a partir de maio 2011

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

BIOGRAFIA DO SR. ALLAN KARDEC.


REVISTA ESPÍRITA Jornal de Estudos Psicológicos publicada sob a direção de Allan Kardec
 
ANO 12 - MAIO 1869 - Nº. 5
 
AOS ASSINANTES DA REVISTA.
 
BIOGRAFIA DO SR. ALLAN KARDEC.
* 3  OUTUBRO 1804
+ 31 MARÇO 1869
 
É sob o golpe da dor profunda causada pela partida prematura do venerávelfundador da Doutrina Espírita, que abordamos uma tarefa, simples e fácil para suasmãos sábias e experimentadas, mas cujo peso e a gravidade nos oprimiriam, se nãocontássemos com o concurso eficaz dos bons Espíritos e a indulgência de nossosleitores.
 
Quem, entre nós, poderia, sem ser tachado de presunção, se gabar de possuir oespírito de método e de organização do qual se iluminam todos os trabalhos domestre? Só sua poderosa inteligência podia concentrar tantos materiais diversos, etriturá-los, transformá-los, para derramá-los em seguida, como um orvalho benfazejo,sobre as almas desejosas de conhecer e de amar.
 
Incisivo, conciso, profundo, ele sabia agradares e fazer compreender numalinguagem ao mesmo tempo simples e elevada, tão afastado do estilo familiarquanto das obscuridades da metafísica.
 
Multiplicando-se sem cessar, até aqui, ele tinha podido bastar a tudo. No entanto, o crescimento diário de suas relações e o desenvolvimento incessante do Espiritismo, o fizeram sentir a necessidade de reunir alguns ajudantes inteligentes, e ele prepararsimultaneamente a organização nova da doutrina e de seus trabalhos, quando nosdeixou para ir a um mundo melhor, recolher a sanção da missão cumprida, e reuniros elementos de uma nova obra de devotamento e de sacrifício.
 
Ele era só!... Nós nos chamaremos legião, e, embora fracos e inexperientes quesejamos, temos a íntima convicção de que nos manteremos à altura da situação, se,partindo dos princípios estabelecidos e de uma evidência incontestável, nós nosfixarmos em executar,  tanto  quant nos  será  possível   segundo  as necessidades  do  momento,  os projetos de futuro que o próprio Sr. Allan Kardec sepropunha cumprir.
 
Enquanto estivermos neste caminho e que todas as boas vontades se unirem num comum esforço para o progresso e a regeneração intelectual e moral daHumanidade, o Espírito do grande filósofo estará conosco e nos secundará com suapoderosa influência. Possa ele suprir a nossa insuficiência, e possamos nós nostornar dignos de seu concurso, em nos consagrando à obra com tanto dedevotamento e de sinceridade, senão com tanto de ciência e de inteligência!
 
Ele havia escrito sobre a sua bandeira, estas palavras: Trabalho, solidariedade,tolerância. Sejamos, como ele, infatigáveis; sejamos, segundo seus votos, tolerantese solidários, e não temamos seguir o seu exemplo em remetendo vinte vezes aoestaleiro os princípios ainda em discussão. Apelemos a todos os concursos, a todasas luzes. Tentaremos avançar com certeza antes do que com rapidez, e nossosesforços não serão infrutíferos, se, como disto estamos persuadidos, e como distodaremos os primeiros o exemplo, cada um se fixar em cumprir seu dever, pondo delado toda questão pessoal a fim de contribuir para o bem geral.
 
Não poderíamos entrar sob auspícios mais favoráveis na nova fase que se abre para o Espiritismo, do que em fazendo conhecer, aos nossos leitores, num rápido esboço, o que foi toda a sua vida, o homem íntegro e honrado, o sábio inteligente e fecundo, cuja memória se transmitirá aos séculos futuros, cercada da auréola dos benfeitores da Humanidade.
 
Nascido em Lyon, a 3 de outubro de 1804, de uma antiga família que se distinguiu na magistratura e na advocacia, o Sr. Allan Kardec (Léon-Hippolyte-Denizard Rivail)não seguiu essa carreira. Desde sua primeira juventude, sentiu-se atraído para oestudo das ciências da filosofia.
 
Educado na Escola de Pestalozzi, em Yverdun (Suíça), tornou-se um dos discípulos mais eminentes do célebre professor, e um dos propagadores zelosos de seu sistema educacional, que exerceu uma grande influência na reforma dos estudos naAlemanha e na França.
 
Dotado de uma inteligência notável e atraído para o ensino por seu caráter e suas aptidões especiais, desde a idade de quatorze anos, ele ensinava o que sabia aosseus condiscípulos que tinham adquirido menos do que ele. Foi nessa escola que sedesenvolveram as idéias que deveriam, mais tarde, colocá-lo na classe dos homensde progresso e dos livre-pensadores.
 
Nascido na religião católica, mas educado num país protestante, os atos deintolerância que teve que suportar a esse respeito lhe fizeram, em boa hora,conceber a idéia de uma reforma religiosa, à qual trabalhou no silêncio durantelongos anos, com o pensamento de chegará unificação das crenças; mas lhe faltavao elemento indispensável à solução deste grande problema.
 
O Espiritismo veio mais tarde lho fornecer e imprimir uma direção especial aos seus trabalhos.
 
Terminados seus estudos, veio para a França. Conhecendo afundo a língua alemã, traduzia para a Alemanha diferentes obras de educação e de moral, e, o que écaracterístico, as obras de Fénelon, que o haviam particularmente seduzido.
 
Ele era membro de várias sociedades científicas, entre outras, da Academia real de Arras, que, em seu concurso de 1831, o coroou por um memorial notável sobre estapergunta: "Qual é o sistema de estudos mais em harmonia com as necessidades daépoca?"
 
De 1835 a 1840, fundou, em seu domicílio, à rua de Sèvres, dois cursos gratuitos, onde ensinava a química, a física, a anatomia comparada, a astronomia, etc.;empreendimento digno de elogios em todos os tempos, mas sobretudo numa épocaonde um pequeníssimo número de inteligências se arriscavam a entrar nessecaminho.
 
Constantemente preocupado em tornar atraentes e interessantes os sistemas de educação, ele inventou, ao mesmo tempo, um método engenhoso para ensinaracontar, e uma tabela mnemônica da história da França, tendo por objeto fixar namemória as datas dos acontecimentos notáveis e das grandes descobertas que ilustraram cada reinado.
 
Entre as suas numerosas obras de educação, citaremos as seguintes: Planoproposto para a melhoria da instrução pública (1828); Curso prático e teórico dearitmética, segundo o método de Pestalozzi, para uso dos instrutores e das mães de família (1829); Gramática francesa clássica (1831); Manual dos exames para osdiplomas de capacidade; Soluções lógicas das perguntas e problemas de aritméticae de geometria (1846); Catecismo gramatical da língua francesa (1848); Programados cursos usuais de química, física, astronomia, fisiologia, que ele professava no LYCÉE  POLYMATIQUE; Ditados normais dos exames do Hôtel-de-Ville e daSorbonne, acompanhados de Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas(1849), obra muito estimada na época de seu aparecimento, e da qual, recentementeainda ele fez tirar novas edições.
 
Antes  que   Espiritismo  viesse  popularizar   pseudônimo  Allan  Kardec ele  havia, como se vê, sabido ilustrar, por trabalhos de uma natureza toda diferente, mas tendopor objeto esclarecer as massas e interessá-las mais à sua família e ao seu país.
 
"Por volta de 1850, desde que se discutia a manifestação dos Espíritos, o Sr. Allan Kardec se entregou a observações perseverantes sobre esse fenômeno, e fixou-seprincipalmente em lhes deduzir as conseqüências filosóficas. Ali entreviu primeiro oprincípio de novas leis naturais: as que regem as relações do mundo visível e domundo invisível; reconheceu na ação deste último uma das forças da Natureza, cujoconhecimento deveria lançara luz sobre uma multidão de problemas, reputadosinsolúveis, e compreendeu-lhe a importância do ponto de vista religioso.
 
"Suas principais obras sobre essa matéria são: O Livro dos Espíritos, para a partefilosófica, e cuja primeira edição apareceu em 18 de abril de 1857; O Livro dosMédiuns, para a parte experimental e científica (janeiro de 1861); O Evangelhosegundo o Espiritismo, para a parte moral (abril de 1864); O Céu e o inferno, ou ajustiça de Deus segundo o Espiritismo (agosto de 1865); A Gênese, os milagres eas predições (janeiro de 1868); Revista Espírita, jornal de estudos psicológicos,coletânea mensal começada em 1° de janeiro de 1858. Ele fundou em Paris, em  deabril de 1858, a primeira Sociedade Espírita regularmente constituída sob o nome deSociedade Parisiense dos Estudos Espíritascujo objetivo exclusivo era o estudodesta nova ciência. O Sr. Allan Kardec se defende a justo título de nada ter escritosob a influência de idéias preconcebidas ou sistemáticas; homem de um caráter frioe calmo, observou os fatos, e de suas observações deduziu as leis que os regem; oprimeiro a dar-lhe a teoria e dela formou um corpo metódico e regular.
 
"Em demonstrando que os fatos falsamente qualificados de sobrenaturais estão submetidos a leis, fê-los entrar na ordem dos fenômenos da Natureza, e destruiu,assim, o último refúgio do maravilhoso e um dos elementos da superstição.
 
"Durante os primeiros anos em que se discutiam os fenômenos espíritas, essasmanifestações foram antes um objeto de curiosidade do que um assunto demeditações sérias; O Livro dos Espíritos fez encarar a coisa sob um diferenteaspecto; então, deixam-se as mesas girantes, que não haviam sido senão umprelúdio, e reúne um corpo de doutrina que abarca todas as questões que interessamà Humanidade.
 
“Do aparecimento de O Livro dos Espíritos data a verdadeira fundação doEspiritismo, que, até então, não possuía senão os elementos esparsos semcoordenação, e cuja importância não havia podido ser compreendida porto do omundo; desse momento também, a doutrina fixa a atenção dos homens sérios e tomaum desenvolvimento rápido. Em poucos anos essas idéias encontraram numerososadeptos em todas as classes da sociedade e em todos os países. Esse sucesso,sem precedente, sem dúvida, prende-se às simpatias que essas idéias encontraram,mas é devido também, em grande parte, à clareza, que é um dos caracteresdistintivos dos escritos de Allan Kardec.
 
"Em se abstendo das fórmulas abstratas da metafísica, o autor soube se fazer ler sem fadiga, condição essencial para a vulgarização de uma idéia. Sobre todos ospontos de  controvérsia,  sua  argumentação,  de  uma  lógica  rigorosa,  oferece  pouca contend à refutação e predispõe à convicção. As provas materiais que o Espiritismo da existência da alma e da vida futura tendem à destruição das idéiasmaterialistas e panteístas. Um dos princípios mais fecundos dessa doutrina, e quedecorre do precedente, é o da pluralidade das existências,  entrevisto por umamultidão de filósofos antigos e modernos, e, nestes últimos tempos, por Jean Reynaud,  Charles  Fourier,  Eugène  Su e outros; mas tinha ficado no estado dehipótese e de sistema, ao passo que o Espiritismo lhe demonstra a realidade e provaque é um dos atributos essenciais da Humanidade. Desse princípio decorre asolução de todas as anomalias aparentes

Nenhum comentário:

Postar um comentário