a partir de maio 2011

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

A cura do pastor Cícero

WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, SP (Brasil) 



Cícero era há muitos anos pastor de respeitável igreja evangélica. Espírito de elevada hierarquia e conquistas no campo da moralidade, conduzia com sucesso o seu rebanho. Fraterno, solidário, os fiéis encontravam em seus ombros travesseiros confortáveis para o desabafo. Homem íntegro e correto jamais se furtava aos deveres cristãos de socorrer quem quer que fosse.
Certo dia, porém, após culto, Cícero sentiu forte pontada nas costas. No começo pensou ser apenas algo passageiro, mas como elas insistiam, ele resolveu procurar o médico. Após uma série de exames, o doutor deu-lhe a notícia fatídica:
– Senhor Cícero, um grande tumor está alojado em seu pulmão e pelo aspecto não é coisa boa. Devemos operá-lo quanto antes.
A comunidade inteira espantou-se. Por que aquilo fora acontecer justamente com o pastor Cícero, homem bom e honrado?
Com sua fé inabalável em Deus, o pastor apenas respondia aos fiéis:
– Oremos, meus caros, oremos e nos resignemos à vontade do Pai. Se a enfermidade me visitou, há algum propósito nisso tudo, pois o Senhor tem algum plano para minha vida.
E confiante, o pastor Cícero submeteu-se à cirurgia para a retirada do tumor.
No entanto, algo inexplicável aconteceu. O médico, ao abrir-lhe o peito constatou que no local do tumor havia uma grande cicatriz, nada, além disto.
Assustado, o doutor disse:
– Não entendo, pastor, nada encontramos. O senhor está liberado de qualquer tratamento. Faremos alguns exames preliminares, mas está aparentemente curado... Se não fosse comigo, juro que não acreditaria. Coloquemos, pois, na conta do inexplicável - disse o cientista cético.
O pastor apenas respondeu:
– Para Deus, doutor, nada é impossível e tudo é explicável. Afinal, Ele tudo pode, tudo sabe e tudo vê.
O médico apenas sorriu, como se acreditasse nas palavras do pastor.
Troquei apenas os nomes para preservar a identidade do pastor. Mas o relato acima é fato.
Milagre? Seria um milagre?
Allan Kardec vem em nosso socorro e explica que os milagres são apenas as leis naturais da vida agindo, portanto, não existem. Todas as maravilhas da natureza que ainda não foram devastadas pela ciência recebem o nome de milagre. Mas, na verdade, os milagres inexistem. Compreende-se, pois, que diversos casos dados como irrecuperáveis pela ciência do Homem não o são para a perfeita ciência divina.
Dentro das leis naturais existe a mediunidade de cura que é a capacidade que algumas pessoas têm de curar pelo simples toque, gesto ou olhar, sem a necessidade de medicação. Nesses casos, o fluido magnético desempenha relevante papel. É o que nos explica Allan Kardec em A Gênese, cap. 14 – Médiuns curadores.
Na literatura da codificação há vasto campo para ser explorado pelo estudioso espírita. No Evangelho, por exemplo, dentre tantos episódios citamos o da mulher que há 12 anos sofria de hemorragia e, vendo todas as possibilidades esgotadas, busca socorro no Nazareno, tocando-lhe as vestes. O simples toque soluciona seu problema. O mestre, então, diz à mulher: Tua fé te salvou.
Jesus, portanto, situa a fé como fator primordial para a cura do indivíduo. Explica Kardec em A Gênese, capítulo XV,  que duas criaturas portadoras da mesma enfermidade, apresentadas ao médium curador, podem obter resultados diferentes, pois a falta de fé atua como uma espécie de bloqueador, uma energia que rechaça os fluidos emanados do médium de cura.
Recordo-me que, antes de ser espírita, muitas vezes levei alguns de meus familiares para participar de trabalhos de cura. Jamais receberam qualquer benefício, pois adentravam o local cheios de dúvidas e incertezas quanto às graças que ali foram buscar. Tivessem, quem sabe, um pouco mais de fé e poderiam ser agraciados com as bênçãos dos Céus.
Faltou-lhes algo que sobrou ao pastor Cícero: fé e confiança nos planos maiores que dirigem a vida.
A questão da fé é igual a um time de futebol ou qualquer outro esporte. Se entrarmos em campo derrotados, considerando que o adversário vencerá a partida, tenhamos a certeza de que o jogo está perdido antes mesmo de começar.
Muita gente perde o jogo da vida por falta de fé. Não podemos perdê-la, jamais. Kardec ensina que a fé não se trata de algo sobrenatural, mas de uma das mais significativas forças que nos beneficiam na jornada terrena. O Espiritismo, pois, ensina a fé inteligente, com razão e lógica.
Tenhamos, pois, fé e confiança nos desígnios de Deus. É isto que nos ensina a Doutrina Espírita e sob as suas diretrizes é que devemos caminhar. Aliás, o pastor Cícero nem era espírita, mas tinha fé. Como constatamos, a fé está disponível a todos, independentemente de religião. A vantagem do Espiritismo é que elucida com clareza as razões pelas quais devemos ter esta fé inabalável.
Pensemos nisso.

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