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domingo, 6 de outubro de 2013

Princesa Isabel e Irmã Dulce: um único e mesmo espírito? (Pedro Camilo)

Princesa Isabel e Irmã Dulce: um único e mesmo espírito?
(Pedro Camilo)


Semanas atrás, uma conversa com um amigo de certa cidade nordestina despertou, em mim, mais uma reflexão sobre os cuidados que devemos ter com as ditas “revelações” do Mundo Espiritual.

Na ocasião, o confrade dizia que, passando por determinado Estado brasileiro, espíritas de certa Casa diziam receber o auxílio do espírito Irmã Dulce e que, graças a essa convivência, descobriram que a freira baiana seria a reencarnação da Princesa Isabel.

Segundo as informações, ao chegar na Pátria Espiritual, a Princesa Isabel teria sentido a consciência apertar, ao perceber que, nada obstante tivesse assinado a Lei Áurea, nada fez para ajudar os milhares de negros e negras que foram “libertados”. Por conta disso, teria pedido a Jesus para reencarnar no Brasil no lugar onde houvesse a maior quantidade de negros pobres, para poder servi-los e ajudá-los em suas vidas. Graças a isso, teria renascido e se tornado a “Irmã Dulce dos Pobres”, o “Anjo Bom da Bahia” que todos conhecemos.

A história seria linda e emocionante, se não fosse falsa! 

Imediatamente após ouvir o relato do meu amigo, busquei os dados na internet sobre os anos de morte da Princesa Isabel e de nascimento da Irmã Dulce. E qual o resultado? Bem, a Princesa desencarnou em 14 de novembro de 1921, na França, enquanto nossa querida freira renasceu em 26 de maio de 1914. Obviamente, não podem ser o mesmo espírito, pois uma desencarnou quando a outra já contava 7 anos de idade!

É necessário guardar muito cuidado com o quê os espíritos dizem, ostentem ou não nomes conhecidos. A mistificação e a fascinação vêm ganhando campo entre nós, expondo-nos ao ridículo e prestando um desserviço à Causa Espírita e à Causa Cristã, que todos abraçamos com a mente e o coração.

Mais uma vez, penso em como temos lidado com as questões espirituais de forma ingênua, crédula, irreflexiva e irresponsável. Espiritismo é doutrina de razão, de bom senso e lucidez. Até quando ficaremos reféns do deslumbramento e da ignorância?

Reflitamos!

Pedro Camilo  (Salvador/BA)

Advogado. Mestre em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia. Professor Auxiliar de Direito Penal e Processual Penal da Universidade do Estado do Bahia. Escritor e expositor espírita. Trabalhador do Núcleo Espírita Telles de Menezes, de Salvador, Bahia.
Escreveu os livros "Yvonne Pereira: uma heroína silenciosa", "Devassando a mediunidade" e "Mediunidade: para entender e refletir"; organizou o livro "Pelos caminhso da mediunidade serena"; mediunicamente, o Espírito Bento José escreveu, por seu intermédio, "Mente Aberta.

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