a partir de maio 2011

domingo, 14 de outubro de 2012

PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE


Estudo com base in O Livro dos Médiuns (Allan Kardec).
Segunda Parte, Capítulo XVII, item 220
Pesquisa: Elio Mollo e Claudia C


A faculdade mediúnica está sujeita a intervalos e a suspensões momentâneas, isso acontece com frequência, qualquer que seja o gênero da faculdade. Geralmente essa interrupção é apenas momentânea e a faculdade volta quando cessa a causa que a interrompeu.

A causa da perda da mediunidade pode acontecer pelo esgotamento do fluido, porém qualquer que seja o motivo, o médium deve estar consciente que não conseguirá usar faculdade mediúnica sem o concurso simpático dos Espíritos. Assim, quando nada obtém, nem sempre é porque a faculdade lhe falta, mas frequentemente são os Espíritos que não querem ou não podem servir-se dele por algum motivo.

O uso que o médium faz da faculdade mediúnica é o que mais influi sobre os Espíritos bons. Sendo assim, eles podem abandonar o médium quando emprega a mediunidade em futilidades ou com finalidades ambiciosas, e quando se recusa a transmitir as palavras dos Espíritos ou a colaborar na produção dos fenômenos para os encarnados que lhe apelam ou que precisam ver para se convencerem. Esse dom de Deus não é concedido ao médium para o seu bel prazer, e menos ainda para servir às suas ambições, mas para servir ao seu progresso e para dar a conhecer a verdade aos homens. Se o Espírito vê que o médium não corresponde mais aos seus propósitos, nem aproveita as instruções e os conselhos que lhe dá, naturalmente, afasta-se e vai procurar um protegido mais digno.

É importante que o médium seja sério no que diz respeito a doutrina espírita ou as comunicações, tratá-las com leviandade e inconsequência pode fazê-lo receber uma punição física, no mínimo com a suspensão da mediunidade ou impossibilitando-o de se comunicar com os bons espíritos. Como sabiamente nos orientam os espíritos: ”É preciso ser sério, não só com os Espíritos benevolentes e esclarecidos que vêm dar sábias instruções, e que vosso pouco recolhimento afastaria, mas ainda com os Espíritos sofredores ou maus que vêm, uns vos pedir consolações, os outros vos mistificar. Direi mesmo que é sobretudo com estes últimos que é preciso seriedade, embora temperada pela benevolência; é o melhor meio de lhes impor, e mantê-los à parte constrangendo-os ao respeito.” (1)

Não faltam Espíritos que desejam comunicar-se e estão sempre prontos a substituir os que se retiram. Porém, quando este é um Espírito bom, pode ter se afastado do médium momentaneamente, privando-o por algum tempo de toda comunicação com a finalidade de lhe oferecer uma lição e de lhe provar que a sua faculdade não depende dele, evitando assim, que a utilize para estimular sua vaidade e seu orgulho.

Ser médium é ser intermediário entre o mundo espiritual e o mundo físico objetivando o progresso universal, assim, o médium escreve sob influência de um Espírito, desse modo, se não há um Espírito ou mesmo se um Espírito não deseja comunicar-se a interrupção será um fato. Porém esta interrupção da faculdade não é sempre uma punição, pode demonstrar às vezes a dedicação do Espírito pelo médium a quem se afeiçoou, e ao qual deseja proporcionar um repouso que julga necessário, e para isto ele não permite que outro Espírito se comunique através do médium.

Existem médiuns cujo merecimento é evidente, moralmente falando, que não sentem nenhuma necessidade de repouso e ficam contrariados com a interrupção da faculdade mediúnica, pois não compreendem o motivo da cessação. Isto lhe serve para experimentar-lhe a paciência e avaliar a sua perseverança. É por isso que os Espíritos geralmente não marcam o fim da suspensão, pois querem ver se o médium desanima. Muitas vezes também é para lhe deixar tempo de meditar sobre as instruções que os Espíritos lhe deram. É por essa meditação irão reconhecer os espíritas verdadeiramente sérios. Os Espíritos não consideraram, assim, aqueles que, na verdade, são simples amadores de comunicações.

Num grupo modelo, como tendo e posto em prática os deveres espíritas, notou-se com surpresa que certos Espíritos de elite habituados se abstinham há algum tempo de ali dar instruções, o que motivou a pergunta seguinte:

Pergunta. De onde vem que os Espíritos elevados que nos assistem, comumente se comuniquem mais raramente a nós?

Resposta. Caros amigos, há duas causas para esse abandono do qual vos lamentais. Mas, primeiro, isso não é um abandono, não é senão um distanciamento momentâneo e necessário. Sois como escolares que, bem repreendidos e bem providos de repetições preliminares, são obrigados afazer seus deveres sem o concurso dos professores; eles procuram em sua memória; espreitam um sinal, espiam uma palavra de socorro: Nada vem, nada deve vir.

Esperais os nossos encorajamentos, os conselhos sobre vossa conduta, sobre vossas determinações: nada vos satisfaz, porque nada deve vos satisfazer. Fostes providos de ensinos sábios, afetuosos, de encorajamentos frequentes, cheios de amenidade e de verdadeira sabedoria; tivestes quantidade de provas de nossa presença, da eficácia de nossa ajuda; a fé vos foi dada, comunicada; vós a agarrastes, raciocinastes, adotastes; em uma palavra, como o escolar, fostes providos pelo dever, é preciso fazê-lo sem faltas, com os vossos próprios recursos, e não mais com o nosso concurso; onde estaria vosso mérito? Não poderíamos senão vos repetir, sem cessar, a mesma coisa; cabe a vós agora aplicar o que vos ensinamos; é preciso voar com as vossas próprias asas e caminhar sem andadeiras.” (2)

A interrupção da faculdade mediúnica nem sempre é uma censura dos Espíritos, pois pode ser uma demonstração de benevolência. Caso o médium achar que é uma censura, que consulte a sua consciência e pergunte a si mesmo que uso tem feito da sua faculdade, que bem disto tem resultado para os outros, que proveito tem tirado dos conselhos que lhe deram os Espíritos, e chegará a resposta.

Durante a suspensão da mediunidade, se o(s) Espírito(s) o aconselhar(em), pode ser necessário que o médium prossiga nas tentativas de escrever; mas se lhe sugerirem que se abstenha, deve, e de bom senso, seguir a sugestão.

Um meio de abreviar a prova é a resignação e a prece. No mais, basta fazer diariamente uma tentativa de alguns minutos, pois seria inútil desperdiçar tempo em ensaios infrutíferos. Mas, a tentativa tem apenas o fim de verificar se já recobrou a faculdade.

A suspensão mediúnica de maneira nenhuma implica no afastamento dos Espíritos que habitualmente se comunicam através do médium. O médium se acha na situação da pessoa que tivesse perdido a vista momentaneamente, mas que não foi abandonado pelos amigos, embora não os veja. O médium pode e deve continuar a conversar pelo pensamento com os Espíritos familiares e persuadir-se de que é ouvido. Se a falta da mediunidade pode privá-lo das comunicações por meio material com certos Espíritos, não o priva das comunicações mentais.

É verdade que um médium impedido de usar a faculdade mediúnica pode recorrer a outro, Mas, dependendo da causa da interrupção, ou seja, se foi uma necessidade de deixar ao médium um tempo para meditação, após os conselhos que lhes foram dados, a fim de não o deixar acostumado a nada fazer sem um bom objetivo, fruto dos Espíritos, nesse caso ele não encontrará o que procura com outro médium, e isso tem ainda uma finalidade, que é o de provar a independência dos Espíritos, e que eles não agem conforme a vontade do médium. É também por essa razão que os que não são médiuns nem sempre obtêm todas as comunicações que desejam.

Deve-se observar, com efeito, que os que recorrem a um terceiro para obter comunicações, muitas vezes nada obtêm de satisfatório, enquanto, noutras ocasiões, as respostas obtidas são bastante explícitas. Isso de tal maneira depende da vontade dos Espíritos, que nada se consegue mudando de médium.  Parece que os próprios Espíritos obedecem, nesse caso, a uma palavra de ordem, pois o que não se consegue de um, de outro não se obterá melhor. Deve-se assim evitar insistir e de se impacientar, para não ser vítima de Espíritos enganadores, que responderão, se se desejar, ardentemente, pois os bons deixarão que o façam, para punirem a insistente teimosia.

A Providência dotou certas pessoas de mediunidade, de uma maneira especial, com a finalidade de uma missão e de elas se sentirem felizes em fazer o bem: serão os intérpretes úteis entre os Espíritos bons e sábios e os homens. Os médiuns que só empregam a sua faculdade com má vontade são médiuns imperfeitos.  Não sabem o valor do dom que lhes foi concedido.

Mesmo a mediunidade sendo uma missão, nem sempre ela se apresenta como privilégio dos homens de bem, sendo, inclusive, dada a pessoas que não merecem nenhuma consideração e que podem abusar dela. Isso acontece porque essas pessoas necessitam da faculdade mediúnica para se aperfeiçoarem, e para que tenham a possibilidade de receber bons ensinamentos. Se não a aproveitarem, sofrerão as consequências. Jesus falava de preferência aos pecadores, dizendo que é preciso dar aos que não têm.

As pessoas que têm grande desejo de escrever como médiuns e não o conseguem, não devem chegar a conclusões negativas contra si mesmas, no tocante à boa vontade dos Espíritos para com elas, porque Deus pode haver-lhes recusado essa faculdade, como pode haver-lhes recusado o dom da poesia ou da música, mas se não obtiveram esses favores, podem ter obtidos outros, tão importantes quanto a mediunidade de psicografia.

O homem pode aperfeiçoar-se de múltiplas maneiras, quando não tem, seja por seu intermédio ou de outros médiuns, a possibilidade de receber esse ensino direto. Existe uma infinidade de fontes. Moralmente, tem o ensino legado por Jesus no Evangelho sem que se tenha a necessidade de ouvir as palavras da própria boca do mestre.

NOTAS:
(1) Allan Kardec, Revista Espírita, março de 1865, Da seriedade nas reuniões.
(2)  __________, Revista Espírita, junho de 1866, Suspensão na assistência dos espíritos.

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