a partir de maio 2011

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Você sabe analisar as comunicações dos espíritos?




Você sabe analisar as comunicações dos espíritos?
*Por Tiago Lima e Castro

Há 150 anos era lançado, em Paris, O Livro dos Médiuns. Por falta de conhecimento dessa obra, fenômenos que já foram esclarecidos ainda são tidos como sobrenaturais

Em janeiro de 1861, entre os dias 5 e 10, chegava uma nova obra de Allan Kardec à livraria do Sr. Didier – O Livro dos Médiuns. Esta obra cumpria o objetivo de trazer um complemento ao O Livro dos Espíritos, abordando o aspecto experimental do espiritismo.
Seu grande mérito foi proporcionar a possibilidade de se compreender os fenômenos mediúnicos, o desenvolvimento da mediunidade e, obter uma orientação segura dos riscos da sua prática. Com sua experiência de pedagogo, Kardec também tratou de exemplificar e ensinar como verificar se a mensagem tem conteúdo lógico e coerente ou se são mistificações, permitindo-nos aprender a separar o joio do trigo.
O aspecto pedagógico da obra também é visível ao mostrar o regulamento da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, não com o objetivo de que outras sociedades funcionassem da mesma forma, mas para terem um ponto de partida ao se organizarem.
Podemos considerar que, pela primeira vez na história, a mediunidade foi esclarecida a todos independentemente de iniciações, rituais, cargos sacerdotais, pois, como Kardec nos diz na Revista Espírita de janeiro de 1861 ao anunciar o lançamento desta obra, “com o pleno conhecimento da mediunidade, de seus riscos e escolhos e de seus objetivos, têm-se a segurança necessária a qualquer um, poder praticá-la com segurança”.
Se resgatarmos a primeira edição do Livro dos Espíritos, de 1857, veremos que o décimo capítulo do primeiro livro intitulava-se “Manifestação dos Espíritos”, ou seja, perguntas sobre a mediunidade. Mas como o assunto gerou muitas dúvidas, Kardec, em 1858, ampliou-o em outra obra, chamada Instrução Prática Sobre as Manifestações Espíritas.
Com estas obras, muitos grupos foram se formando e enviando informações a Kardec, o que podemos acompanhar na Revista Espírita, levando-o a ampliar o próprio O Livro dos Espíritos, no ano 1860, com o dobro de perguntas, mas sem o capítulo referente à mediunidade.
Isto se explica, porque um conjunto muito grande de informações foi se acumulando, surgindo a necessidade de se organizar esse material de forma a que todos os que o estudassem com seriedade, pudessem pesquisar os fenômenos mediúnicos sem passar pelos incovenientes que Kardec vivenciou, permitindo-se uma base teórica sólida para adentrar o espiritismo experimental. Foi assim que, em janeiro de 1861, veio ao mundo o Livro dos Médiuns.
Na Revista Espírita, constatamos que as informações foram se ampliando ainda mais posteriormente, ao ponto de na obra A Gênese, de 1868, Kardec escrever o capítulo 14 que amplia as informações sobre o processo mediúnico, revisando inclusive alguns conceitos.
Neste caso, é importante refletirmos sobre a necessidade de sempre estudarmos O Livro dos Médiuns, que tem como objetivo complementar O Livro dos Espíritos, por ter sido inclusive, parte integrante de sua primeira edição, fato comentado por Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1861. Todo espírita, médium ostensivo ou não, deveria estudar essa obra sempre, minuciosamente, observando o seu interessante conteúdo, com textos dos espíritos e as respectivas análises.
Vale ressaltar ainda, a necessidade da leitura, especialmente a do capítulo 13 – “Dissertações Espíritas” que, por sua clareza e importância, deveria ser tema recorrente de estudo e reflexão nos cursos mediúnicos e nas palestras espíritas. Afinal, muitas dificuldades seriam evitadas se soubéssemos realmente analisar as comunicações – sérias ou enganosas.
Referências: A Gênese, O Primeiro Livro dos Espíritos e O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec. Instrução Prática Sobre as Manifestações Espíritas (tradução de Cairbar Schutel e Revistas Espíritas de 1860/1861 (Tradução Salvador Gentili)

* Professor de música e expositor no IEEF (Instituto Espírita de Estudos Filosóficos)

*Artigo publicado no jornal Correio Fraterno de janeiro/fevereiro de 2011

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