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terça-feira, 23 de outubro de 2012

LIBERDADE


Juiz de Fora - MG

O desejo de ser livre é inato. É tão inerente à criatura, que se pode dizer que faz parte da herança divina concedida desde a sua criação. A busca da liberdade, no ser humano, é tão natural como o é a busca da luz pela planta. É seguramente o anseio pela liberdade um dos impulsos mais fortes dentre os experimentados por todos os que têm a capacidade de sentir.
 
Entretanto, se é verdade que esse desejo sagrado do exercício da própria liberdade é inerente ao ser humano, não menos verdade é que os espíritos ainda dominados pelo egoísmo buscam cercear a liberdade dos outros.
 
Quantas guerras foram feitas exatamente na negação desse nobre sentimento, quando povos poderosos impunham sua dominação sobre outros, num flagrante desrespeito ao legítimo anseio de liberdade? Quantos indivíduos e povos se sublevaram, inconformados com a tirania, com a opressão, a que foram submetidos?
 
Se, nesses dois mil anos que se passaram desde as pregações de Jesus, houvessem sido postos em prática os ensinamentos do seu Evangelho, o homem teria aprendido que a sua liberdade termina exatamente onde começa a do seu próximo, e que não lhe é lícito impor a outrem aquilo que não quer para si.
 
No tempo de Jesus, nem a liberdade de a criatura relacionar-se com o Criador era observada. Havia uma clara agressão à liberdade, não só de culto, mas da própria crença. O Mestre, que a todos respeitou, nunca impondo nada a ninguém, não teve a sua liberdade de pensamento respeitada. Sofreu o peso da opressão daqueles mesmos que clamavam a Deus contra a dominação romana. Como podiam pedir a Deus uma libertação do jugo estrangeiro, se não reconheciam o direito de ser livre em seus próprios concidadãos?
 
Jesus foi acusado e condenado por ensinar que somos todos livres, e que, perante Deus, todos temos o mesmo direito. E é tão fácil entender que, se somos todos filhos de um mesmo Pai justo, temos todos o inalienável direito a igual quinhão de liberdade.
 
Entretanto, nem mesmo a nobre lição de Jesus conseguiu que se banisse da Terra a prática nefasta de se negar à criatura o direito de se relacionar livremente, como bem lhe aprouvesse, com o seu Criador. Quanta perseguição religiosa conheceram os séculos posteriores, em nome do maior libertador de consciências que o mundo conheceu?
 
Ao examinarmos os maus exemplos religiosos, podemos compreender por que pôde a nossa civilização cristã ter abrigado algo tão ignominioso como a escravidão. Como puderam, aqueles que pregavam a mensagem do Cristo, conviver com essa violação do direito de ser livre?
 
Hoje, passado mais de um século do fim desse jugo desumano, devemos parar e meditar, a fim de avaliarmos se a nossa civilização cristã, já no curso do terceiro milênio, aprendeu a respeitar integralmente a liberdade do próximo.
 
Somos livres para fazer tudo o que quisermos, desde que não interfiramos no direito do outro. Quando o uso da nossa liberdade interfere negativamente na vida do nosso próximo, incorremos em falta perante as leis eternas. Por isso, é necessário usarmos a nossa liberdade com sabedoria, a fim de não nos tornarmos vítimas de equívocos.
 
Entretanto, há muita confusão entre liberdade e libertinagem. Quantos, em nome da liberdade de expressão agridem outras pessoas através do mau uso da palavra? E o que dizer daqueles que, noite a dentro, no pretenso uso da sua liberdade, desrespeitam o direito ao sono de outras pessoas? Quantos, usando da liberdade de dirigir seu carro, não imprimem velocidade excessiva, pondo em risco a vida do seu semelhante?
 
Entretanto, é lícito se pergunte se uma sociedade, que cultiva os ideais de liberdade, tem o direito de encarcerar alguém. Pode parecer um paradoxo que as civilizações mais avançadas, onde os conceitos de liberdade são os mais profundos, possam prever a restrição de liberdade de uma criatura, encarcerando-a. Todavia, essa atitude, se olhada sob outro prisma, pode ser vista como a defesa do direito de outras criaturas, prejudicadas pelo mau uso da liberdade por parte daquele que ainda não aprendeu a viver livremente.
 
O exemplo maior a respeito do uso da liberdade foi dado por Jesus, que nunca invadiu a área de decisão de quem quer que fosse. Ele foi, sem sombra de dúvida, o Espírito que mais respeitou a liberdade do próximo, nunca impondo nada a ninguém! Seus ensinamentos sempre foram lançados como sementes do Bem e da Verdade, sem a exigência de que a criatura os assimilasse imediatamente e se modificasse da noite para o dia. Por sentir, em profundidade, essa postura do Mestre é que Paulo disse: “... onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. (II Co, 3: 17).
 
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (Jo, 8: 32). Com tal afirmativa, o Mestre certamente nos quer dizer que a verdadeira liberdade é aquela do Espírito, nascida da compreensão, do entendimento das leis da vida, pois à medida que o Espírito conhece a verdade, aprende a usar a sua liberdade com sabedoria, em consonância com os princípios de respeito à liberdade do próximo.
 
Mas, muitos se dizem livres e, por não conhecerem a Verdade, são escravos de paixões, do álcool, do fumo, de drogas, do sexo, da gula. A criatura que busca a Verdade, através do estudo e da meditação, vai-se libertando de jugo de interesses transitórios e ligando-se àquilo que tem importância para ela diante da Eternidade.
 
Quantos se dizem livres e são escravos da propaganda? É exatamente pela falta de reflexão que o homem se escraviza à moda, ao consumismo, tudo isso em nome da liberdade de escolha.
 
O ser humano, por falta de uma visão mais profunda da vida, está sempre tentando usar a sua liberdade em detrimento do direito do seu próximo. Não é exemplo disso a atitude de criaturas que, diante de uma gravidez indesejada, dizem: “Sou uma criatura livre. Tenho direito de decidir sobre o meu corpo, a minha vida me pertence.”Entretanto, não se lembra que aquele ser cujo corpo está se formando em seu seio, pode dizer que também ele tem direito à vida, à liberdade de viver.
 
Uma pessoa sensata sempre deve pensar: “Será que a minha liberdade não estará esbarrando na liberdade, no direito do meu próximo?” “Será que estou observando, em relação aos outros, o mesmo direito que desejo seja observado em relação a mim?”

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