a partir de maio 2011

sábado, 13 de outubro de 2012

Breve análise sobre a famosa frase de Léon Denis

 

Você certamente já ouviu a frase: A alma dorme na pedra, sonha no vegetal, agita-se no animal e acorda no homem, atribuída à Léon Denis, certo?- Bom, certamente é assim que você sempre ouviu, mas não é assim, “na verdade”.
Ocorre que a frase original, constante no livro: O Problema do Ser, do Destino e da Dor (pág. 104), é semelhante, mas não igual:
“Na planta, a inteligência fica adormecida; no animal, ela sonha; apenas no homem ela acorda, conhece-se, possui-se e torna-se consciente” (edição Petit).
Bom, talvez você pense: Ok, mas não é a mesma coisa, com outras palavras? Não, não é! Há diferenças! A mais gritante, é que a palavra “pedra” (em outras versões, aparece como mineral), não é citada. A frase parte da planta, isto é, do vegetal, não do mineral. A diferença, portanto é enorme. Mas, por que isto ocorreu?
Particularmente, acredito que essa “distorção” se deve a transmissão oral do ensino. Aquela famosa frase: “mas eu ouvi no centro”. Contudo, não tenho como provar isto. É apenas um palpite.
Outra hipótese que me ocorre é que os leitores (ou ouvintes, conforme creio mais) tenham se inspirado no próprio livro de Léon Denis, mas fazendo junções de fases distintas, em momentos distintos do livro. Tal é que na página 55, da referida edição, se pode ler:
“O homem é, ao mesmo tempo, espírito e matéria, alma e corpo. Mas talvez espírito e matéria sejam apenas palavras que exprimem, de forma imperfeita, as duas formas da vida eterna, que dormita na matéria bruta e acorda na matéria orgânica, adquire atividade, se expande e se eleva no espírito”
A palavra “bruta” pode perfeitamente ser entendida como sinônimo de pedra ou mineral, já que se quer falar de um tipo de matéria que não é orgânica, isto é, viva. Talvez, essa é a hipótese, os leitores (ou ouvintes  de palestras) tenham conectado essas duas frases. Essa me parece uma boa hipótese.
Mas, e Léon Denis, de onde tirou essa frase? Teria ele próprio a cunhado? Penso que não. Acredito que Léon Denis apenas popularizou um conceito que, talvez, fosse comum em seu tempo e que pode ser visto, inclusive, na Revista Espírita de 1868, em dois momentos.
O primeiro, num artigo chamado “A Alma da Terra“, onde se pode ler:
“Mas admitamos por um instante que o  princípio da vida  tenha sua fonte no movimento molecular, não se poderia contestar que seja mais rudimentar ainda no mineral do que na planta; ora, daí a uma alma cujo atributo essencial é a inteligência, a distância é grande; ninguém, cremos, pensou em dotar um calhau ou um pedaço de ferro da faculdade de pensar, de querer e de compreender. Mesmo fazendo todas as concessões possíveis a esse sistema, quer  dizer, em nos colocando no ponto de vista daqueles que confundem o princípio vital com a alma propriamente dita. A alma do mineral não estaria senão no estado de germe latente, uma vez que nele não se revela por nenhuma manifestação”.
O segundo, e onde acredito que Denis tomou referência para escrever a frase, pode ser visto num artigo chamado: “A Religião e a Política na Sociedade Moderna”, que é, em essência, a mesma ideia da frase de Denis, conforme se pode ler:
“Durante toda essa fase de existência  dos seres, que começa na molécula do mineral, prossegue no vegetal, se desenvolve no animal, e se determina no homem, o Espírito recolhe e conserva os conhecimentos pelo seu perispírito; ele adquire, assim, uma certa experiência. Os progressos que se realizam são de uma grande lentidão, e quanto mais eles são lentos, mais as encarnações são multiplicadas”.
Kardec parecia ver nessa ideia, contudo, apenas uma remota hipótese. (cf. referências acima).

2 comentários:

  1. Parabéns pelo excelente trabalho de conscientização e alto astral que publicam.... Compartilharei suas postagens...

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  2. EDSON FRANCISCO FLAUSINO SENE,nós compartilhamos sim em TODAS AS redes sociais possiveis
    ABRAÇOS

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