a partir de maio 2011

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Astrologia: pode-se acreditar em seus presságios?


PAULO NETO
paulosnetos@gmail.com

Belo Horizonte, MG (Brasil)
 
Consultado a respeito do que a Doutrina Espírita diz sobre a Astrologia, fomos à pesquisa e levantamos alguns pontos sobre este assunto.
Devemos, antes de mais nada, saber o que significa este termo. Recorremos à Enciclopédia Encarta que traz o seguinte: 
Astrologia, disciplina que observa, analisa e estuda as posições e movimentos dos astros, relacionando-os com fenômenos ocorridos na Terra. Os astrólogos afirmam que a posição dos astros na hora exata do nascimento das pessoas — além dos movimentos astrais posteriores — influi no caráter e destino dos seres humanos. Cientistas negam os princípios da astrologia, mas milhões de pessoas creem e praticam-na.
Os astrólogos fazem mapas astrais, também chamados de horóscopos, localizando a posição dos astros em um momento determinado. No mapa astral encontra-se a eclíptica — trajetória aparente do sol, através do céu, durante o ano — com as doze casas dos signos do zodíaco: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. A cada planeta (incluindo o Sol e a Lua) emprestam-se características, dependendo do lugar da elíptica e do momento em que o horóscopo é feito. O horóscopo também se divide em doze casas, relativas às 24 horas gastas pela Terra para dar uma volta completa em torno de seu eixo. Cada uma destas casas relaciona-se com situações da vida. Os astrólogos fazem suas previsões interpretando a posição dos astros dentro dos signos e das casas do horóscopo.
Sabendo o que é a Astrologia podemos ver, agora, o que sobre ela encontramos na Codificação Espírita. Vamos, inicialmente, ver o que temos emO Livro dos Espíritos (KARDEC, 1987, p. 326-332), primeira obra publicada por Kardec: 
867 – De onde vem a expressão: Nascer sob uma feliz estrela?
- Velha superstição que ligava as estrelas ao destino de cada homem; alegoria que certas pessoas têm a tolice de tomar ao pé da letra.
Assim, a resposta dos Espíritos Superiores a Kardec coloca a influência dos astros simplesmente como mera superstição. 
O conhecimento do futuro não é dado ao homem penetrar 
859b – Há fatos que, forçosamente, devam acontecer e que a vontade dos Espíritos não possa evitar?
- Sim, mas tu, quando no estado de Espírito, viste e pressentiste, ao fazer a tua escolha. Entretanto não creiais que tudo o que ocorre esteja escrito, como se diz. Um acontecimento é, frequentemente, a consequência de uma coisa que fizeste por um ato de tua livre vontade, de tal sorte que se não tivesses feito essa coisa, o acontecimento não ocorreria. Se queimas o dedo, isso não é nada; é o resultado de tua imprudência e a consequência da matéria. Não há senão as grandes dores, os acontecimentos importantes que podem influir sobre o moral, que são previstos por Deus, porque são úteis à tua depuração e à tua instrução. 
Compreendemos, então, que certos acontecimentos ocorrem em nossa vida como consequência de atos que nós mesmos praticamos. Se existe alguma influência, é por conta de nossas ações e não dos astros. Além de que, as ações são totalmente individuais, ao passo que a que querem dizer que os astros possuem é coletiva, pois atinge milhares de pessoas ao mesmo tempo. Por outro lado, onde ficaria nosso livre-arbítrio se tudo para nós estivesse predeterminado pelos astros? 
860 – O homem, por sua vontade e por seus atos, pode fazer com que os acontecimentos que deveriam ocorrer não ocorram, e vice-versa?
- Ele o pode, desde que esse desvio aparente possa se harmonizar com a vida que escolheu. Ademais, para fazer o bem, como o deve ser, e como isso é o único objetivo da vida, pode impedir o mal, sobretudo aquele que poderia contribuir para um mal maior.
Fica claro que se podemos mudar algum acontecimento é porque ele não é fatal ou um destino rigoroso, que devemos cumprir ou suportar. Em virtude disso, não tem ele como estar definido por posição ou influência dos astros. 
68 – O futuro pode ser revelado ao homem?
- Em princípio, o futuro lhe é oculto e não é senão em casos raros e excepcionais que Deus permite a revelação.
Se o nosso futuro estivesse determinado pela posição dos astros, já não seria caso raro e excepcional, ficando, portanto, em contradição com a resposta dos Espíritos. 
A fatalidade é, de fato, resultado da escolha que fez o Espírito 
869 – Com que objetivo o futuro está oculto ao homem?
- Se o homem conhecesse o futuro, negligenciaria o presente e não agiria com a mesma liberdade, porque seria dominado pelo pensamento de que, se uma coisa deve acontecer, não teria que se ocupar dela, ou então, procuraria dificultá-la. Deus não quis que fosse assim, a fim de que cada um concorresse para a realização das coisas, mesmo às quais gostaria de se opor. Assim, tu mesmo, frequentemente, preparas, sem desconfiar disso, os acontecimentos que sobreviverão no curso da tua vida. 
É esta a explicação dos Espíritos por que o futuro não nos é revelado. A morte é um fato que acontecerá a todos nós, quer dizer, que todos nós conhecemos esse fato futuro; entretanto, ninguém se prepara para ele; assim confirma o que disseram os Espíritos a Kardec. 
851 – Há uma fatalidade nos acontecimentos da vida, segundo o sentido ligado a essa palavra, quer dizer, todos os acontecimentos são predeterminados? Nesse caso, em que se torna o livre-arbítrio?
- A fatalidade não existe senão pela escolha que fez o Espírito, em se encarnando, de suportar tal ou tal prova. Escolhendo, ele se faz uma espécie de destino que é a consequência mesma da posição em que se encontra. Falo das provas físicas, porque para o que é prova moral e tentações, o Espírito, conservando seu livre-arbítrio sobre o bem e sobre o mal, é sempre senhor de ceder ou resistir. Um bom Espírito, vendo-o fraquejar, pode vir em sua ajuda, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar sua vontade. Um Espírito mau, quer dizer, inferior, mostrando-lhe, exagerando-lhe um perigo físico, pode abalá-lo e assustá-lo; mas a vontade do Espírito encarnado não fica menos livre de todos os entraves.
Se um Espírito bom não pode influir de maneira a dominar a vontade de alguém, como um astro poderia? E se a fatalidade existe apenas pelo que nós escolhemos, onde entra a influência dos astros? 
852 – Há pessoas que uma fatalidade parece perseguir independentemente de sua maneira de agir; a infelicidade não está no seu destino?
- Pode ser que sejam provas que elas devem suportar e que escolheram. Mas, ainda uma vez, levais à conta do destino o que não é, o mais frequentemente, senão a consequência de vossa própria falta. Nos males que te afligem, esforça-te para que a tua consciência seja pura, e serás consolado em parte.
As chamadas constelações são agregados aparentes, não reais
Novamente confirmando que o que queremos denominar de destino é apenas um reflexo de nossas ações e não por qualquer outro tipo de influência.
Em A Gênese, última obra publicada por Kardec, iremos encontrar algumas considerações que servem ao nosso estudo: 
Os grupos que tomaram o nome de constelações mais não são do que agregados aparentes, causados pela distância; suas figuras não passam de efeitos de perspectiva, como as que as luzes espalhadas por uma vasta planície, ou as árvores de uma floresta formam, aos olhos de quem as observa colocado num ponto fixo. Na realidade, porém, tais agrupamentos não existem. Se nos pudéssemos transportar para a reunião de uma dessas constelações, à medida que nos aproximássemos dela, a sua forma se desmancharia e novos grupos se nos desenhariam à vista.
Ora, não existindo esses agrupamentos senão na aparência, é ilusória a significação que uma supersticiosa crença vulgar lhe atribui e somente na imaginação pode existir.
Para se distinguirem as constelações, deram-se-lhes nomes como estes: Leão, Touro, Gêmeos, Virgem, Balança, Capricórnio, Câncer, Órion, Hércules, Grande Ursa ou Carro de David, Pequena Ursa, Lira etc., e, para representá-las, atribuíram-se-lhes as formas que esses nomes lembram, fantasiosas em sua maioria e, em nenhum caso, guardando qualquer relação com os grupos de estrelas assim chamados. Fora, pois, inútil procurar no céu tais formas.
A crença na influência das constelações, sobretudo das que constituem os doze signos do zodíaco, proveio da ideia ligada aos nomes que elas trazem. Se à que se chama leão fosse dado o nome de asno ou de ovelha, certamente lhe teriam atribuído outra influência. (KARDEC, 1995, p. 100-101) (grifo nosso). 
Sendo assim os agrupamentos de estrelas apenas efeitos de perspectiva, não são reais; portanto, influenciar ou determinar o caráter de uma pessoa torna-se algo completamente insensato. Além disso, há a questão do movimento dos astros, cuja instabilidade produz diferentes localizações desses agrupamentos, tomados como símbolos do Zodíaco.  
Efeitos do fenômeno chamado de precessão dos equinócios
Vejamos, por exemplo, a questão da precessão dos equinócios, numa análise de Kardec: 
6. - Além do seu movimento ânuo em torno do Sol, origem das estações, do seu movimento de rotação sobre si mesma em 24 horas, origem do dia e da noite, tem a Terra um terceiro movimento que se completa em cerca de 25.000 anos, ou, mais exatamente, em 25.868 anos, e que produz o fenômeno denominado, em astronomia, precessão dos equinócios (cap. V, nº 11). Este movimento, que não se pode explicar em poucas palavras, sem o auxílio de figuras e sem uma demonstração geométrica, consiste numa espécie de oscilação circular, que se há comparado à de um pião a morrer, e por virtude da qual o eixo da Terra, mudando de inclinação, descreve um duplo cone, cujo vértice está no centro do planeta, abrangendo as bases desses cones a superfície circunscrita pelos círculos polares, isto é, uma amplitude de 23 e ½ graus de raio. 
7. - O equinócio é o instante em que o Sol, passando de um hemisfério a outro, se encontra perpendicular ao equador, o que acontece duas vezes por ano, a 21 de março, quando o Sol passa para o hemisfério boreal, e a 22 de setembro, quando volta ao hemisfério austral.
Mas, em consequência da gradual mudança na obliquidade do eixo, o que acarreta outra mudança na obliquidade do equador sobre a eclíptica, o momento do equinócio avança cada ano de alguns minutos (25 minutos e 7 segundos). A esse avanço é que se deu o nome de precessão dos equinócios (do latim “proecedere”, caminhar para diante, composto de “proe”, adiante e “cedere”, ir-se).
Com o tempo, esses poucos minutos fazem horas, dias, meses e anos, resultando daí que o equinócio da primavera, que agora se verifica no mês de março, em dado tempo se verificará em fevereiro, depois em janeiro, depois em dezembro. Então o mês de dezembro terá a temperatura de março e março a de junho e assim por diante, até que, voltando ao mês de março, as coisas se encontrarão de novo no estado atual, o que se dará ao cabo de 25.868 anos, para recomeçar indefinidamente a mesma revolução. (1) 
8. - Desse movimento cônico do eixo, resulta que os polos da Terra não olham constantemente os mesmos pontos do céu; que a Estrela Polar não será Sempre estrela polar; que os polos gradualmente se inclinam mais ou menos para o Sol e recebem dele raios mais ou menos diretos, donde se segue que a Islândia e a Lapônia, por exemplo, localizadas sob o círculo polar, poderão, em dado tempo, receber raios solares como se estivessem na latitude da Espanha e da Itália e que, na posição do extremo oposto, a Espanha e a Itália poderão ter a temperatura da Islândia e da Lapônia, e assim por diante, a cada renovação do período de 25.000 anos. (2) 
A influência dos astros no complexo celular do homem físico 
Se somente “ao cabo de 25.868 anos” voltam ao ponto inicial “para recomeçar indefinidamente a mesma revolução”, então, dentro desse período, os agrupamentos se movimentam constantemente. Ora, não sendo pontos fixos, não há que se falar que quem nasceu na hora tal de determinado dia está sob influência de determinado astro, pois essa movimentação não permite nenhuma precisão para que possamos avaliar e estabelecer sua influência sobre o indivíduo.
Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, diz-nos no livro O Consolador (p. 89): 
140 – Os astros influenciam igualmente na vida do homem?
- As antigas assertivas astrológicas têm a sua razão de ser. O campo magnético e as conjunções dos planetas influenciam no complexo celular do homem físico, em sua formação orgânica e em seu nascimento na Terra: porém, a existência planetária é sinônimo de luta. Se as influências astrais não favorecem a determinadas criaturas, urge que estas lutem contra os elementos perturbadores, porque, acima de todas as verdades astrológicas, temos o Evangelho, e o Evangelho nos ensina que cada qual receberá por suas obras, achando-se cada homem sob as influências que merece.
Da resposta de Emmanuel concluímos: a influência dos astros existe somente no complexo celular do homem físico, ou seja, não existe influência no caráter ou no destino do homem, mas somente no físico. Quanto a essa influência ninguém poderá negar. Se fizermos uma pesquisa, fatalmente, iremos comprovar que nas noites de Lua cheia ocorre um maior número de partos nos animais; aí também incluímos o homem (animal racional). A influência da lua nas marés é outro exemplo.
Não poderemos afirmar com absoluta certeza, mas, em algumas situações, o nosso comportamento poderá sofrer certas alterações, tais como o estado de mau humor ou de tristeza causados pelas condições ambientais, como os dias nebulosos ou chuvosos. Mas, ao que tudo indica, essas alterações não chegam a ponto de moldar o nosso caráter ou o nosso destino. Se isso ocorresse, teríamos forçosamente que aceitar que todas as pessoas que nascem num mesmo dia e horário serão exatamente iguais em seu caráter e destino. 
141 – Há influências espirituais entre o ser humano e o seu nome, tanto na Terra, como no Espaço?
- Na Terra ou no plano invisível, temos a simbologia sagrada das palavras; todavia, o estudo dessas influências requer um grande volume de considerações especializadas e, como o nosso trabalho humilde é uma apologia ao esforço de cada um, ainda aqui temos de reconhecer que cada homem recebe as influências a que fez jus, competindo a cada coração renovar seus próprios valores, em marcha para realizações cada vez mais altas, pois que o determinismo de Deus é o do bem, e todos os que se entregam realmente ao bem triunfarão de todos os óbices do mundo. 
A NASA e sua experiência sobre o comportamento humano 
Aqui, o pensamento de Emmanuel, se bem entendemos, é que determinados nomes podem ter para nós um significado especial e isso acaba por exercer algum tipo de influência sobre aqueles que receberam este nome. Anos atrás, o mundo ficou chocado com a morte trágica da princesa Diana. Este nome tornou-se venerado por muitas pessoas, primeiro porque a princesa era uma pessoa que se empenhava em ajudar os necessitados, e segundo pela própria tragédia de sua morte.
Vejamos um outro exemplo: o nome Hitler. O que você acha? Só de falar nele já nos traz um enorme sentimento de repulsa, não é mesmo? Diferentemente do nome Diana, traz-nos lembranças ruins; por isso, raramente vemos alguém com esse nome.
Recentemente escutávamos um programa da Rádio Boa Nova, no qual foi dito que a NASA estava fazendo uma pesquisa sobre o comportamento humano. A equipe de pesquisadores colocou numa sala muitas garrafas cheias de água colorida da cor de uísque. Buscaram vários voluntários e lhes disseram que naquela sala havia muitas garrafas de uísque e que cada um poderia tomar quanto quisesse ou aguentasse; dito isso, saíram, para deixar os voluntários mais à vontade. Passado algum tempo, voltaram e observaram que, por mais estranho que pareça, alguns deles estavam completamente bêbados, apurando-se até mesmo, nos testes de laboratório, a presença de álcool no sangue deles. Assim, como o acontecido nessa experiência, pode ocorrer em mil e uma situações que a “força do pensamento” provoque a ocorrência de determinado fato ou situação, sugestionada pela própria ou por outra pessoa. Não poderia ser esse o caso das informações passadas a uma pessoa por um astrólogo? Pelo resultado da experiência realizada pela NASA, acreditamos que sim.
Poderemos concluir, disso tudo, que os astros, pelas energias que emitem, inegavelmente exercem influência uns sobre outros, via de consequência, aqui na Terra, determinados fenômenos naturais e determinadas matérias absorvem também tais radiações de energia. Mas a nossa maneira de ser, o nosso caráter e o nosso destino são frutos de nossas aquisições ou ações pretéritas, ou seja, recebemos influências de nós mesmos ou, no máximo, de um ser humano como nós; não dos astros. Mas isso não nos dá o direito de perseguir ou condenar os que nela acreditam, pois é nosso dever cristão respeitar-nos uns aos outros, e se hoje alguns já encontraram a luz, todos nós, algum dia, a encontraremos. 

Notas:
 
(1) A precessão dos equinócios ocasiona outra mudança: a que se opera na posição dos signos do zodíaco. Girando a Terra ao redor do Sol em um ano, à medida que ela avança, o Sol, cada mês, se encontra diante de uma constelação. Estas são em número de doze, a saber: o Carneiro, o Touro, os Gêmeos, o Câncer, o Leão, a Virgem, a Balança, o Escorpião, o Sagitário, o Capricórnio, o Aquário, os Peixes. São chamadas constelações zodiacais, ou signos do zodíaco, e formam um círculo no plano do equador terrestre. Conforme o mês do nascimento de um indivíduo dizia-se que ele nascera sob tal ou tal signo; daí os prognósticos da Astrologia. Mas, em virtude da precessão dos equinócios, acontece que os meses já não correspondem às mesmas constelações. Um que nasça no mês de julho já não está no signo do Leão, porém, no do Câncer. Cai assim a ideia supersticiosa da influência dos signos. (Cap. V, nº 12.) 
(2) O deslocamento gradual das linhas isotérmicas, fenômeno que a Ciência reconhece de modo tão positivo como o do deslocamento do mar, é um fato material que apoia esta teoria. (KARDEC, 1995, p. 181-183.)
(3) Os grifos são nossos, à exceção dos nomes dos signos.

Referências bibliográficas: 
KARDEC, A. A Gênese. Rio de Janeiro: FEB, 1995.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. Araras, SP: IDE, 1987.
XAVIER, F. C. O Consolador. Rio de Janeiro: FEB, 1986.
CD-ROM - Enciclopédia Microsoft Encarta. 1993-1999.

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