a partir de maio 2011

sábado, 23 de novembro de 2013

O EXTREMO OPOSTO DA DESFIGURAÇÃO DO ESPIRITISMO

  A Associação Brasileira de Delegados e Amigos da Confederação Espírita Pan-Americana, no seu II Encontro Nacional (Bento Gonçalves/RS, 3 a 6 de set/2010), produziu um manifesto: CARTA DE POSICIONAMENTOS DA CEPABrasil (sic). Nada me surpreendeu no documento. Desde há muito discordo do laicismo pan-americano, bem como do misticismo febiano, extremos opostos da desfiguração do Espiritismo.[1]
  A Carta diz que “o laicismo vem com o Espiritismo desde seu início e que foi a partir de infiltrações clericais, como a roustainguista entre outras, que se o começou a descaracterizar, numa tentativa de convertê-lo em uma seita mística de feição salvacionista” [1.6]. Não ignoro o quão deletéria foi e é a influência rustenista, nem o quanto foi repelida por Kardec desde sempre. Até empreendi um dimensionamento histórico e crítico desse cisma.[2]
  Curioso, porém, é que, para ilustrar “o início” do Espiritismo, se reporte o manifesto a uma resolução do Congresso Espírita Internacional de 1888, que recomenda “constante esforço para difundir o LAICISMO por todas as esferas da vida” [1.6]. Desde o verdadeiro “início” do Espiritismo, em 1857, está dito, contudo, que “todos os que tiverem em vista o grande princípio de JESUS se confundirão no mesmo sentimento de amor ao bem e se unirão por um laço fraterno que envolverá o mundo inteiro”.[3]
  Tornar o Espiritismo laico, “terreno neutro em questões religiosas” [1.7], é, pois, desnaturá-lo, já que se vincula indelevelmente a JESUS. Os espíritos não o consideram “único Senhor e Salvador”, mas, doutro lado, “o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo”. Eles propugnam pelo “Reino de Deus anunciado por JESUS”, “o reino do bem” que, segundo eles mesmos, “estão encarregados de preparar”.[4] Eis aí algo que, por certo, não se deve ao rustenismo.
  Mas para os delegados e amigos da CEPA isso não constitui obstáculo, nem a mais oportuna citação kardeciana tem o condão de surtir qualquer efeito, porque entendem que o Espiritismo precisa de “atualização”, de “ressignificação”, de “revisão”, não só “de conteúdos, como também da linguagem e do método empregados na sua elaboração” [5.2].
  Asseguram que “a CEPA não questiona os princípios fundamentais do Espiritismo”, embora propalem que “poderão ser questionados conceitos e interpretações a eles referentes, expressos na literatura espírita” [5.10].
  Kardec fica reduzido, portanto, a simples “corrente” atrasada do pensamento espírita, razão pela qual a CEPA bem convive com a “diversidade de interpretações e de formas de pensar e agir decorrentes dos níveis de compreensão e de preferência dos espíritas” [3.3].
  A Doutrina se presta a ambiguidades tais que justifiquem reconhecimento de “correntes espíritas” [4.1, 4.3]? A Doutrina enseja esse convite à massa de afoitos para que integrem um tão duvidoso e tresloucado esforço de “atualização”, a fim de “assegurar o futuro e a permanência do Espiritismo” [5.8]? Onde estão os sábios avalistas dessa revisão informe, que se verificaria mediante, pasmem, a “universalidade do conhecimento dos espíritas encarnados e desencarnados”? [5.11]
  Como falar de “resgate da proposta original do fundador do Espiritismo”, se “a união dos espíritas e das instituições, em torno dos princípios fundamentais da doutrina” deve ocorrer, segundo a CEPA, “respeitadas as interpretações particulares de pessoas ou grupamentos” [4.4]? Equivale a dizer: laicismo, rustenismo, ubaldismo, ramatisismo, andreluizismo, etc., são todos eles Espiritismo. Mas o pior da Carta ainda está por citar:
A CEPA [...] admite ter sido demasiada a tentativa do Codificador de conciliar os conceitos espíritas com a teologia católica, ao dedicar-se largamente à interpretação dos textos bíblicos e evangélicos, buscando dar-lhes interpretação racional, através de seus três últimos livros — O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese —, que deve ser compreendida no contexto histórico vivido por Kardec [8.9].
  O Aurélio, pois, é que não me deixa mentir sobre o que a CEPA realmente pensa a respeito desse esforço do Codificador: “Demasiado. 1. Que passa dos justos limites; excessivo. 2. Descomedido, desregrado, imoderado. 3. Exorbitante, abusivo. 4. Supérfluo, inútil.” Aí esta, portanto, cedida pelos próprios amigos e delegados da CEPA, a tão reclamada “base documental” para que se diga que “a CEPA não aceita O Evangelho Segundo o Espiritismo”[8.7], bem como não aceita O Céu e o Inferno e A Gênese; afinal, não passam de uma demasiada tentativa de conciliação dos conceitos espíritas com a teologia católica.
  Sempre mais “alteritário” que a CEPA, Kardec explicou que “o Espiritismo encontra-se por toda parte, em todas as religiões e mais ainda na religião católica, com mais autoridade do que em todas as outras, porque nela se encontram os princípios de todas as manifestações”.[5] E sentenciou ainda o mestre: “O que faz a moderna Ciência espírita? Reúne em um todo o que estava disperso; explica em termos próprios o que só se conhecia em linguagem alegórica; poda tudo aquilo que a superstição e a ignorância haviam criado para deixar somente o que é real e positivo: eis o seu papel”.[6]
  Onde os delegados e amigos da CEPA veem demasiada tentativa de conciliação com a teologia católica [8.9], ou sucumbência às necessidades de comunicação [9.4], o que existe é a primorosa didática de uma revolução que alterou significativamente o pensamento ocidental, aplicada por um gênio todo o tempo eloquente ao prestar justo tributo às verdades eternas, desde sempre manifestas, independentemente dos termos com que estejam vestidas.
  A Carta não passa de um jogo de palavras à moda pseudossábia, onde se esquivam de esclarecer [8.2] que o Evangelho, o Cristianismo do Cristo, é anterior a Paulo e à teologia católica, sendo-lhes em tudo superior. Exclusivamente àquele Cristianismo a Doutrina Espírita corresponde. Pode-se discutir à saciedade se o Espiritismo é ou não é Religião, mas não se verifica o mesmo quanto a ser ou não ser o Cristianismo.
  “O Espiritismo é o Cristianismo da Idade Moderna”, afirmou-o São Luís.[7] “O Espiritismo é o Cristianismo apropriado ao desenvolvimento da inteligência e isento dos abusos”, disse-o Allan Kardec.[8] E mais: “o ensino dos espíritos é eminentemente cristão”;[9] “a bandeira que arvoramos bem alto é a do Espiritismo cristão e humanitário”[10]; “está provado que o Espiritismo é inseparável das ideias religiosas, principalmente das cristãs; que a negação destas é a negação do Espiritismo”;[11] “o Cristianismo, tal qual saiu da boca de Jesus, mas apenas tal qual saiu, é invulnerável, porque é a lei de Deus”.[12] Mas, para os delegados e amigos da CEPA, trata-se de equívoco semântico e histórico [8.1], que gera uma ambiguidade cuja ocorrência o próprio Codificador teria recomendado evitarmos, pasmem, não usando os termos de que, afinal, ele mesmo sempre se valeu [8.2].
  Declara a Carta que “a CEPA concorda com Jesus-homem e jamais pensou em retirá-lo do Espiritismo. Mas não concorda com Jesus Cristo, o Salvador das igrejas cristãs, do cristianismo real” [8.5]. Sim, é isto. Para os delegados e amigos da CEPA, o cristianismo real é o das igrejas e foi criado por Paulo. Eis aí, feita por “espíritas”, a mais perfeita corte ao misticismo igrejeiro e ao materialismo acadêmico; e nenhuma, nenhuma palavra ficou reservada à verdade espiritista de que, entre o mito e o homem, o que existe é “um Espírito puro, enviado à Terra com missão divina”.[13]
  Decorre da filosofia espírita que a plenitude intelecto-moral é a situação dos espíritos puros. Não se sabe em que Jesus seria indigno dela. Ainda assim, desacata-se em silêncio esse reto juízo kardeciano, a pretexto de que só exista, no Nazareno, uma falsa supremacia espiritual, porque de caráter meramente etnocêntrico. Desde quando, porém, os motivos de uma visão antropológica e cultural materialista podem esclarecer essa questão e impor-se às razões espíritas de Kardec?
  Sim, podem-no, porquanto, para a CEPA, “o Espiritismo não está acima de nenhum saber humano” [1.5], figurando, então, ao lado de qualquer niilismo, enrustido ou desabrido, que se adorne de “autoridade” científica ou acadêmica. Oras! É claro que a Doutrina Espírita estará sempre com a ciência naquilo que compete a esta, sob pena de obscurantismo. Entretanto, e o contrário? Verifica-se? Evidente que não.
  Mesmo entre cientistas crentes, isto é o que se pensa: “O domínio da ciência está em explorar a natureza. O domínio de Deus encontra-se no mundo espiritual, um campo que não é possível esquadrinhar com os instrumentos e a linguagem da ciência”.[14]
  Compreendo que a CEPA queira mudar esse quadro. Discordo, porém, do caminho escolhido, porque leva à desnaturação e morte do Espiritismo, além de não conduzir aos êxitos pretendidos. Dessa “atualização”, “ressignificação”, “revisão”, não só “de conteúdos, como também da linguagem e do método empregados na elaboração do Espiritismo” [5.2], não surgiria, e isso por absoluta falta de competência, nem mesmo uma nova Parapsicologia.
  Para variar, a CEPA poderia ser alteritária,[15] agora, com a própria Doutrina Espírita e, ao contrário do que infelizmente pretende, interpor-se à sua “colonização” por um modelo reducionista de ciência, modelo que a criatividade e a ousadia de Allan Kardec superaram faz mais de 150 anos. Os espíritas, sim, todos eles, é que precisam atualizar-se sobre o Espiritismo.
Sergio Aleixo
[1] ALEIXO. O Metro que Melhor Mediu Kardec. Cap. 2: O Laicismo Pan-Americano e Herculano Pires. http://ometroquemelhormediukardec.blogspot.com/2010/06/capitulo-2.html
[2] ALEIXO. O Primado de Kardec. Metodologia Espírita e Cisma Rustenista. http://oprimadodekardec.blogspot.com/
[3] O Livro dos Espíritos. Prolegômenos.
[4] O Livro dos Espíritos, 625, 627, 916.
[5] O Livro dos Espíritos. Conclusão. VI.
[6] O Livro dos Espíritos. Conclusão. VI.
[7] Revista Espírita. Nov/1863. Dissertações Espíritas. A nova torre de Babel.
[8] Revista Espírita. Jun/1865. Nova tática dos adversários do Espiritismo.
[9] O Livro dos Espíritos, 222.
[10] O Livro dos Médiuns, 350.
[11] Revista Espírita. Abr/1863. Suicídio falsamente atribuído ao Espiritismo.
[12] Revista Espírita. Jul/1864. A religião e o progresso.
[13] Revista Espírita. Jun/1863. Algumas refutações. Ver também A Gênese, XV, 2.
[14] Francis S. Collins. Diretor do Projeto Genoma Humano. In: O GLOBO, 11-08-2007.
[15] Cf. Cap. 8: Espiritismo e Ética da Alteridade. http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2010/05/espiritismo-e-e...
CARTA DE POSICIONAMENTOS DA CEPABrasil
  Com esta Carta de Posicionamentos, a Associação Brasileira de Delegados e Amigos da Confederação Espírita Pan-Americana (CEPABrasil), reunida por ocasião do seu II Encontro Nacional, realizado em Bento Gonçalves-RS, de 3 a 6 de setembro de 2010, manifesta seu pensamento a respeito dos temas aqui enfocados, reconhecendo, todavia, a todos os espíritas, vinculados ou não à CEPA, o direito de pensar diversamente, bem como admitem a mutabilidade destes mesmos posicionamentos dentro do princípio da progressividade inerente ao próprio espiritismo.
  Outrossim, reconhece na CEPA-Confederação Espírita Pan-americana a primazia e a liderança mundial de um movimento de idéias que luta pelo resgate da proposta original do fundador do espiritismo e pela sua permanente atualização. Muitas das posições assumidas pela CEPA estão, também, reproduzidas neste documento.
Assim, DECLARA que:
1.  QUANTO À NATUREZA E IDENTIDADE DO ESPIRITISMO:
  1.1 - A afirmativa de Allan Kardec, em seu célebre “discurso de abertura” (revista espírita – 11/1868) de que, “no sentido filosófico, o Espiritismo é religião”, sustenta-se no conceito de religião no sentido de “laço social”, de comunhão de pensamentos entre pessoas e não no de “religação a Deus”, este defendido pelo catolicismo;
  1.2 - O espiritismo não tem caráter salvacionista, não é detentor único da verdade, nem pretende hegemonia em quaisquer áreas do conhecimento, senão subsidiá-las com sua contribuição específica - seus princípios fundamentais;
  1.3 - face ao critério exposto por Allan Kardec de que “o verdadeiro caráter do Espiritismo é o de uma ciência e não o de uma religião”, a CEPA interpreta o espiritismo como ciência filosófica de consequências morais, preferindo considerá-lo como um movimento de ideias, sem dúvida abrangente, mas de forma alguma detentor de todas as respostas e de todas as verdades;
  1.4 - Conceitos como 3ª Revelação Divina, Consolador Prometido ou “revivescência do cristianismo primitivo” atribuídos ao espiritismo, não se ajustam a uma visão moderna da teoria espírita, sendo rejeitados pela sua natureza sectária e excludente.
  1.5 - o espiritismo é uma área de conhecimento que necessita de desenvolvimento e que tem muito a aprender com outras disciplinas e contribuir com estas, não é uma revelação no sentido teológico, nem está acima de nenhum saber humano;
  1.6 - A identificação do espiritismo com o laicismo está ratificada nesta resolução do Primeiro Congresso Espírita Internacional, celebrado em setembro de 1888:“O Congresso Espírita recomenda um constante esforço para difundir o LAICISMO por todas as esferas da vida. A absoluta liberdade do pensamento, o ensino integral para ambos os sexos e o cosmopolitismo como base das relações sociais”. Firmaram essa Declaração nomes ilustres como José Maria Fernández Colavida (o “Kardec Espanhol”), Pierre Gaëtan Leymarie, Amalia Domingo y Soler, Ercole Chiaia e outros. Torna-se evidente, assim, que o laicismo vem com o Espiritismo desde seu início e que foi a partir de infiltrações clericais, como a roustainguista entre outras, que se o começou a descaracterizar, numa tentativa de convertê-lo em uma seita mística de feição salvacionista;
  1.7 - Não se coaduna com a verdade pretender identificar laicismo com antirreligiosidade, nem, evidentemente, com ateísmo. Laico não é antirreligioso; laico é arreligioso, ou seja, um terreno neutro em questões religiosas.

2.  QUANTO À CODIFICAÇÃO DO ESPIRITISMO
  2.1 – As obras básicas do espiritismo – ou codificação espírita - não podem ser denominadas de “pentateuco kardequiano”, visto que o uso dessa expressão associa indevidamente a produção de Allan Kardec, de mais de vinte (20) livros, aos primeiros cinco livros da Bíblia, o que lhes dá a conotação de sacralidade;
  2.2 – O livro “O Evangelho Segundo o Espiritismo” não pode ser tratado como “bíblia dos espíritas”, constituindo-se num livro doutrinário de estudo e interpretação, sob a ótica espírita, dos ensinos morais de Jesus;
  2.3 – As informações (respostas) dadas pelos Espíritos não são verdades absolutas e devem ser contextualizadas;
  2.4 – Muitos temas da atualidade não foram abordados pelos espíritos codificadores, merecendo, portanto, a apreciação e o posicionamento do espiritismo dos dias atuais;
  2.5 – Allan Kardec não é apenas o “secretário” dos espíritos; é o sistematizador, autor, codificador e fundador do espiritismo; diminuir o codificador e exaltar os mentores espirituais, é manobra para excluir a possibilidade de falha. Caracterizando-o como coadjuvante menor, é possível divinizar e sacralizar a revelação espírita, tornando-a irretocável;
  2.6 -. Reconhece-se a importante contribuição dos espíritos na estruturação da kardequiana, mas crer-se que a codificação foi entregue perfeita e acabada, é um contrassenso, pois o próprio Kardec enfatizou que era obra de elaboração humana, tendo afirmado também que não havia dito a última palavra sobre o espiritismo;
  2.7 - Deve-se considerar a tese de que Kardec foi o principal espírito da codificação, só que encarnado, cabendo a ele a tarefa de desenvolver a parte mais difícil e trabalhosa do projeto. Sem ele, todos os outros espíritos, por mais elevados e capacitados que fossem, não teriam concretizado a obra.

3.  QUANTO À ESTRUTURA, ORGANIZAÇÃO E OBJETIVOS DA CEPA
  3.1 - A CEPA, pelo seu comportamento atual é, claramente, um movimento de ideias, que congrega; estimula o estudo e a pesquisa; promove eventos culturais: congressos, conferências, simpósios, que são, principalmente, foros de discussão, de debate, de intercâmbio de experiências;
  3.2 – A CEPA define-se como um movimento livre e organizado democraticamente, sem caráter unificador, mas simplesmente congregador de pessoas e instituições espíritas;
  3.3 - A CEPA tem uma visão eminentemente kardecista, progressista e livre-pensadora do espiritismo. Admite o pluralismo das idéias e os benefícios do diálogo e da interação, convive com a diversidade de interpretações e de formas de pensar e agir decorrentes dos níveis de compreensão e de preferência dos espíritas e do direito destes se aglutinarem em organizações afins unidas por um núcleo básico de princípios ou postulados que identifiquem a doutrina espírita;
  3.4 - A adesão e filiação de instituições espíritas à CEPA é de livre opção e funda-se na identidade de princípios existente entre ambas e não as impede de vinculação a quaisquer outras instituições;
  3.5 – Nas assembleias da CEPA, que acontecem durante os seus congressos, o voto dos órgãos representativos do movimento espírita de cada região ou País, integrantes da mesma, não invalida o voto individual das instituições que representam;
  3.6 - A CEPA garante a todas as pessoas e instituições a ela vinculadas o direito irrenunciável à liberdade de pensamento, de expressão, de discussão e de crítica;
  3.7 - Uma instituição que adere à CEPA não está subordinada a regulamentos de obediência a normas emanadas por aquela. É um tipo de relação que se dá pela identidade (comunhão) de pensamentos, fraterna, democrática e de cooperação mútua com todas as demais instituições que a integram;
  3.8 – A CEPA evita oferecer programas, diretrizes ou manuais de procedimentos para as Instituições que a integram, deixando a estas total liberdade de ação;
  3.9 - A CEPA admite e respeita o diferente, propugna um relacionamento alteritário entre os espíritas e entre as instituições. Não apoia, isso sim, o dogmatismo, a intolerância, o sectarismo, a sacralização da obra kardequiana e o consequente imobilismo doutrinário, a mitificação da figura extraordinária de Jesus, o atrelamento do Espiritismo ao cristianismo igrejeiro, o ufanismo salvacionista de alguns, a predestinação, auto-atribuída por alguns segmentos, ao Brasil e ao espiritismo brasileiro, a idolatria a espíritos e a médiuns, a mal disfarçada atribuição de infalibilidade a médiuns, espíritos e/ou instituições, a exclusão dos diferentes, o patrulhamento da pretensa pureza doutrinária, etc., como também não apoia o cientificismo desvinculado da ética, o academicismo vazio de aplicações e o filosofar estéril;
  3.10 - Deseja, então, a CEPA: a) contribuir para o desenvolvimento e permanente atualização do espiritismo; b) colaborar na divulgação das idéias espíritas; c) estimular o estudo e a pesquisa espíritas; d) ter reconhecido o seu direito de congregar em sua organização, sem exclusividade, instituições e pessoas que se afinizem com suas propostas; e) contribuir para o bom relacionamento entre todas as organizações espíritas nacionais e internacionais, dentro dos princípios doutrinários e dos ideais de tolerância e fraternidade.

4.  QUANTO À RELAÇÃO DA CEPA COM O MOVIMENTO ESPÍRITA BRASILEIRO
  4.1 - A CEPA, embora se oponha à transformação do espiritismo numa mera religião espírita, jamais alimentou o propósito de substituir o modelo adotado pelo espiritismo brasileiro por um modelo dito "laico". O projeto da CEPA no Brasil não é de confronto e nem de concorrência com as demais correntes do movimento espírita;
  4.2 - Sua visão de movimento espírita não contempla qualquer sentido de "poder", de "dominação" ou de imposição de idéias. Federações, confederações, associações espíritas, conselhos espíritas, no seu  entender, devem ser órgãos que cultivam a liberdade de pensamento, de ação, de autogestão, dentro de suas concepções institucionais;
  4.3 - A CEPA não vê nenhum obstáculo a uma boa relação com todas as correntes espíritas, ao trabalho conjunto, respeitando o pluralismo de idéias, e guardando a união e a unidade em torno do essencial. Kardec mesmo previu que o espiritismo teria esses matizes diferenciados que lhe dariam perfis diversificados em diferentes partes do mundo, preservando-se a unidade em torno dos princípios essenciais que, naquele mesmo discurso (RE-dez/1868) ele sintetizaria no que denominou “credo espírita”;
  4.4 – A CEPA dá prioridade ao esforço em prol da “união” dos espíritas e das instituições, em torno dos princípios fundamentais do espiritismo, respeitadas as interpretações particulares de pessoas ou grupamentos;
  4.5 – O modelo de “unificação” do movimento espírita que pressupõe a supremacia de um pensamento único e um discurso que rejeita a diversidade de interpretações, é conflitante com o caráter livre-pensador do Espiritismo;
  4.6 - A CEPA não endossa os rumos tomados pelo movimento espírita, que desenvolve enfaticamente atividades de consolação, da piedade, do assistencialismo, na perseguição da salvação moral das pessoas, preocupando-se em evitar o mal e preparar o indivíduo para “não voltar a este vale de lágrimas” e saldar suas dívidas com a Justiça Divina, repetindo os fundamentos judaico-cristãos da culpa e do castigo;
  4.7 - A CEPA deplora que o movimento espírita, submisso a uma pretensa determinação da “espiritualidade superior”, confunda o espiritismo com o discurso das facções religiosas do cristianismo, transformando-o numa doutrina evangélica, religiosa, com algum suporte na obra de Kardec, mas sem a racionalidade por ele proposta;
  4.8 – A CEPA considera impróprias as denominações de centros espíritas que contenham expressões tais como “templo”, “casa de oração”, “sinagoga”, “igreja” e assemelhadas;

5.  QUANTO À ATUALIZAÇÃO DO ESPIRITISMO:
  5.1 - A CEPA defende que o espiritismo deve atualizar-se permanentemente e considera altamente conveniente e impostergável levar avante um amplo processo de análise e reflexão em torno do pensamento espírita, à luz dos avanços conquistados pela ciência e demais campos do conhecimento humano;
  5.2 - A CEPA entende que atualizar o espiritismo é torná-lo atual, situá-lo na época em que vivemos, torná-lo presente e atuante em todos os setores do pensamento humano. Isso implica numa releitura, numa ressignificação, portanto, numa revisão de conteúdos, como também da linguagem e do método empregados na sua elaboração. Não se pode atualizar sem revisar;
  5.3 - Em hipótese alguma, sob pena de violação de direitos autorais, podem ser alterados os textos ou expressões das obras de Allan Kardec, como os de qualquer autor. Já as ideias, concepções e teorias expostas nas obras da codificação e nas que lhe são complementares, como o próprio fundador do espiritismo afirmava, não sendo mais do que a expressão do conhecimento dos seus autores, subordinadas ao contexto de uma época, são passíveis de revisão e de atualização;
  5.4 – A CEPA, para tanto, fundamenta-se na afirmativa de Kardec de que “o Espiritismo, avançando com o progresso, jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro acerca de um ponto, ele se modificará nesse ponto; se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”; “Não lhe cabe fechar a porta a nenhum progresso, sob pena de se suicidar. Assimilando todas as ideias reconhecidamente justas, de qualquer ordem que sejam, físicas ou metafísicas, ela (a doutrina) jamais será ultrapassada, constituindo isso uma das principais garantias da sua perpetuidade”;
  5.5 – Kardec afirma que "a doutrina não foi ditada completa, nem imposta à crença cega; porque é deduzida , pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações.”;
  5.6 - Para realizar com todo o êxito esse processo, a CEPA convida todos os espíritas a participar desse esforço que não pode ser considerado como exclusivo patrimônio da mesma ou de qualquer outra entidade espírita nacional ou internacional;
  5.7 - A CEPA propõe a realização de seminários, conferências e congressos dedicados a estudar o tema da atualização doutrinária, dentro da maior liberdade de ideias e de expressão e em amplo clima de pluralismo e fraternidade;
  5.8 – A CEPA não alimenta o propósito de efetuar, com exclusividade, a revisão pontual da Doutrina Espírita. Pretende, sim, estimular um processo de reflexão entre os espíritas com vistas a assegurar o futuro e a permanência do espiritismo;
5.9 - É indiscutível a atualidade de partes importantes e fundamentais da obra de Kardec, não superadas pela Ciência, encontrando-se estas, portanto, em plena vigência;
  5.10 - A CEPA não questiona os princípios fundamentais do espiritismo – existência de Deus, imortalidade da alma, comunicabilidade entre encarnados e desencarnados, reencarnação, pluralidade dos mundos habitados e evolução infinita. Todavia, poderão ser questionados conceitos e interpretações a eles referentes expressos na literatura espírita por autores encarnados ou desencarnados ou que se tornaram correntes entre os espíritas;
  5.11 - A CEPA considera que a atualização deverá resultar, como um processo, do consenso, da "universalidade", por assim dizer, do conhecimento dos espíritas - encarnados e desencarnados;
  512 - No processo de atualização do espiritismo, é necessário, primeiramente, romper com os esquemas mentais criados e estratificados através da repetição e vivência nos ciclos reencarnatórios, sedimentados no Espírito. Romper com essas estruturas é indispensável para qualquer renovação positiva e real.

6.  QUANTO AOS CONCEITOS DE REENCARNAÇÃO, EVOLUÇÃO E MEDIUNIDADE:
  6.1 - A CEPA propõe a revisão de certos conceitos sobre evolução e reencarnação, fora dos limites da culpa e castigo divinos, compreendendo que estamos destinados à vitória, à felicidade e não à dor e à derrota;
  6.2 – A mediunidade não é dom divino, graça, milagre, que torna privilegiados os seus portadores, sendo uma faculdade que todos possuem, em maior ou menor grau;
  6.3 – A CEPA tem reservas quanto à copiosa produção mediúnica do tipo “autoajuda”, em detrimento de obras de cunho filosófico-científico sobre o espiritismo;
  6.4 – A CEPA busca resgatar o papel da mediunidade na investigação e na comprovação da imortalidade, sob critérios científicos, e não apenas como instrumento de socorro a espíritos aflitos ou de cura para enfermidades psicossomáticas;
  6.5 – A CEPA não estimula a idolatria a médiuns ou a espíritos nem lhes atribui autoridade especial nem infalibilidade nas suas informações;
  6.6 - A CEPA discorda de diretrizes artificialmente estabelecidas através de renomados médiuns e espíritos eleitos como porta-vozes divinos, da chamada “espiritualidade superior”, cujas revelações estejam acima de qualquer suspeita e sem o necessário questionamento, articulados em defesa de idéias puramente moralistas de reforma íntima,  do confessionalismo e do assistencialismo;
  6.7 - A CEPA aceita que o espiritismo contempla a evolução natural da humanidade, não compartilhando das concepções de culpa, pecado e castigo que permeiam o cristianismo. Reconhece, todavia, que Kardec não se livrou totalmente dessa pretensa necessidade de regeneração, ao admitir que constituímos uma humanidade em expiação e prova, não por conta do processo evolutivo, mas devido à transgressão da Lei, que é a base do pensamento cristão;

7.  QUANTO À PARTICIPAÇÃO DO ESPÍRITA NA SOCIEDADE:
  7.1 – O espírita, como qualquer cidadão, é convidado a uma ação política e ao engajamento social;
  7.2 – A CEPA dá preferência à participação dos espíritas nas atividades sociais, filantrópicas, assistenciais e promocionais coordenadas por organizações especializadas, em vez de criar tais atividades nos centros espíritas;
  7.3 - A CEPA reitera seu compromisso permanente com as mulheres e com os homens, com as crianças,  jovens e idosos , para a consecução de uma sociedade igualitária, justa e fraterna, onde não haja lugar para qualquer forma de discriminação por motivos de raça, sexo, orientação sexual, crença ou nacionalidade. Uma sociedade com oportunidades para todos, que estimule o trabalho, a educação, a cultura, os esportes, sem vícios perniciosos, portanto regida em definitivo pela Lei de Amor;
  7.4 - O espiritismo coincide plenamente com as correntes mais avançadas do pensamento humanista e social de nosso tempo, ao ratificar seus princípios básicos sobre a vigência da lei de conservação da vida em todas as suas manifestações, e sua oposição à pena de morte, ao aborto, ao crime, às guerras ou qualquer forma de violência;
  7.5 – A CEPA apoia todas as iniciativas que tendam a resgatar as condições naturais de nosso planeta, visando à conservação do meio ambiente e convida aos espíritas a participarem ativamente em todas as iniciativas que promovam o equilíbrio ecológico, recordando que a preservação ambiental é compromisso de todo ser humano e não tarefa exclusiva dos governos;
  7.6 - A doutrina social do espiritismo se pronuncia em favor do estabelecimento de sistemas de governo nitidamente democráticos e claramente comprometidos com a justiça social, a igualdade e a liberdade. Denuncia a corrupção, opõe-se aos modelos autoritários e ditatoriais de qualquer setor ideológico, estimula a busca de um equilíbrio social, onde funcionem as leis do mercado, desde que colocadas a serviço do homem, atendendo suas necessidades e em função de seu crescimento e promoção espirituais;
  7.7 - A CEPA declara que é dever inadiável dos espíritas empenharem-se na criação de uma sociedade justa, fraterna e solidária onde o amor, a felicidade e a paz sejam o ideal de todos.

8.  QUANTO A JESUS, AO EVANGELHO E AO CRISTIANISMO:
  8.1 - A CEPA tem posições muito claras e várias vezes reafirmadas acerca da importância de Jesus de Nazaré para a doutrina espírita. Seus ensinos, abrangendo conceitos de validade universal, têm conteúdos coincidentes com aqueles desenvolvidos na 3ª parte de “O Livro dos Espíritos” que os amplia em linguagem e parâmetros compatíveis com a modernidade; Afirmar-se, daí, ser o espiritismo “cristão” constitui-se em equívoco, tanto sob o aspecto semântico quanto histórico, já que o cristianismo, doutrina estruturada por Paulo de Tarso, é posterior a Jesus que, na verdade, nunca foi cristão. Postulados com os quais a doutrina espírita não compartilha, tais como: a divindade de Jesus, sua condição de “único Senhor e Salvador”, e a unicidade de vida, entre outros, são dogmas radicais e inseparáveis do cristianismo;
  8.2 - O substantivo “cristianismo” e o adjetivo “cristão”, tanto como os outros termos que Kardec recomendou que não se utilizassem devido à sua ambiguidade, como no caso de “religião”, sofreram alterações em seu significado no curso da História. Ao tempo de Kardec, era comum falar-se de “cristianismo” e de “cristão” para designar a doutrina de “Cristo”;
  8.3 - Quando Kardec fala de “Espiritismo cristão” (expressão usada poucas vezes em sua obra), claramente ele adjetiva o espiritismo para vinculá-lo não ao Cristo das igrejas, mas ao pensamento, à moral de Jesus de Nazaré;
  8.4 - Pode-se hoje distinguir a figura de Jesus de Nazaré, o homem, com algumas referências históricas que estão sendo resgatadas, que nasceu da relação carnal de José e Maria, que teve irmãos e que foi um pensador fecundo, um reformador moral, da figura de Jesus Cristo, que é o mito das igrejas, que “foi concebido sem pecado”, filho da Virgem Maria, encarnação de Deus, terceira pessoa da Santíssima Trindade, responsável por dogmas e crenças que foram tecendo essa cultura cristã que pouco tem a ver com o outro Jesus, o homem de Nazaré;
  8.5 - A CEPA concorda com Jesus-homem e jamais pensou em retirá-lo do espiritismo. Mas não concorda com Jesus Cristo, o Salvador das igrejas cristãs, do cristianismo real, esse que o chamado “ecumenismo cristão” estabeleceu amparado nos dogmas fundamentais da divindade de Jesus, de sua condição de “único Senhor e Salvador”, que com seu “sacrifício”, com o “derramamento de seu sangue” possibilitou a “salvação” dos homens que nele cressem e fossem batizados em seu nome. Considerando que são esses os critérios que as igrejas cristãs e a cultura contemporânea adotam para identificar o cristianismo e a condição de cristão, é evidente que o espiritismo neles não se enquadra, daí não ser conveniente, para evitar confusão, que ele se diga cristão. Somos, simplesmente, espíritas e não espíritas-cristãos;
  8.6 - CEPA respeita os pensadores espíritas, especialmente brasileiros, que consideram o espiritismo como uma religião, mas que têm dela uma concepção filosófica não sectária, que não diviniza Jesus e não o coloca na posição de mito, meio deus e meio homem, como o fazem os roustainguistas;
  8.7 - A informação de que a CEPA não aceita “O Evangelho Segundo o Espiritismo” é irresponsável e sem base documental, histórica ou concreta. Essa obra enfoca aspectos morais e éticos do espiritismo, analisando-os em consonância com os ensinos de Jesus de Nazaré. Ao ser editada essa obra, as bases fundamentais da moral e da ética espíritas já estavam claramente expostas na 3ª parte de O Livro dos Espíritos, sob o abrangente título de “Das Leis Morais”, identificadas por Kardec e pelos espíritos como expressões da própria lei natural ou divina e, por isso, “eternas e imutáveis”;
  8.8 - É falsa a informação de que, para a CEPA, “a moral espírita é superior à moral de Jesus”. Ora,  não cabe supremacia de uma sobre a outra: a moral espírita não é superior nem inferior à moral de Jesus, elas são semelhantes. Entretanto, por estar o espiritismo inserido na modernidade e por se propor a tornar-se expressão de perene contemporaneidade, assimilou os grandes valores humanistas conquistados justamente em oposição à opressão religiosa que a cristandade instaurou em nossa história;
  8.9 - A CEPA corrobora o critério de abordagem exclusivamente no ensino moral  de Jesus, estabelecido por Kardec na Introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, mas admite ter sido demasiada a tentativa do codificador de conciliar os conceitos espíritas com a teologia católica,  ao dedicar-se largamente à interpretação dos textos bíblicos e evangélicos, buscando dar-lhes interpretação racional, através de seus três últimos livros - O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese -, que deve ser compreendida no contexto histórico vivido por Kardec;
  8.10 - É errônea a expressão “Culto do Evangelho no Lar”, empregada para designar a reunião familiar na qual os seus membros se confraternizam, dialogam, oram e fazem comentários variados sob a ótica do espiritismo, já que não existem cultos nem livro sagrado no espiritismo;
  8.11 – A CEPA não utiliza a expressão “evangelização” nas atividades ligadas à educação espírita, já que a tarefa de evangelizar é inerente ao catolicismo e ao protestantismo; tal expressão não é encontrada nas obras de Kardec;
  8.12 - Reafirmamos que estamos totalmente em concordância com os ensinos morais do Nazareno, o que não implica aceitarmos as adjetivações dadas ao espiritismo de “cristão” ou “evangélico”. Essa é a visão que a CEPA tem divulgado com toda a clareza, explicitando, também, que há uma nítida distinção entre Jesus e o cristianismo.

9.  QUANTO À DIVULGAÇÃO DO ESPIRITISMO
  9.1 – A comunicação social espírita no âmbito da CEPA funda-se numa visão pluralista do conhecimento, que pressupõe a interação do espiritismo com os diversos setores com os quais se relacione;
  9.2 – Evita-se a linguagem “doutrinante” decorrente de postura exclusivista da posse da verdade;
  9.3 – Na comunicação espírita não é adequado o uso de expressões ou de linguagem religiosa ou de grupos iniciáticos, assim como de fraternidades, logias, organizações esotéricas, místicas ou ocultistas;
  9.4 - Allan Kardec tentou desenvolver uma linguagem que se adequasse ao novo sentido e análise que o espiritismo faz da vida e das relações entre os “mortos” e “vivos”, mas sucumbiu às necessidades de comunicação e teve que usar palavras consagradas, dando-lhes um significado diferente. Exemplo disso são as expressões “céu”, “inferno”, “purgatório”, “anjos de guarda”, “anjos” e “demônios” que possuem significado próprio na teologia católica. Ao se utilizar essas expressões nos ambientes espíritas, mesmo que sob o enfoque dos princípios espíritas, corre-se o risco de difundir as concepções católicas. O espiritismo simplesmente não admite a existência de céu, inferno, purgatório, anjos e demônios;
  9.5 - Com base nos modernos estudos no campo da comunicação, e coerente com sua própria gênese fundamentada no diálogo, deverá ser enfatizada a comunicação e não a divulgação do espiritismo, considerando-se que, no primeiro processo ocorrem interação e participação dos envolvidos enquanto que no segundo processo o comunicador está de posse do conhecimento, da verdade, e sua função é de, apenas, transmitir esse conhecimento e essa verdade sem considerar a bagagem de que o destinatário é detentor.


FONTES:
- Declaração Final redigida ao final de diversos congressos e conferências da CEPA;
- Artigos de autoria de Jon Aizpúrua, Milton Medran Moreira, Maurice Herbert Jones, Luiz Signates e Salomão Jacob Benchaya, divulgados em nome da CEPA, nos jornais OPINIÃO e ABERTURA;
-  Livro “Novo Modelo Conceitual – Reescrevendo o Modelo Espírita”, de Jaci Regis;
- Livros “O Pensamento Atual da CEPA”, “A CEPA e a Atualização do Espiritismo” e “Da Religião Espírita ao Laicismo”, publicados pelo Centro Cultural Espírita de Porto Alegre (CCEPA).

(APROVADA EM REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DE ASSEMBLEIA GERAL, REALIZADA EM 05.09.2010,  EM BENTO GONÇALVES-RS)


o cisma laicista

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