fosfolipídica. Essa camada é impermeável, isolando o conteúdo interno dos neurônios dos fluidos extracelulares. Ela é, porém, interrompida por “portões” de proteínas que constroem os canais que permeabilizam as membranas. É através desses canais de constituição proteica que entram ou saem íons e substâncias que afetam a atividade dos neurônios (sódio, potássio, cálcio, neurotransmissores, tranquilizantes, antidepressivos e drogas como a cocaína, para citar exemplos mais conhecidos).
Por outro lado, as enzimas são indispensáveis para a produção dos neurotransmissores que realizam toda a transmissão da informação entre os neurônios.
Pode-se depreender que os corpúsculos de Nissl, estando diretamente ligados à produção de proteínas, exercem um papel fundamental na fisiologia cerebral.
André Luiz, em psicografia de 1958 (Evolução em dois Mundos), destacou a importância dos corpúsculos de Nissl ensinando que aí a mente fixa seus propósitos transmitindo pelo pensamento as ideias que o Espírito projeta no cérebro. A partir das percepções dos sentidos, o Espírito renova suas ideias, projeta na rede de neurônios sua energia que resulta em pensamentos capazes de se adequarem no cérebro, produzindo nossos atos.
Um neurônio, em constante atividade, vai expandindo suas sinapses fixando o aprendizado que a experiência vai lhe fornecendo. Em cada sinapse se ajustam os canais de transporte químico fundamentais à troca de informações entre os neurônios. Tanto esses canais, como os neurotransmissores, são construídos a partir de proteínas montadas, principalmente, dentro dos corpúsculos de Nissl. Portanto, afirmar que o Espírito exerce atuação direta nos corpúsculos de Nissl, como ensinou André Luiz, permite-nos supor que é o Espírito que em última análise constrói o tipo de neurônios que estrutura o cérebro de cada um de nós. 
A coesão da população celular – O organismo humano é formado por mais de 300 trilhões de células em constante renovação. Os diversos órgãos que o compõem se estruturam em diferentes camadas de tecidos que reúnem células típicas e variadas. Temos em nosso corpo para mais de 250 tipos diferentes de células, incluindo os neurônios, as células da glia que sustentam o cérebro, os hepatócitos, as células musculares, as gordurosas, as epiteliais que revestem a pele e assim por diante.
A Ciência atribui ao programa impresso no genoma todo esse projeto de distribuição e organização do gigantesco universo celular que constrói nosso corpo. Falta-nos, entretanto, uma teoria adequada ao gigantismo dessa tarefa, já que só de neurônios temos dezenas de tipos morfológicos, num total de 100 bilhões de células, exigindo conexões sinápticas que ultrapassam a trilhões de ligações absolutamente precisas. Precisamos lembrar que no útero materno o embrião constrói 250 mil neurônios por minuto. Torna-se uma tarefa espantosa para os poucos 33 mil genes que trazemos como patrimônio genético.
A doutrina espírita ensina que o molde que nos estrutura o corpo físico é função do perispírito que nos ajusta ao mundo espiritual. Estão nesse perispírito todos os traços que identificam nosso mundo mental. Entretanto, a feição física que aparentamos e os estigmas de doenças que nos marcam não se reproduzem como uma cópia fotográfica fiel do nosso perispírito. As pessoas de aparência simples mas de Espírito nobre irradiam uma tessitura espiritual que sobressai diante das imagens de beleza a que a mídia costuma dar destaque, especialmente para o corpo feminino. A presença de deformidades físicas está ligada aos nossos méritos e necessidades, adequadas aos débitos pretéritos que acumulamos, mais do que à aparência do perispírito. Nem sempre os aleijões acompanharão o Espírito após a desencarnação.
Allan Kardec sugere que o conhecimento do perispírito tem muito a colaborar com a Medicina para esclarecimento de nossas doenças. Mas recorremos de novo a André Luiz para nos surpreender com suas revelações. Ele ensina que, pela atuação de nossa mente, mantemos coesas os trilhões de células que compõem o nosso corpo. Essa atividade dá às nossas atitudes uma responsabilidade enorme no compromisso que temos de zelar pelo nosso equilíbrio físico. Porém, as surpresas não param por aqui. André Luiz afirma que cada uma dessas células é um universo microscópico onde estagia o princípio inteligente, constituindo cada célula que abrigamos em nosso corpo uma unidade, com individualidade própria, sobre as quais temos imensa responsabilidade de sustentar e conservar. São “Almas” irmãs que, em estágio primitivo, percorrem conosco as lutas da vida física, emprestando ao Espírito humano a dádiva do seu metabolismo. 
Os centros de força – A cultura milenar do Oriente registra em seus livros sagrados a existência de centros de força ou chacras, de localização constante no corpo espiritual de todos nós. Eles se localizam no cérebro e em plexos distribuídos pelo nosso corpo nas regiões da laringe, do estômago, do baço, do plexo celíaco relacionado com o trato digestivo e na região genital.
São em número de dois no cérebro: o chacra cerebral localizado na região frontal e o chacra coronário nas regiões centrais do cérebro.
Os lobos frontais passaram por um processo extraordinário de expansão quando se iniciou a evolução do ser humano na Terra. O lobo frontal é a região que mais nos distingue do cérebro de um chimpanzé. Estão relacionados com nossos pensamentos abstratos, com nossa capacidade de classificar os objetos, de organizar nossos atos e programar nosso futuro. Sem o lobo frontal o homem se torna irresponsável, perde a capacidade de organizar as coisas num ambiente, deixa de se preocupar com os outros, pode se tornar jocoso e não percebe a gravidade da situação em que vive. É o lobo frontal o que mais nos torna humanos.
André Luiz nos diz que o chacra cerebral, de localização frontal, nos permite estar em união com as esferas mais altas que direcionam nossos destinos na Terra. Através da oração, projetando a súplica piedosa ou o agradecimento sincero, mantemos contato com os seres sublimes que nos orientam e protegem.
Na região coronária podemos apontar três níveis estratificados anatomicamente. O córtex, os núcleos da base e o diencéfalo. O córtex cerebral da região coronária se relaciona com a atividade motora que nos facilita os movimentos voluntários. Nos núcleos basais (tálamo, putâmen, globo pálido e caudado) são organizados nossos movimentos automáticos, que nos permitem realizar a respiração, a deglutição, a mastigação e a marcha, para citar exemplos fáceis de compreendermos. E, finalmente, o diencéfalo reúne um agrupamento de células que desempenham papel importantíssimo no controle de nossas funções metabólicas, intimamente associadas à nossa sobrevivência. No hipotálamo, que compõe parte importante do diencéfalo, são produzidas dezenas de substâncias que controlam a atividade das nossas glândulas, funcionando como estimuladores da produção de hormônios na hipófise, na tireoide, na suprarrenal, nos ovários e nos testículos, entre tantas outras glândulas.
André Luiz ensina que no chacra coronário estão situadas as forças que mantêm em equilíbrio a atividade dos trilhões de células que obedecem ao nosso comando mental, mantendo a forma e as funções do nosso corpo físico.(Este artigo será concluído na próxima edição.)
Nubor Orlando Facure é médico neurocirurgião e diretor do Instituto do Cérebro de Campinas-SP. Ex-professor catedrático de Neurocirurgia na Unicamp (Universidade de Campinas), é escritor e expositor espírita.
 
http://www.oconsolador.com.br/ano8/367/especial.html

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