a partir de maio 2011

sábado, 26 de abril de 2014

Os Espíritos constituem um mundo à parte?

84. Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?

“Sim, o mundo dos Espíritos, ou das inteligências incorpóreas.”



É comum ver alguns espíritas afirmarem que os espíritos errantes vivem apenas no espaço, nos mundos físicos, ao lado dos encarnados. Como podem ver na questão 84, 85 e 86, do Livro dos Espíritos, essa afirmação não está correta. Vamos ver porquê:


Segundo o Espiritismo existe apenas dois elementos gerais no universo, matéria e espírito, e acima de tudo Deus, o criador de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. 



O fluido cósmico universal é a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar de tudo que existe, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, estado natural do mundo dos Espíritos, e o de materialização ou de ponderabilidade, estado que corresponde ao mundo corpóreo, material, ou seja, o mundo dos encarnados, o nosso Universo material, visível e tangível.

Desse modo, a diferença entre o mundo dos espíritos e o mundo dos encarnados está apenas no grau de modificação desse fluido. 

Imaginem, por exemplo, um oceano imenso, sem fim. Esse oceano seria o Fluido Universal, o fluido que constitui tudo que existe. Agora imaginem que em algum lugar desse oceano o Fluido Universal começou a condensar, compactar. Essa condensação deu origem ao mundo material tangível, o Universo físico onde nós estamos.

Observem essa imagem desse iceberg. O mundo material seria a parte formada pelo gelo, a parte condensada; e o mundo espiritual a parte não condensada, a água. Notem que se o gelo derreter ele volta a ser água, da mesma forma que se a matéria tangível perder suas propriedades de ligação atômica, volta para seu estado normal e se junta ao Fluido Universal.




A pureza absoluta, da qual nada nos pode dar ideia, é o ponto de partida do fluido universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria tangível (Iceberg). Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro. 

Do ponto inicial de condensação ao ponto máximo de condensação forma o estado dos mundos físicos, tanto dos mundos mais superiores como dos mundos mais inferiores, como a terra. Os mundos superiores são os mundos mais próximos do estado normal e etéreo do Fluido Universal, ou seja, do seu estado Puro; e os mundos inferiores estão mais distantes, pois quanto mais distante mais condensado, mais material. 

Resumindo: Quando mais purificado é o mundo, mais ele se aproxima do estado puro de Fluido Universal, e quanto mais material, mais ele se afasta. Todos os mundos físicos, por mais grosseiros que sejam, um dia se tornará tão puro que sua massa se confundirá com o Fluido Universal, e um dia voltará ao Fluido Universal para dar origem à novos mundos materiais. 

O estado puro do Fluido Universal, o estado que não sofreu nenhuma transformação material, é onde vive os espíritos, isto é, é o mundo dos espíritos (L.E q.84). Na imagem acima, seria a parte líquida do Oceano. 

Mas os espíritos estão por toda parte, povoam infinitamente os espaços infinitos, isto é, tanto os mundos físicos como o mundo dos espíritos, pois é incessante a correlação entre ambos, uma vez que um sobre o outro incessantemente reagem, como podem ver na imagem do iceberg: como o gelo é formado de água, a água pode atravessar tudo, da mesma forma que toda a matéria física, tangível, visível é apenas o fluido Universal em seu estado condensado, que também atravessa tudo. Como os espíritos podem atravessar a matéria, nem todos, porém, vão a toda parte, pois há regiões interditas aos menos adiantados. Pois os Espíritos inferiores não podem suportar o brilho e a impressão dos fluidos mais etéreos.


Se o mundo corporal deixasse de existir, o que aconteceria era apenas a matéria tangível voltar para o seu estado normal, fluídico, como por exemplo, o Iceberg da imagem voltaria a ser água. Por essa razão que o Mundo dos espíritos preexiste e sobrevive a tudo, pois a matéria apenas mudaria de estado e voltaria a seu estado normal, não prejudicando em nada o mundo dos espíritos. 


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84. Os Espíritos constituem um mundo à parte, fora daquele que vemos?

“Sim, o mundo dos Espíritos, ou das inteligências incorpóreas.”

85. Qual dos dois, o mundo espírita ou o mundo corpóreo, é o principal, na ordem das coisas?

“O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.”

86. O mundo corporal poderia deixar de existir, ou nunca ter existido, sem que isso alterasse a essência do mundo espírita?

“Decerto. Eles são independentes; contudo, é incessante a correlação entre ambos, porquanto um sobre o outro incessantemente reagem.”

 

      Revista Espírita - Abril de 1859


                                               Quadro da vida Espírita


"O envoltório semi-material do Espírito constitui uma espécie de corpo de forma definida, limitada e análoga à nossa. Mas esse corpo não tem os nossos órgãos e não pode sentir todas as nossas impressões. Entretanto, percebe tudo quanto percebemos: a luz, os sons, os odores, etc. Por nada terem de material, nem por isso essas sensações deixam de ser menos reais; têm, até, algo de mais claro, de mais preciso, de mais sutil, porque lhe chegam sem intermediário, sem passar pela fieira dos órgãos que as enfraquecem. A faculdade de perceber é inerente ao Espírito: é um atributo de todo o seu ser; as sensações lhe chegam de todas as partes, e não por canais circunscritos. Um deles nos dizia, falando da visão: “É uma faculdade do Espírito e não do corpo; vedes pelos olhos, mas não é o olho que vê, é o Espírito”.

Pela conformação de nossos órgãos, temos necessidade de certos veículos para as sensações; é assim que nos é necessária a luz para refletir os objetos e o ar para transmitir o som. Esses veículos se tornam inúteis, desde que não temos mais os intermediários que os tornavam necessários. O Espírito, pois, vê sem o auxílio da nossa luz, ouve sem necessidade das vibrações do ar; eis por que, para ele, não há obscuridade. Mas as sensações perpétuas e indefinidas, por mais agradáveis que sejam, tornar-se-iam fatigantes com o tempo, se não lhe fosse possível subtrair-se a elas. Assim, tem o Espírito a faculdade de suspendê-las; pode deixar de ver à vontade, ouvir ou sentir tais coisas e, conseqüentemente, não ver, não ouvir e não sentir o que não queira. Essa faculdade está na razão de sua superioridade, porquanto há coisas que os Espíritos inferiores não podem evitar, pelo que se torna penosa a sua situação.

É essa nova maneira de sentir que o Espírito não compreende no início, da qual só aos poucos se dá conta. Aqueles cuja inteligência é ainda muito atrasada não a compreendem de forma alguma e sentiriam muita dificuldade em descrevê-la: absolutamente como entre nós os ignorantes vêem e se movem, sem saber como e por quê.
Essa impossibilidade de compreender o que está acima de seu alcance, associada à fanfarrice, companheira ordinária da ignorância, é a fonte das teorias absurdas dadas por certos Espíritos e que nos induziriam em erro, caso as aceitássemos sem controle e não nos assegurássemos do grau de confiança que merecem, através dos meios proporcionados pela experiência e pelo hábito de com eles conversar.

Há sensações que têm sua fonte no próprio estado de nossos órgãos. Ora, as necessidades inerentes ao nosso corpo não podem ocorrer, desde que o corpo não existe mais. O Espírito, portanto, não experimenta fadiga nem necessidade de repouso ou de nutrição, porque não tem nenhuma perda a reparar, como não é acometido por nenhuma de nossas enfermidades. As necessidades do corpo determinam as necessidades sociais que, para os Espíritos, não mais existem, tais como as preocupações dos negócios, as discórdias, as mil e umas tribulações do mundo e os tormentos a que nos entregamos para garantirmos as necessidades ou as coisas supérfluas da vida. Eles sentem piedade pelos esforços que despendemos em razão das futilidades; quanto mais felizes são os Espíritos elevados, tanto maior sofrimento experimentam os inferiores. Entretanto, esses sofrimentos se expressam como angústias que, embora nada tenham de físico, nem por isso são menos pungentes; eles têm todas as paixões e todos os desejos que tinham em vida – falamos dos Espíritos inferiores – e seu castigo é não os poder satisfazer. Isso representa uma verdadeira tortura, que julgam perpétua, porque sua própria inferioridade não lhes permite ver o termo, o que, para eles, também é um castigo"


 
Revista Espírita - Abril de 1859



                                               Quadro da vida Espírita

"Os Espíritos não são, pois, seres vagos, indefinidos, conforme as definições abstratas da alma a que nos referimos pouco atrás. São seres reais, determinados, circunscritos, gozando de todas as nossas faculdades e de muitas outras que nos são desconhecidas, porque inerentes à sua natureza; têm as qualidades da matéria que lhes é peculiar e constituem o mundo invisível que povoa o espaço, cercando-nos e se acotovelando incessantemente conosco. Suponhamos, por um instante, que o véu material que os oculta à nossa vista seja rasgado: ver-nos-íamos envolvidos por uma multidão de seres que vão e vêm, agitando-se à nossa volta e nos observando, como o faríamos se nos encontrássemos em uma assembléia de cegos. Para os Espíritos nós somos os cegos e eles são os videntes.

Seria erro pensar que a vida espírita seja uma vida ociosa. É, ao contrário, essencialmente ativa, e todos nos falam de suas ocupações; tais ocupações diferem necessariamente, conforme seja o Espírito errante ou encarnado. No estado de encarnação, elas são relativas à natureza dos globos por eles habitados, às necessidades que dependem do estado físico e moral desses mundos, bem como da organização dos seres vivos. Não é isso que vamos tratar aqui; falaremos somente dos Espíritos errantes. Entre os que alcançaram um certo grau de elevação, uns velam pela realização dos desígnios de Deus nos grandes destinos do Universo; dirigem a marcha dos acontecimentos e concorrem para o progresso de cada mundo; outros tomam os indivíduos sob sua proteção, constituindo-se em seus gênios tutelares e anjos-da-guarda, acompanhando-os desde o nascimento até à morte, buscando encaminhá-los na senda do bem: é uma felicidade para eles quando os seus esforços são coroados de sucesso. Alguns encarnam em mundos inferiores, para neles realizarem missões de progresso; por seus trabalhos, exemplos, conselhos e ensinamentos procuram fazer que uns progridam nas ciências ou nas artes, outros na moral. Submetem-se, então, voluntariamente às vicissitudes de uma vida corporal muitas vezes penosa, com vistas a fazer o bem, e o bem que fazem lhes é levado em conta. Outros, finalmente, não têm atribuições especiais: vão a toda parte onde a sua presença pode ser útil, dão conselhos, inspiram boas idéias, sustentam a coragem dos que vacilam, fortificam os fracos e castigam os presunçosos.

Se considerarmos o número infinito de Mundos que povoam o Universo e o incalculável número de seres que o habitam, compreenderemos que os Espíritos têm muito em que se ocupar; tais ocupações, porém, nada têm de penosas; eles as realizam com alegria, voluntariamente, sem constrangimento, e sua felicidade é triunfar naquilo que empreendem; ninguém pensa numa ociosidade eterna, que seria um verdadeiro suplício. Quando as circunstâncias o exigem, reúnem-se em conselho, deliberam sobre a marcha a seguir, conforme os acontecimentos, dão ordens aos Espíritos que lhes são subordinados e vão para onde o dever os chama. Essas assembléias são mais ou menos gerais ou particulares, conforme a importância do assunto; nenhum lugar especial e circunscrito é destinado a essas reuniões: o espaço é o domínio dos Espíritos. Entretanto, elas se realizam de preferência nos globos onde estão os seus objetivos. Os Espíritos encarnados, que neles estão em missão, delas participam conforme a sua elevação; enquanto o corpo repousa, vão haurir conselhos dos outros Espíritos e, muitas vezes, receber ordens sobre a conduta que devem adotar como homens. É verdade que ao despertar não conservam uma lembrança precisa daquilo que se passou, delas guardando a intuição, que os leva a agir como se o fizessem por conta própria.


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