a partir de maio 2011

domingo, 18 de agosto de 2013

Como reconhecer o espírita?

 •  Maroísa F. Pellegrini Baio
Teria o espírita alguma característica que o identificasse?

No desempenho de minha atividade profissional, trabalho com jovens na faixa dos 15 aos 18 anos. Certa vez, um aluno do segundo ano do Ensino Médio aproximou-se e, em particular, perguntou-me:
– Professora, a senhora é evangélica?
Com certa admiração, mas sem reprovação, respondi a ele com outra pergunta:
– O que você andou observando para fazer essa pergunta?
Meio encabulado, ele disse:
– É que minha mãe é evangélica e a senhora tem o jeitinho dela...
– Mas que jeito é esse? – insisti.
– É que a senhora não usa joias, não usa maquiagem, está sempre com o cabelo preso, usa sempre as mesmas roupinhas...
Querido amigo leitor, caso tenha sentido vontade de rir, fique à vontade, pois ante essa resposta igualmente não contive o riso. Procurei responder com naturalidade, tomando cuidado com as palavras para que ele não se sentisse ofendido de forma alguma:
– Sou espírita e no Espiritismo também estudamos o Evangelho de Jesus, pois o espírita também é cristão!
– Ah, tá... – respondeu ele. E a conversa acabou por aí...
Não sei se a resposta alcançou a altura que o Espiritismo merece, mas, a partir daquele dia, uma questão surgiu em minha mente: teria o espírita alguma característica que o identificasse? Caso afirmativo, qual seria? Em outras palavras: como reconhecer o espírita? A partir desses questionamentos, abriu-se um campo de reflexões para estudo as quais aqui partilho com aqueles que igualmente se interessem por tal questão.
Há uma falsa concepção, que atravessa os séculos, de que para se mostrar cristão seja necessária uma aparência severa, fechada, carrancuda. Tanto é verdade que os adeptos de certas crenças são caracterizados justamente pela maneira como se vestem ou pelas características físicas, geralmente austeras, com que se apresentam.
Recorremos então a uma mensagem inserida por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo XVII – “Sede perfeitos” (item 10), cujo título é “O homem no mundo”. O autor espiritual, identificando-se apenas como “Um Espírito Protetor”, afirma:
“Não penseis, porém, que ao vos exortar incessantemente à prece e à evocação mental, queiramos levar-vos a viver uma vida mística, que vos mantenha fora das leis de sociedade em que estais condenados a viver. Não. Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens; sacrificai-vos às necessidades, e até mesmo às frivolidades de cada dia, mas fazei-o com um sentimento de pureza que as possa sacrificar.”
De fato, o verdadeiro cristão deveria ser um perene otimista, já que é conhecedor das promessas de Jesus em relação à vida futura. E o espírita, particularmente, mais ainda, pois é conhecedor das leis que regem a vida material e a espiritual, as quais acarretam consequências morais fundamentadas nos ensinamentos de Jesus. Por isso a recomendação do benfeitor espiritual na mensagem supracitada:
“Estai sempre alegres e contentes, mas com a alegria de uma boa consciência e a ventura do herdeiro do céu, que conta os dias que o aproximam de sua herança.”
Nesse mesmo capítulo, Allan Kardec relaciona as características essencialmente morais que identificam o homem de bem (item 3), bem como aquelas que identificam os bons espíritas (item 4), afirmando que o verdadeiro espírita, assim como o verdadeiro cristão, “um e outro são a mesma coisa”. Deixou-nos como roteiro a relação das virtudes a serem conquistadas e o modo como o verdadeiro espírita deve ser reconhecido: “por sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações”.
Essa recomendação de Kardec, tão conhecida no meio espírita, é portadora de profundas advertências. Muitas vezes, fugimos de sua lembrança quando constatamos quão longe e quão demorada está essa transformação moral em nós mesmos e com que dificuldade tentamos dominar nossas más inclinações (são tantas e tamanhas!). Talvez por isso, em muitas ocasiões caímos num excesso de atividades, na tentativa de amenizar – ou até mesmo de esquecer – nossas imperfeições morais. Lembramo-nos, assim, das palavras da Profa. Heloísa Pires, filha do Prof. Herculano Pires (1914-1979), em uma palestra:
“O espírita verdadeiro não será identificado pelo número de palestras que assista ou venha a proferir, pelo número de livros que leia ou venha a escrever, pelo número de reuniões mediúnicas nas quais venha a participar, nem pelos cargos que venha a ocupar em suas atividades doutrinárias. Orientado pelos instrutores espirituais, Kardec foi claro, simples e profundo: as características que identificam o espírita sincero são todas essencialmente morais.”
Bastariam a leitura e a meditação sobre essas lições contidas em O Evangelho segundo o Espiritismo para tomarmos consciência da grande reforma íntima que nos aguarda ao longo dos séculos para alcançarmos a qualificação de bons espíritas.
No livro Obras Póstumas, em sua dissertação sobre os espíritas desertores, Allan Kardec relaciona mais algumas características morais que identificam aqueles que podem ser qualificados como espíritas verdadeiros (compreende-se obviamente que, se não fossem verdadeiros, não seriam espíritas; por isso, é altamente recomendada a leitura na íntegra desse artigo). Afirma então Kardec sobre os espíritas sinceros:
“– Aceitam por si mesmos todas as consequências da doutrina e são reconhecíveis pelos esforços que empregam por melhorar-se;
“– Sem desprezarem, além dos limites do razoável, os interesses materiais, estes são, para eles, o acessório e não o principal;
“– Não consideram a vida terrena senão como travessia mais ou menos penosa;
“– Estão certos de que do emprego útil ou inútil que lhe derem depende o futuro;
“– Têm por mesquinhos os gozos que ela (a vida terrena) proporciona, em face do objetivo esplêndido que entreveem no além;
“– Não se intimidam com os obstáculos com que topem no caminho;
“– Veem nas vicissitudes e decepções provas que não lhes causam desânimo, porque sabem que o repouso será o prêmio do trabalho.”
E conclui que, para os espíritas que se enquadram nessas características, “Não se verificam, entre eles, deserções, nem falências”.
Outro aspecto não menos importante para aqueles que buscam, com sinceridade, orientar-se moral e espiritualmente segundo essas diretrizes, é o concurso constante dos bons Espíritos, como bem lembrou Kardec de citar nesse artigo, como uma forma de encorajamento:
“Os bons Espíritos protegem manifestamente os que lutam com coragem e perseverança, aqueles cujo devotamento é sincero e sem ideias preconcebidas; ajudam-nos a vencer os obstáculos e suavizam as provas que não possam evitar-lhes, ao passo que, não menos manifestamente, abandonam os que se afastam deles e sacrificam a causa da verdade às suas ambições pessoais.”
Recordamos ainda, sobre essa questão, de um ensinamento de Jesus: “Por seus frutos os conhecereis” (Mateus, 7:16). Embora Jesus estivesse se referindo aos falsos profetas que, como as árvores, seriam reconhecidos por seus frutos, isto é, por suas obras, o benfeitor espiritual Emmanuel estende esse ensinamento ao cristão em geral, o que vale dizer igualmente ao espírita, comentando esse versículo em seu livro “Fonte Viva” (cap. 7):
“Ninguém que se consagre realmente à verdade dará testemunho de nós pelo que parecemos, pela superficialidade de nossa vida, pela epiderme de nossas atitudes ou expressões individuais percebidas ou apreciadas de passagem, mas sim pela substância de nossa colaboração no progresso comum, pela importância de nosso concurso no bem geral.”
Finalizando as considerações em torno desse tema, um pensamento fixou-se em minha mente: cabe ao espírita o compromisso íntimo de evangelizar-se, melhorando a si mesmo e melhorando a vida em seu redor!

No desempenho de minha atividade profissional, trabalho com jovens na faixa dos 15 aos 18 anos. Certa vez, um aluno do segundo ano do Ensino Médio aproximou-se e, em particular, perguntou-me:
– Professora, a senhora é evangélica?
Com certa admiração, mas sem reprovação, respondi a ele com outra pergunta:
– O que você andou observando para fazer essa pergunta?
Meio encabulado, ele disse:
– É que minha mãe é evangélica e a senhora tem o jeitinho dela...
– Mas que jeito é esse? – insisti.
– É que a senhora não usa joias, não usa maquiagem, está sempre com o cabelo preso, usa sempre as mesmas roupinhas...
Querido amigo leitor, caso tenha sentido vontade de rir, fique à vontade, pois ante essa resposta igualmente não contive o riso. Procurei responder com naturalidade, tomando cuidado com as palavras para que ele não se sentisse ofendido de forma alguma:
– Sou espírita e no Espiritismo também estudamos o Evangelho de Jesus, pois o espírita também é cristão!
– Ah, tá... – respondeu ele. E a conversa acabou por aí...
Não sei se a resposta alcançou a altura que o Espiritismo merece, mas, a partir daquele dia, uma questão surgiu em minha mente: teria o espírita alguma característica que o identificasse? Caso afirmativo, qual seria? Em outras palavras: como reconhecer o espírita? A partir desses questionamentos, abriu-se um campo de reflexões para estudo as quais aqui partilho com aqueles que igualmente se interessem por tal questão.
Há uma falsa concepção, que atravessa os séculos, de que para se mostrar cristão seja necessária uma aparência severa, fechada, carrancuda. Tanto é verdade que os adeptos de certas crenças são caracterizados justamente pela maneira como se vestem ou pelas características físicas, geralmente austeras, com que se apresentam.
Recorremos então a uma mensagem inserida por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo XVII – “Sede perfeitos” (item 10), cujo título é “O homem no mundo”. O autor espiritual, identificando-se apenas como “Um Espírito Protetor”, afirma:
“Não penseis, porém, que ao vos exortar incessantemente à prece e à evocação mental, queiramos levar-vos a viver uma vida mística, que vos mantenha fora das leis de sociedade em que estais condenados a viver. Não. Vivei com os homens do vosso tempo, como devem viver os homens; sacrificai-vos às necessidades, e até mesmo às frivolidades de cada dia, mas fazei-o com um sentimento de pureza que as possa sacrificar.”
De fato, o verdadeiro cristão deveria ser um perene otimista, já que é conhecedor das promessas de Jesus em relação à vida futura. E o espírita, particularmente, mais ainda, pois é conhecedor das leis que regem a vida material e a espiritual, as quais acarretam consequências morais fundamentadas nos ensinamentos de Jesus. Por isso a recomendação do benfeitor espiritual na mensagem supracitada:
“Estai sempre alegres e contentes, mas com a alegria de uma boa consciência e a ventura do herdeiro do céu, que conta os dias que o aproximam de sua herança.”
Nesse mesmo capítulo, Allan Kardec relaciona as características essencialmente morais que identificam o homem de bem (item 3), bem como aquelas que identificam os bons espíritas (item 4), afirmando que o verdadeiro espírita, assim como o verdadeiro cristão, “um e outro são a mesma coisa”. Deixou-nos como roteiro a relação das virtudes a serem conquistadas e o modo como o verdadeiro espírita deve ser reconhecido: “por sua transformação moral e pelos esforços que faz para dominar suas más inclinações”.
Essa recomendação de Kardec, tão conhecida no meio espírita, é portadora de profundas advertências. Muitas vezes, fugimos de sua lembrança quando constatamos quão longe e quão demorada está essa transformação moral em nós mesmos e com que dificuldade tentamos dominar nossas más inclinações (são tantas e tamanhas!). Talvez por isso, em muitas ocasiões caímos num excesso de atividades, na tentativa de amenizar – ou até mesmo de esquecer – nossas imperfeições morais. Lembramo-nos, assim, das palavras da Profa. Heloísa Pires, filha do Prof. Herculano Pires (1914-1979), em uma palestra:
“O espírita verdadeiro não será identificado pelo número de palestras que assista ou venha a proferir, pelo número de livros que leia ou venha a escrever, pelo número de reuniões mediúnicas nas quais venha a participar, nem pelos cargos que venha a ocupar em suas atividades doutrinárias. Orientado pelos instrutores espirituais, Kardec foi claro, simples e profundo: as características que identificam o espírita sincero são todas essencialmente morais.”
Bastariam a leitura e a meditação sobre essas lições contidas em O Evangelho segundo o Espiritismo para tomarmos consciência da grande reforma íntima que nos aguarda ao longo dos séculos para alcançarmos a qualificação de bons espíritas.
No livro Obras Póstumas, em sua dissertação sobre os espíritas desertores, Allan Kardec relaciona mais algumas características morais que identificam aqueles que podem ser qualificados como espíritas verdadeiros (compreende-se obviamente que, se não fossem verdadeiros, não seriam espíritas; por isso, é altamente recomendada a leitura na íntegra desse artigo). Afirma então Kardec sobre os espíritas sinceros:
“– Aceitam por si mesmos todas as consequências da doutrina e são reconhecíveis pelos esforços que empregam por melhorar-se;
“– Sem desprezarem, além dos limites do razoável, os interesses materiais, estes são, para eles, o acessório e não o principal;
“– Não consideram a vida terrena senão como travessia mais ou menos penosa;
“– Estão certos de que do emprego útil ou inútil que lhe derem depende o futuro;
“– Têm por mesquinhos os gozos que ela (a vida terrena) proporciona, em face do objetivo esplêndido que entreveem no além;
“– Não se intimidam com os obstáculos com que topem no caminho;
“– Veem nas vicissitudes e decepções provas que não lhes causam desânimo, porque sabem que o repouso será o prêmio do trabalho.”
E conclui que, para os espíritas que se enquadram nessas características, “Não se verificam, entre eles, deserções, nem falências”.
Outro aspecto não menos importante para aqueles que buscam, com sinceridade, orientar-se moral e espiritualmente segundo essas diretrizes, é o concurso constante dos bons Espíritos, como bem lembrou Kardec de citar nesse artigo, como uma forma de encorajamento:
“Os bons Espíritos protegem manifestamente os que lutam com coragem e perseverança, aqueles cujo devotamento é sincero e sem ideias preconcebidas; ajudam-nos a vencer os obstáculos e suavizam as provas que não possam evitar-lhes, ao passo que, não menos manifestamente, abandonam os que se afastam deles e sacrificam a causa da verdade às suas ambições pessoais.”
Recordamos ainda, sobre essa questão, de um ensinamento de Jesus: “Por seus frutos os conhecereis” (Mateus, 7:16). Embora Jesus estivesse se referindo aos falsos profetas que, como as árvores, seriam reconhecidos por seus frutos, isto é, por suas obras, o benfeitor espiritual Emmanuel estende esse ensinamento ao cristão em geral, o que vale dizer igualmente ao espírita, comentando esse versículo em seu livro “Fonte Viva” (cap. 7):
“Ninguém que se consagre realmente à verdade dará testemunho de nós pelo que parecemos, pela superficialidade de nossa vida, pela epiderme de nossas atitudes ou expressões individuais percebidas ou apreciadas de passagem, mas sim pela substância de nossa colaboração no progresso comum, pela importância de nosso concurso no bem geral.”
Finalizando as considerações em torno desse tema, um pensamento fixou-se em minha mente: cabe ao espírita o compromisso íntimo de evangelizar-se, melhorando a si mesmo e melhorando a vida em seu redor!

http://www.oclarim.org/site/

Nenhum comentário:

Postar um comentário