a partir de maio 2011

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A MEMÓRIA GENÉTICA NÃO EXPLICA A REENCARNAÇÃO

Paulo da Silva Neto Sobrinho 

A natureza conservadora da ciência tem sido o seu ponto mais forte e o seu ponto mais fraco. 
(JIM B. TUCKER).
É preciso que se enfatize que nem tudo aquilo que pode ser provado constitui uma verdade, tanto quanto nem tudo o que é verdadeiro pode ser cabalmente provado.
(HERNANI GUIRAMÃES ANDRADE).
Certas pessoas de saber, entre elas uma gama considerável de cientistas, não admitem a reencarnação, talvez por acharem se tratar de uma crença. O que reputamos mais estranho é os materialistas atribuírem à matéria, via memória genética, os casos de crianças que se lembram de outras vidas e os que vêm à tona pela porta da regressão de memória.
Sinceramente, estão totalmente por fora do assunto, parecendo que nada estudaram sobre os casos já catalogados por vários pesquisadores, cuja quantidade é bem significativa, dando a impressão que nem procuraram ler sobre os resultados das pesquisas, demonstrando que suas opiniões são na base do "ouviram falar".
Erram os que assim pensam, pois as pesquisas sobre crianças que se lembram espontaneamente de outras vidas nos apontam para o fato de que, na grande maioria, a família em que elas nasceram na vida atual não tem qualquer ligação consanguínea com a família a que diziam pertencer na vida anterior.
Outro detalhe que nada sabem é que também a grande maioria delas, após um certo período de tempo, nada mais guardam de suas "lembranças" da vida anterior; são poucas as que conseguem mantê-las por toda a sua vida.
Somente estas duas situações bastam para deitar por terra a suposta causa dessas lembranças ser produto de memória genética; hipótese, aliás, cientificamente ainda não comprovada. Ela apenas é aceita por alguns cientistas materialistas que fazem vistas grossas ao enorme acervo já existente, fruto de pesquisas sérias que apontam, inapelavelmente, para a hipótese da reencarnação ser um fato.
Por amor à verdade, não podemos deixar de levar em consideração as opiniões de cientistas que dedicaram anos e anos de suas vidas às pesquisas sobre reencarnação, como é o caso do médico psiquiatra Ian Stevenson (1918-2007), pesquisador pela Universidade de Virgínia, EUA, que dedicou 40 anos de sua existência pesquisando crianças que, espontaneamente, se lembraram de outras vidas, conseguindo acumular mais de 2.500 casos (TUCKER, 2007). Vejamos o que ele falou sobre o tema: 
"MEMÓRIA" GENÉTICA
De acordo com a teoria da "memória" genética, as supostas memórias da vida anterior, surgem das experiências dos ancestrais do paciente. Ele "lembra" com imagens ou visões o que aconteceu aos seus ancestrais, como, por exemplo, um pássaro pode "lembrar" como voar depois de ser empurrado para fora do ninho. Nessa interpretação, as lembranças de vidas anteriores se tornam interessantes curiosidades em razão de detalhes, mas não são mais notáveis do que outros aspectos do comportamento que atribuímos a hereditariedade e chamamos "instinto".
Essa teoria pode justificar dois tipos de casos. Em primeiro lugar, casos nos quais?  corpo físico de uma personalidade se origina linearmente do corpo da personalidade anterior, como no caso de William George Jr., podemos invocar a teoria da "memória"  genética aqui, para explicar não apenas as verrugas no braço de William George Jr., mas também suas lembranças fragmentadas da vida de seu avô, supondo que ele não as obteve por meio da comunicação normal de seus pais.
No entanto, casos desse tipo, explicam não apenas o número pequeno de todos os casos sugestivos de reencarnação. Na maioria dos casos, as duas personalidades viveram com poucos anos de diferença e em linhas genéticas que não eram relacionadas.
Nesses casos, a segunda personalidade não poderia ter ocupado um corpo geneticamente originado do corpo da personalidade anterior.
A  explicação "memória" genética pode ser aplicada também naqueles casos em que longos períodos, talvez séculos, separam as duas personalidades (nenhum caso desse tipo ocorreu no grupo de casos aqui relacionados e é raro).
Quando isso ocorre, podemos especular sobre as relações genéticas entre os corpos físicos das duas personalidades. Supondo que essa transferência genética tinha ocorrido, precisamos saber o que essa teoria explica em casos desse tipo.
A sugestão parece pedir, que se atribua à herança muito mais poder de transmissão (de lembranças mentais, por exemplo), do que ousamos relacionar a elas anteriormente.  (STEVENSON, 2010, p. 451-452, grifo nosso).
Percebe-se que Stevenson não deixou de levar em conta a possibilidade das lembranças terem como causa a memória genética; porém, ele mesmo afirma que, ainda que verdadeira, ela não explicaria todos os casos. Isso é importante para demonstrar o quão consciencioso ele era no trato com a questão.
Outro ponto que os partidários da "memória" genética não teriam como explicar é o fato de que não há nenhum registro de que todos os descendentes de uma mesma família lembram-se de serem as mesmas pessoas nas vidas passadas, fora a questão de que nem todos os seus membros manifestem algum tipo de lembrança de outras vidas, o que deveria ser regra, a exemplo dos passarinhos, e não exceção. Além disso, há o caso dos gênios que não tiveram pais gênios e nem transmitiram sua genialidade a seus descendentes, o que é quase uma generalidade nesta situação.
Vejamos dois casos interessantes narrados na obra Reencarnação - histórias verdadeiras de vidas passadas, de autoria do jornalista, pesquisador e escritor Roy Stemann (1942- ): 
1º Caso: A PEQUENA MÃE
Em casos de reunião de família, é difícil obter julgamentos precisos para embasar os fatos, porque muitas das informações fornecidas pelos amigos e parentes dos indivíduos estão imbuídas de curiosidade e emoções que não podem ser consideradas na pesquisa. Para verificar a autenticidade de seus relatos, precisamos levar em conta que algumas histórias podem estar sendo um pouco modificadas (ainda que sem intenção) pelas pessoas. Mas há muitos casos em que os pesquisadores puderam investigar e obter registros precisos tanto antes quanto depois de as famílias se reunirem.
Um caso clássico desse tipo ocorreu com uma garota nascida na Velha Delhi, capital da Índia, em 1926. Os pais de Kumari Shanti Devi adoravam ouvir a filha falar de seu "marido" e "filhos" quando ela tinha apenas três anos de idade. No início, tomaram esse comportamento como um sinal de que ela se casaria cedo. Mas um dia, quando sua mãe lhe perguntou quem era seu marido, Shanti Devi respondeu sem hesitar:
"Kedarnath. Ele mora em Muttra. Nossa casa é de estuque amarelo, as portas têm formato de arco e as janelas são de treliça. O jardim é bem grande, cheio de cravos e jasmim, e galhos de buganvília cobrem parte do telhado. Costumávamos nos sentar na varanda e ver nosso filho mais novo brincando no chão de lajota. Nossos filhos ainda estão com o pai".
Os pais ficaram preocupados com a filha e procuraram ajuda médica. O doutor Reddy, médico da família, disse-lhes que ela provavelmente tinha uma mente brilhante e que estava apenas tentando chamar a atenção. Tentou falar-lhe e pedir que ela admitisse que tudo o que dizia era apenas fantasia, mas ela não concordou.
Respondeu que se chamava Ludgi e que havia morrido durante um parto. "Tinha sido uma gravidez difícil", explicou. "Eu não me sentia bem e quando percebi que o bebê ia nascer não sabia se iria suportar. Ficava pior a cada dia. Foi um parto muito difícil. O bebê sobreviveu, mas eu não".
Uma enfermeira tirou Shanti Devi da sala e o médico conversou com seus pais.  Todos concordaram que era impossível para uma criança entender e descrever os aspectos mentais e físicos de uma gravidez difícil. Mas ele não teve como receitar medicamentos que pudessem eliminar aquelas lembranças, que persistiram mesmo depois de consultarem várias especialidades médicas.
Somente em 1934, quando a menina estava com oito anos, é que sua história começou a ser levada a sério.  Seu tio, o professor Kishen Chand, decidiu verificar as informações. Enviou uma carta ao endereço que Shanti Devi mencionava em Muttra perguntando se um homem chamado Kedarnath havia perdido a esposa em 1925.
O conteúdo da carta surpreendeu Kedarnath, pois sua esposa Ludgi havia realmente morrido nessa época e ele ainda sentia muito a falta dela. Apesar de ser um hindu devoto, não conseguia acreditar que sua esposa havia renascido. Pensou que poderia se tratar de algum tipo de golpe para roubar seus bens e pediu a seu primo chamado Lal, que morava em Delhi, para procurar Shanti e sua família. O senhor Lal entrou em contato com eles a pretexto de tratar de negócios, já que a família não teria como saber de sua ligação com o conteúdo da carta que haviam enviado.
Shanti, que estava então com nove anos de idade, estava ajudando a mãe na cozinha quando o senhor Lal chegou. Correu para abrir a porta e deu um grito. Sua mãe foi atrás dela e a encontrou nos braços do surpreso visitante, entre lágrimas, dizendo: "Mãe, este é um primo de meu marido! Morava perto de nós em Muttra e se mudou para Delhi. É tão bom vê-lo novamente! Entre e me fale como estão meu marido e meus filhos". O pai de Shanti chegou em casa nesse momento e o senhor Lal confirmou tudo o que ela havia dito durante os anos anteriores. Chamaram o professor Chand e decidiram que o próximo passo seria convidar Kedarnath e o filho favorito de Ludgi a virem a Delhi para encontrar os Devi.
A reação de Shanti à chegada deles foi impressionante.  Tentava pegar no colo o "filho" que era muito maior do que ela e o cobria de beijos, chamando-o pelos apelidos de infância. Serviu biscoitos e queijo a Kedarnath de maneira tão semelhante à de sua esposa falecida que seus olhos se encheram de lágrimas. Ao vê-lo emocionado, tentou consolá-lo com as mesmas frases carinhosas que o casal costumava usar um com o outro. Mas ele se recusou a deixar seu filho com eles quando pediram e achou tudo aquilo muito estranho.
As notícias desse encontro chegaram aos ouvidos de Desh Bandu Gupta, presidente da Associação All-Índia Newspaper, a associação dos jornais locais e membro do Parlamento indiano, que decidiu tomar providências imediatas para que o caso fosse investigado. Viajou com Shanti, seus pais, um defensor público chamado Tara C. Mathur e um grupo de estudiosos, cientistas e repórteres para Muttra.
Quando o trem parou, Shanti gritou de alegria e começou a acenar para as pessoas que identificou corretamente como a mãe e o irmão de seu marido.  Ao desembarcar, falou com eles não na língua hindu que havia aprendido em casa, e sim no dialeto local.  Mas o grupo estava ansioso para ver o grande teste: se ela saberia o caminho até a residência de Ludgi. Ela foi guiando o grupo, parando apenas uma ou duas vezes para se certificar e finalmente disse: "Esta é a casa, mas está pintada de outra cor. Na minha época era amarela, e agora está branca".
Isso também estava correto. Era onde Ludgi morava com Kedarnath, mas após a morte dela ele tinha se mudado com os filhos. Foi levada então à nova casa e identificou pelos nomes os dois filhos. Só não soube quem era a outra criança, cujo parto lhe custara a vida. O comitê seguiu então para a casa da mãe de Ludgi, que já era idosa e ficou muito confusa e espantada ao ver uma menina que agia e falava como sua filha e mencionava coisas que apenas ela poderia saber. Shanti disse a Desh Gupta que havia um poço no terreno. Quando foram ao local, encontraram-no coberto de plantas e de entulho.  Kekarnath perguntou a Ludgi onde ela havia escondido alguns anéis pouco antes de morrer. Ela disse que estavam enterrados em um vaso no jardim da casa antiga, que o comitê também encontrou.
É claro que o caso chamou a atenção de toda a população. Centenas de pessoas se reuniram na porta da casa de Shanti e de Kedarnath e a história foi divulgada no mundo todo. Mas nada disso ajudou Shanti Devi a apagar suas lembranças.  Era obviamente impossível para ela voltar a viver com seu "marido", que lhe demonstrava mais receio que afeição, ou mesmo cuidar de seus filhos. Assim, seguindo o conselho de algumas pessoas, aprendeu a controlar o amor que sentia por sua família em Muttra e se distanciou dela.
Anos depois de tudo o que aconteceu, em 1958, um repórter encontrou Shanti em Delhi levando uma vida pacata e trabalhando como funcionária do governo. Ela se recusou a comentar o caso.
"Não quero reviver minhas vidas anteriores, seja esta ou qualquer outra em Muttra", explicou. "Foi muito difícil para mim sufocar o desejo de voltar a viver com minha família. Não quero mexer na ferida novamente".
Como veremos mais adiante, esse é um problema que muitas pessoas têm, e uma das razões pelas quais temos de ser gratos por não nos lembrarmos de nossas vidas passadas. (STEMMAN, 2005, p. 43-46, grifo nosso).
2º Caso: O FAZENDEIRO QUE RENASCEU E IDENTIFICOU SEU ASSASSINO
Este caso que aconteceu na Turquia descreve um assassinato e, embora não envolva o encontro entre a vítima e o assassino, também é bastante interessante.
O fazendeiro Abit Süzülmüs, que morava na cidade de Bey, em Adana, foi chamado por um empregado em 31 de janeiro de 1957 porque um de seus animais não estava bem. Quando chegaram ao estábulo, Abit foi atingido na cabeça com um martelo de ferreiro e morreu instantaneamente. Algumas horas depois, sua segunda esposa, Sehide, que estava em estado adiantado de gravidez, saiu à procura do marido e foi morta da mesma maneira. Os assassinos levaram algumas jóias que ela tinha no corpo e a noite foram à casa da família para roubar.  Mataram os dois filhos mais novos do casal, Zihni e Ismet. Os mais velhos conseguiram se esconder e sobreviveram ao massacre.
Oito meses mais tarde, em 30 de setembro, Mehmet Altinkilic e sua esposa Nebihe tiveram mais um filho, Ismail, além dos dezoito que já tinham. Um ano e meio depois, quando começou a andar e falar, o menino mencionava que tinha sido Abit Süzülmüs. Tudo começou quando, ao ser chamado de Ismail, ele respondeu: "Sou Abit". E desde então se recusava a ser chamado por qualquer outro nome, a ponto de seu pai ter de mudar-lhe o nome para Abit na matrícula escolar.  Dizia: "Tenho duas esposas. Uma se chama Hatice e a outra Sehide".  Quando o pai perguntou se o garoto havia tido filhos, ele respondeu: "Sim, papai.  Gülseren, Zeki e Kikmet". Eram os nomes dos filhos que sobreviveram ao assassinato.
Mais tarde, disse o nome dos outros dois filhos que tinham sido mortos. A pequena criança disse então que tinha três devedores, seus nomes e, depois de reclamar da pobreza da família Süzülmüs, disse que ainda esperava receber o dinheiro. Com base nas lembranças de Ismail, dois deles reconheceram suas dívidas para com a família de Abit, e Ismail admitiu que Abit também devia dinheiro a alguém.
Porém, o mais interessante foi a descrição do assassinato. O menino mencionou o nome do homem que o matou, Ramazan, e disse que tinha sido chamado a sua casa para examinar um animal doente e foi atingido na cabeça com um martelo. Sabia também que haviam matado sua segunda esposa, que estava para ter um bebê, e dois de seus filhos.
Como ocorre na maioria dos casos, a "outra" família ouviu falar do menino e veio visitá-lo para verificar se sua história era verdadeira.  Ismail foi levado ao local onde Abit Süzülmüs tinha vivido e identificou em qual casa (tinha uma para cada esposa) o assassinato ocorreu. Quando viu os dois filhos, Zeki e Kikmet, Ismail correu para abraçá-los. Os dois acabaram aceitando o menino como a reencarnação de seu pai. Hatice Süzülmüs, primeira esposa de Abit com quem não pôde ter filhos (daí sua decisão de ter uma segunda esposa), também aceitou Ismail como a reencarnação de seu marido. O pesquisador R. Bayer presenciou o encontro de Hatice com o menino. Ao abraçar Ismail, os olhos de ambos se encheram de lágrimas. Essas emoções foram mais convincentes que as palavras. Os dois aceitaram que Abit Süzülmüs havia renascido.
Mas esta história teve um resultado inesperado. Um ano após Ismail ter nascido Adana Tinsmith Kerim Bayri e sua esposa Cemile tiveram uma filha, que chamaram de Cevriye Quando a menina completou um ano, começou a falar e se lembrava de ter sido Sehide Süzülmüs, esposa mais jovem de Abit e vítima no assassinato As primeiras palavras que disse parecem ter sido "Azu" e depois "Ramazan assassinado".Descreveu todos os acontecimentos e disse que os criminosos haviam levado seu colar e que a criança que estava esperando nasceu após sua morte. A informação foi confirmada quando seu túmulo foi aberto e a criança havia sido parcialmente expelida do útero.
Cevriye pediu à família que a chamasse de Sehide, mas eles não pareceram concordar tão facilmente quanto a família de Ismail. Assim como no caso de Ismail, notícias do suposto nascimento de Sehide como Cevriye Bayri logo chegaram às famílias Süzülmüs e Altinkilic.  A família de Abit Süzülmüs não apenas quis conhecer a criança, mas Zeki e Kikmet disseram acreditar que ela era a reencarnação de sua mãe. Abit e Sehide, nos corpos de Ismail e Cevriye, também se encontraram e conversaram sobre as lembranças que tinham do último dia de sua encarnação anterior. Continuaram se encontrando, trocando presentes e Ismail até mencionou que desejava (aos dez anos de idade) casar- se com ela mais tarde.  Ele ainda falava disso aos dezesseis anos, mas Cevriye, que então tinha quinze, não parecia ter o mesmo interesse. Ficava encabulada ao falar de suas lembranças da vida anterior e achava que não ficava bem para uma jovem solteira dizer que havia tido um marido.
Cinco acusados foram presos pelo crime. Dois deles foram soltos, um cumpriu sentença, e dois, Ramazan e Mustafa, foram enforcados após o julgamento quando Ismail ainda era criança, mas já falava de sua vida como Abit Süzülmüs. Apesar de não ter conhecido Ramazan, Ismail bateu palmas de alegria quando soube que ele havia sido enforcado. (STEMMAN, 2005, p. 186- 188, grifo nosso).
A negação da reencarnação, usando da possibilidade de tudo ser apenas produto de "memória genética", não funciona nestes dois casos aqui mencionados, tomados para exemplo.
No primeiro, a suposta mãe da vida anterior ouve da criança que teria sido sua filha reencarnada coisa que só ela, a mãe, sabia. Para nós o mais interessante do caso é o fato de Shanti Devi ter dito a seu suposto marido da vida anterior onde estavam os anéis que ele havia dado a ela, algo que somente ela, Shanti Devi, tinha conhecimento, portanto, algo que não poderia ter sido transmitido geneticamente.
No segundo, a informação dada por Cevriye de que a criança, da qual sua personalidade anterior estava grávida, havia nascido após a morte dela é algo inusitado, pois só ela, Cevriye, na sua reencarnação como Sehide, sabia, e mais ninguém; portanto, uma pretensa hipótese de memória genética é impotente para explicar isso.
Muitos são os casos semelhantes a estes, que só vêm apoiar a possibilidade da reencarnação ser um fato; não uma crença e, muito menos, produto da memória genética.
Dr. Jim B. Tucker (?- ), analisando esses casos arquivados na Divisão de Estudos da Personalidade, na Universidade de Virgínia, aponta algumas coisas bem interessantes: 
As crianças, quase sempre, pararam de falar sobre vidas passadas quando chegaram ao seis ou sete anos, e depois disso, ao que tudo indica, passaram a levar vidas normais.  (p. 23).
Setenta e cinco por cento das crianças descrevem como morreram na vida pregressa e trata-se, frequentemente, de morte violenta ou súbita. (p. 23).
As vidas que as crianças descrevem, costumam ser muito recentes; com efeito, o tempo médio entre a morte da personalidade anterior e o nascimento do sujeito quase nunca ultrapassa quinze ou dezesseis meses. Exceções existem é claro, […] mas a maioria das crianças descreve mesmo vidas encerradas há pouco tempo.  […] (p. 23-24).
Com raríssimas exceções, praticamente todas as crianças só descrevem uma vida anterior. (p. 24).
Certas fobias parecem associadas a lembranças de vidas passadas. Muitas crianças mostram medo intenso com relação ao tipo de morte da personalidade anterior. (p. 25).
A maioria das crianças faz isso com seis ou sete - e elas não só param de falar como negam que tenham falado. (p. 62).
(TUCKER, 2007, passim, grifo nosso).
É certo que estes pontos, isoladamente ou em conjunto, não darão apoio para sustentar a tese da memória genética. Aliás, acreditamos que se faz uma confusão danada sobre o que realmente seja ela. Alguns tratam-na como a transmissão das características hereditárias dos organismos de uma geração para outra, que não é exatamente a mesma coisa que transmissão de conhecimento e características pessoais e vivências de um indivíduo a outro. Querem, inclusive, incluir neste rol o instinto, que nada mais é que as aquisições do princípio inteligente ao longo de sua escalada evolutiva, partindo dos reinos inferiores da criação.
Os contrários à reencarnação e partidários da discutível memória genética parecem acreditar que o que as crianças lembram tem origem no material genético de seu antepassado.
A consequência disso é que todos nós guardaríamos a memória de tudo que aconteceu na vida de nossos ascendentes: pais, avós, bisavós, trisavós, tetravós, retroagindo até, quem sabe, chegar a Adão, suposto ancestral comum da humanidade. O que não se inventa para negar aquilo em que não se quer acreditar!
Vejamos a conclusão de Tucker sobre essa questão: 
[…] Memória genética é o conceito segundo o qual o conhecimento adquirido pode transmitir-se pelos genes aos descendentes. Não se sabe como a informação pode alterar a estrutura genética das células do indivíduo e há, na esfera médica, quem não acredite nisso.
Embora aceitando que a transmissão seja possível, o problema óbvio da memória genética como explicação para tais casos é que, em muitos deles, a criança não tem parentesco algum com a personalidade anterior. Muitas pessoas pensam que, de certa maneira, todos somos remotamente aparentados; mas aqui é necessário que a criança seja, além disso, descendente direta da personalidade anterior para captar as lembranças gravadas em seus genes. Não é o que se dá na maioria de nossos casos, uma vez que a memória genética não os explica.  […]. (TUCKER, 2007, p. 46, grifo nosso). 
Portanto, temos aí derrubada, em alto estilo, a tese da memória genética para tentar explicar os casos de crianças que se lembraram de alguns fatos de suas vidas anteriores, com a qual querem contrapor a essas pesquisas que evidenciam a reencarnação.
Paulo da Silva Neto Sobrinho
Mar/2013 (revisão set/2013).
Referências bibliográficas: 
ANDRADE, H. G. Você e a reencarnação. Bauru, SP: CEAC, 2002.
STEMMAN, R. Reencarnação - histórias verdadeiras de vidas passadas. São Paulo: Butterfly, 2005. 
STEVENSON, I.  Reencarnação: vinte casos. São Paulo: Vida e Consciência, 2010.
TUCKER, J.  B. Vida antes da vida: uma pesquisa científica das lembranças que as crianças têm vidas passadas. São Paulo: Pensamento, 2007.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ian_Stevenson, acesso em 30.03.2013, às 08:25hs. 
Este artigo foi publicado: - revista Espiritismo & Ciência Especial nº 64. São Paulo: Mythos Editora, setembro de 2013, p.  56-66.
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